A coluna traz uma entrevista exclusiva com o brasileiro que está fazendo bastante sucesso no exterior dentro do jornalismo, se trata de Mário Rocha, com grandes passagens por veículos de comunicação no Brasil e no mundo.
Mário fez seu nome passando por emissoras renomadas como TV Manchete, TVE (TV Brasil), Rede Globo, GloboNews e Record. Já foi editor-chefe e produtor e trabalhou cobrindo grandes reportagens como 11 de Setembro, a invasão do Afeganistão e Iraque, a morte do Papa João Paulo II, um tsunami que destruiu a Ásia, a eleição de Barack Obama e até o assassinato de Jean Charles de Menezes.
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Já trabalhou ao lado de André Trigueiro, Marcelo Lins, Sandra Coutinho, Vinícius Dônola, Adriana Araújo e Celso Zucatelli. Heloísa Villela e Luciana Liviero também são fortes nomes que Mário teve a honra de trabalhar.
O brasileiro com toda sua expertise e profissionalismo, foi convidado para trabalhar na CGTN (China Global Television Network) em 2017 e permanece até hoje como contratado da emissora. Mário Rocha é produtor do The Heat, o principal programa da emissora e recebeu o desafio de produzir um talk-show político em inglês: “Foi interessante descobrir um esquema de trabalho bem diferente do qual estava acostumado nas emissoras brasileiras. Para cobrir a Assembleia Geral da ONU, montamos um set de gravação dentro da sede da ONU. Fomos ao Brasil para a reunião dos BRICS. Esse ano tive a honra de produzir o principal produto da emissora, o Global Action Initiative, um programa discutindo maneiras de reduzir a pobreza em escala global. O programa contou com a participação do economista brasileiro Marcelo Neri”.
Quais são os maiores desafios de um jornalista?
Mário: Principalmente nos dias de hoje, o desafio é conseguir olhar os dois lados. É buscar a informação, independentemente de quem está dando a informação. É pensar por si próprio e, ao mesmo tempo, levar ao público a informação sem introduzir o seu viés pessoal.
Qual a principal diferença entre trabalhar no jornalismo do Brasil e do exterior?
Mário: Tem diferenças de estilo, de linguagem. A maneira como a redação é organizada é diferente também. E aqui fora você tem mais liberdade e mais responsabilidades.
Qual das emissoras você mais curtiu trabalhar? Existe algum motivo específico?
Mário: Não quero ser diplomático, mas cada uma tem seu lado especial. A Manchete, onde comecei, fiz grandes amizades. A TVE (TV Brasil), por apostar num jovem para comandar o principal jornal de rede deles. Foi um lugar onde aprendi muito por darem liberdade para você trabalhar em diversas partes do processo. A TV Globo foi um grande pulo, uma estrutura fantástica, não é a toa a principal rede de televisão do Brasil. E a Record por ter aberto as portas para minha jornada internacional, me levando a Nova York, me colocando na linha de frente de coberturas relevantes. E agora na CGTN, vivendo o dia-a-dia de uma redação multicultural, com uma visão diferente de mundo, tentando trazer a visão chinesa a um jornalismo que ainda é muito centrado na visão ocidental.
Qual foi sua reportagem mais difícil?
Mário: Meu início na CGTN foi um desafio bem interessante. Uma mudança drástica em todos os sentidos. Eu passei a produzir um programa inteiro sozinho. Em inglês. Falando de política internacional. Com convidados dos quatro cantos do mundo. E se integrar a uma equipe nova que trabalha num esquema diferente do qual estava acostumado. A organização da redação é diferente, as expectativas do que você deve entregar, do que é sua responsabilidade, é bem diferente do que eu estava acostumado. Hoje, três anos depois de entrar aqui, já estou bem integrado, o trabalho flui. Tanto que me deram para produzir o principal programa do ano, o Global Action Initiative e também a retrospectiva de 2020.
E a reportagem que você mais gostou?
Mário: A entrevista com o pai do Michael Jackson, Joe Jackson. Tive uma negociação difícil com ele, mas ele acabou topando falar com a gente em Las Vegas. A Record mandou o Roberto Cabrini de São Paulo e eu fui de Nova York. Alugamos um quarto especial do hotel, bem grande, para fazer a entrevista. Ele só tinha aceitado falar com a gente por 20 minutos, mas fomos gravando. O problema veio na hora de trocar o disco. Aí ele se tocou que já tinha se passado mais de um hora. Mas continuamos e fizemos um programa muito especial para a Record. E trabalhar com o Cabrini foi um grande aprendizado.
Já passou por algum perrengue?
Mário: Vários. Quando fomos cobrir o furacão Gustav, pela Record, pegamos o último voo em direção a Nova Orleans. Pousamos, o aeroporto estava vazio. Não tínhamos reserva em hotel, nenhum hotel aceitava a gente sem isso. Rodamos por horas até achar um hotel, nos arredores da cidade, mas não tinha energia elétrica e a única comida por dias era pão de forma com manteiga de amendoim. Mais recentemente, estava com o âncora da CGTN no Rio de Janeiro e íamos para Brasília, cobrir a reunião dos BRICS. De última hora, a direção nos mandou ir a São Paulo participar de uns eventos. Houve confusão com a cia aérea. Pousamos em São Paulo num domingo a noite, mas as malas foram enviadas direto para Brasília. E o terno do âncora estava na mala. Entramos num táxi, pedi para o motorista nos levar ao shopping mais próximo e, do caminho, fui ligando para todas as lojas. Por sorte, uma ainda tinha uma vendedora dentro e ela reabriu a loja só para a gente comprar um terno.
Qual dica você daria pra quem está começando agora?
Mário: Eu tive um chefe na Manchete/Rede TV, Marcos Almeida Castro, que me disse uma frase que nunca esqueço: ”Na nossa profissão, o importante é conhecer gente”. Fora de contexto, parece uma frase cínica, de que apenas o QI (quem indica) importa no nosso meio. Não é isso. Você precisa ser bom, esforçado, correr atrás, ter bom texto, ter faro para a notícia e discernimento para escrever o que importa e perguntar o que é relevante. Mas conhecer gente é fundamental, ainda mais num meio como o nosso, onde não lidamos exatamente com questões exatas. Mostre trabalho, faça contatos e não feche portas.
O conteúdo publicado nesta coluna é de inteira responsabilidade do colunista e não reflete necessariamente a opinião e práticas do Observatório dos Famosos.