Texto por Taty Ades
“A esperança é a última que morre.”
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Nada pode ser mais verdadeiro quando se trata de transtornos graves, como o Transtorno de personalidade Borderline.
Recentemente, o debate sobre a eutanásia para pacientes com esse tipo de transtorno ganhou destaque, com casos como o de Aurelia Brouwers, na Holanda de 2018 e o agora recente, de Zoraya ter Beek esse ano. São notícias que chocam e a mim provocam profunda indignação.
Como psicanalista com mais de década de experiência no tratamento de pacientes com transtorno borderline, o TPB, com histórico de pacientes curados, livro publicado com seus respectivos testemunhos de superação (Borderline: A cura é possível), a recente aprovação da eutanásia para pacientes com transtorno borderline em alguns países é uma afronta a todos que acreditam na possibilidade de cura e melhoria.
Em um país onde a eutanásia é permitida sob condições rigorosas, como a Holanda, a decisão de permitir a morte assistida para uma jovem com um transtorno mental grave é, no mínimo, inadimissível para não dizer desumana.
A história de pessoas nutridas pela ilusão de uma doença totalmente insuperável, que optam por tal “solução” (essa sim verdadeiramente louca), é profundamente triste e reveladora das falhas e falsos paradigmas do sistema de saúde mental e seus agentes. Embora o sofrimento dela fosse real e devastador, a decisão de permitir que ela se fosse em vez de continuar buscando tratamentos é alarmante.
Absurdo maior, autorizado e realizado por médicos, ignorando o potencial de recuperação que muitos pacientes têm e a missão maior da medicina: salvar vidas. Imagine uma árvore frondosa, com raízes profundas que a sustentam mesmo nas tempestades mais violentas. Um paciente com Transtorno de Personalidade Borderline é como essa árvore, cujas raízes estão danificadas, mas ainda podem ser nutridas e fortalecidas.
A história de uma jovem que estava à beira do desespero, mas encontrou forças e esperança através do tratamento, é um testemunho poderoso. Quando ela chegou ao meu consultório, acreditava que sua vida não tinha mais valor.
Hoje ela é uma pessoa renovada, vivendo plenamente e contribuindo para a sociedade.
Meu método “Costura”, documentado em meu próximo livro, que enfatiza a integração e a construção de habilidades emocionais, tem proporcionado uma nova perspectiva de vida para muitos e já ajudou muitos pacientes a reencontrar a estabilidade e a vitalidade.
Como sociedade, devemos oferecer apoio, tratamento e esperança. Temos que lembrar que cada vida é infinitamente valiosa e que a cura sempre é possível. Precisamos nos afastar da ideia de que o suícidio ou a eutanásia é um fim das dores e uma solução aceitável para o sofrimento mental e não ignorar
o fato de que esses transtornos, por mais intensos e desafiadores que sejam, frequentemente respondem bem a tratamento especializado e suporte adequado.
Minha indignação não se limita à decisão de eutanásia em si, mas também à mensagem que isso passa para outros pacientes e governos ao redor do mundo. Países que consideram seguir o exemplo da Holanda podem acabar incentivando pessoas vulneráveis a desistirem de suas vidas. Isso é irresponsável e perigoso.
Os casos de pacientes como Aurelia Brouwers e Zoraya ter Beek são tragédias que revelam uma falha na compreensão e no tratamento de transtornos mentais. A eutanásia para transtornos psiquiátricos não deve ser vista como uma solução, mas sim como um sinal de que ainda há muito a ser feito para oferecer esperança e oportunidades de recuperação real para todos.
Convido todos os profissionais de saúde mental, legisladores e cidadãos a refletirem e se unirem para promover a vida e a esperança, e garantir que cada paciente com Transtorno de Personalidade Borderline tenha acesso ao tratamento e ao apoio necessários para superar suas dificuldades.
Porque afinal, viver não é apenas possível, mas essencial.
Sobre Taty Ades
Psicanalista, pós-graduada em neuropsicologia, escritora, especialista em transtorno borderline, narcisismo e amor patológico. A profissional foi responsável por criar o método “costura”, para a cura e melhorar os pacientes com transtorno de personalidade borderline. Taty se tornou referência nacional e internacional no tratamento nos transtornos de personalidade, principalmente o Borderline.
O assunto é debatido em seu canal no Youtube: No Divã com Taty Ades e Instagram @tatyades