Diversos pacientes estão processando o cirurgião-dentista Fernando Lucas, de Belo Horizonte, Minas Gerais, por conta de procedimentos cirúrgicos realizados por ele e que teriam causado lesões graves. Os procedimentos feitos nos pacientes por Fernando Lucas são proibidos de serem realizados por dentistas, de acordo com o Conselho Federal de Odontologia (CFO). Além disso, ele também é acusado de assédio sexual.
Em 2020, uma resolução do CFO proibiu que cirurgiões-dentistas realizassem uma série de procedimentos estéticos, entre esses procedimentos proibidos estão justamente alguns dos quais Fernando Lucas é acusado de ter realizado de forma malsucedida, gerando sequelas em seus pacientes. Entre os procedimentos estão a blefaroplastia (cirurgia nas pálpebras), a rinoplastia e o face lifting (tipo de procedimento para reverter o envelhecimento facial).
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Os clientes de Fernando Lucas afirmam que os procedimentos foram realizados sem a presença de um anestesista e que após as cirurgias, o profissional não deu assistência aos seus pacientes de forma satisfatória, há também quem relate que não consegue mais contato com o profissional ou com sua equipe. O Conselho Regional de Odontologia de Minas Gerais afirmou em nota, que o dentista teve seu exercício profissional suspenso por 30 dias, a partir de 12 de julho, após denúncias de pacientes e “evidências de práticas temerárias reiteradas”.
Na Justiça, o advogado Carlos Felipe Velloso representa oito ex-pacientes de Fernando Lucas, mas afirma que há pelo menos 20 pessoas que foram lesadas em procedimentos realizados por ele e que seus clientes buscam indenizações por danos morais, materiais, estéticos e existenciais.
Na semana passada, após muitas denúncias serem divulgadas na mídia, a defesa do dentista divulgou uma nota em que afirma que o profissional “acumula quase 20 anos de experiência profissional”, nos quais “realizou mais de 2.000 cirurgias”. E que além disso, “todo procedimento cirúrgico implica riscos inerentes, que são previamente comunicados aos pacientes, cuja ocorrência independe da conduta do profissional”.
DENÚNCIAS
Umas das pacientes de Fernando Lucas é Rosangela Godoi, de 50 anos, que conheceu o trabalho dele por meio das redes sociais e o procurou para fazer uma lipoaspiração da papada, que se tornou um pesadelo, pois teve que realizar mais quatro “reparos” e hoje convive com dores diárias e uma grande cicatriz. “Era um furo apenas e um corte de um centímetro, e virou uma coisa gigantesca. E eu continuo com sequelas até hoje, com uma cicatriz gigante e há quase um ano sentindo dor todo dia”, afirmou Godoi.
Rosangela Godoi pede que outras pessoas que se considerem lesadas por Fernando Lucas denunciem e que a procurem nas redes sociais para buscarem seus direitos. Outra paciente que ainda hoje sofre com lesões causadas por procedimentos realizados por Fernando Lucas é Soraya Cury, que pagou para realizar um lifting facial e uma blefaroplastia, mas que logo no primeiro procedimento teve uma lesão no nervo.
“Eu acredito que, no momento em que ele percebeu que me lesionou, que corrompeu o meu nervo, ele tenha, então, fechado o meu rosto, não continuou a cirurgia”, conta Soraya, que até hoje, mais de seis meses depois ficou com o lado direita da boca paralisado e que já gastou o equivalente a cinco vezes o valor da cirurgia original para tentar recuperar os movimentos.
Além disso, Soraya Cury afirma ter sido vítima de assédio sexual, ao ser surpreendida com um pedido para que tirasse toda a roupa, para a realização de uma cirurgia que seria no rosto e com sedação por via oral. “Eu levei um susto. Quando ele foi se despedir de mim, após a cirurgia, me deu um abraço e, ao soltar, me assustou com um selinho, assim. Fiquei muito baqueada no momento”, afirmou.