Uma nova vacina desenvolvida pelo Duke Human Vaccine Institute, nos Estados Unidos, está sendo considerada como um possível meio de combater o HIV. O imunizante gerou a produção de uma quantidade de anticorpos amplamente neutralizantes — um tipo específico de anticorpo capaz de reconhecer e neutralizar uma ampla gama de variantes de um vírus.
O ensaio clínico foi realizado com um pequeno grupo de participantes e os resultados foram publicados na revista Cell. A análise mostra que a vacina testada pode gerar anticorpos para combater diversas variantes do vírus e iniciar esse processo em semanas, desencadeando uma resposta imune crucial. A droga mira uma área do envelope externo do HIV-1 chamada região proximal externa da membrana (MPER), que se mantém estável mesmo quando o patógeno sofre mutações.
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Os anticorpos contra essa área estável podem bloquear a infecção por várias cepas. “Esse estudo é um avanço significativo, demonstrando a possibilidade de induzir anticorpos através de imunizações que neutralizam as cepas mais difíceis do HIV”, comemorou, em nota, Barton F. Haynes, diretor do Duke Human Vaccine Institute. “Os próximos passos incluem induzir anticorpos mais potentes contra outras partes do HIV para evitar a fuga do vírus. Ainda não chegamos lá, mas o caminho está mais claro”, apontou.
Detalhes do estudo
Vinte voluntários saudáveis e sem o vírus participaram do ensaio clínico avaliado pelos cientistas. Quinze receberam duas das quatro doses planejadas da vacina experimental e cinco receberam três doses. Após duas imunizações, a vacina teve uma taxa de resposta sérica de 95% e uma taxa de resposta de células T CD4 no sangue de 100% —duas medidas que indicam forte ativação imunitária. A maioria das respostas séricas estava direcionada à parte do vírus alvo da vacina.
Apesar de a resposta à vacina ocorrer com apenas duas doses, o ensaio foi interrompido quando um participante teve uma reação alérgica não fatal. Similar às raras situações vistas em vacinações contra a covid-19. A equipe investigou a causa e acredita que o problema foi provavelmente causado por um aditivo.
“Para obter um anticorpo amplamente neutralizante, vários eventos precisam ocorrer, geralmente ao longo de anos após a infecção”, frisou Wilton Williams, membro do Duke Human Vaccine Institute. “O desafio sempre foi replicar esses eventos em menos tempo com uma vacina. Foi emocionante ver que, com essa vacina, pudemos induzir anticorpos neutralizantes em poucas semanas.”
Rastreamento
Uma equipe também do Duke Human Vaccine Institute (DHVI) desenvolveu uma vacina que funciona como um GPS, orientando o sistema imunológico a produzir anticorpos amplamente neutralizantes contra o HIV. Publicado na Cell Host & Microbe, recentemente, o trabalho detalha como fornecer instruções passo a passo para gerar esses anticorpos essenciais.
O grupo começou com uma versão inicial de um anticorpo neutralizante, adicionando mutações sequenciais para identificar as que seriam necessárias para neutralizar o HIV. Eles desenvolveram uma vacina que instrui o sistema imunológico a seguir essa rota mutacional. Testada em ratos geneticamente modificados, a abordagem se mostrou eficaz em desencadear a produção desses anticorpos, com potencial para aplicação em outras vacinas. O próximo desafio será testar a estratégia em primatas e humanos.
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