Especialista explica o que fez avião da VoePass perder sustentação e cair

Lito Sousa, mecânico de aviação especialista em segurança aérea, abriu uma live em seu canal no Youtube, “Aviões e Músicas”, com quase 3 milhões de inscritos para falar sobre o acidente trágico envolvendo um avião que caiu em Vinhedo, São Paulo, na tarde desta sexta-feira (9).

O especialista pontuou que não há como especular nada no momento e pediu para que não haja julgamentos antes da investigação oficial. “A gente pode ter uma noção do que aconteceu já, mas nada disso resolve o problema da segurança”, colocou Lito Sousa.

“O que aumenta a segurança é saber quais fatores se alinharam para que o acidente acontecesse. (…) Não adianta ficar perguntando ‘se foi isso ou aquilo’ se ‘o motor cuspiu fogo ou teve gelo’, nada disso define o acidente, o que define é compreensão de cada fase e só assim, com isso, é que vem a melhoria”, explicou.

Segundo ele, isso independente de ter ocorrido no Brasil ou não, pois o conhecimento da aviação é compartilhado entre todos os países. “Tem de ver um alinhamento de razões e, com essa descoberta, e com o conhecimento compartilhado pode-se criar algo para melhorar a segurança aérea”, afirmou.

A queda

Lito Sousa explicou que, pelo vídeo, o avião, modelo ATR-72, caiu em parafuso chato, em condição de estol. “O avião fica girando no seu eixo vertical e ele não desenvolve velocidade horizontal, logo, não gera sustentação nas asas”, afirmou ao analisar o vídeo da queda.

De acordo com ele, a falta de sustentação “fez com que os controles de voo da asa não tenham autoridade dinâmica para modificar o que tá acontecendo com o avião”, pontuou. “É como mexer no volante do carro e ele continuar indo reto porque não tem velocidade horizontal”, exemplificou.

A falta de velocidade e a queda em ‘parafuso chato’ não permite que o avião plane, apesar da alta tecnologia, como explica o especialista. “Ele chegou em uma condição, que não sabemos ainda o porquê, em que a velocidade dele era muito baixa. Com isso, ele perdeu sustentação, descendo em parafuso chato”, apontou. “Se você não consegue inclinar o nariz do avião para reganhar velocidade dinâmica, você não consegue planar”, concluiu.

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