Por dois anos seguidos, setores do mercado musical brasileiro usaram da maior plataforma digital no país para tentar emplacar cantoras na agenda setting nacional. O Big Brother Brasil, programa transmitido pela TV Globo, produção esta que há anos e anos segue no Top 10 dos assuntos mais buscados pelos brasileiros no Google foi responsável por dar um novo brilho à carreira duma patricinha assumida que não por acaso, foi uma das primeiras cantoras populares de electropop do Brasil na década passada. E cuja imagem, precisamos convir, estava completamente apagada. Já no ano seguinte, por causa do mesmo programa, uma anônima nordestina viveu um verdadeiro conto de fadas midiático moderno quando além de sagrar-se vencedora do dificílimo reality show, também conseguiu dar seus primeiros passos como cantora.
Em 2020, a marqueteira Manu Gavassi virou assunto em todos os lugares chegando a superar a outra marqueteira Anitta como um dos assuntos mais falados no país. Além disso, seu impecável single de retorno de letra e gancho afiados chamado “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim”, conseguiu gerar muita repercussão fazendo com que ela e Gloria Groove alcançassem o segundo lugar nas mais tocadas diariamente do Spotify Brasil, além de trazer uma atmosfera quase cult raramente vista no pop nacional. O sucesso foi tamanho que muita gente achou esquisito quando a paulista resolveu fechar um contrato profissional com a Netflix ao invés de focar em projetos na própria Rede Globo.
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Já em 2021, a paraibana Juliette (ironicamente empresariada por Anitta além de contratada pela Globo), conseguiu se tornar um dos maiores fenômenos de popularidade da era digital brasileira batendo recordes de cantoras internacionais além de emplacar na boca do povo alguns dos cânticos do seu EP de seis faixas. Enquanto isso, nenhuma das 3 músicas lançadas por Manu Gavassi neste ano rendeu muito ou qualquer assunto. Seu feat chamado “Eu nunca fui tão sozinha assim” é morno, de rimas bobas e modorrento, enquanto “Catarina”, música dedicada à sua irmã, é fofa mas está bem longe de mostrar potencial para ganhar as rádios ou furar sua bolha de fãs.
Dos lançamentos das últimas semanas, acaba sobrando “sub.ver.si.va”, faixa que mostra a boa e velha Manu Gavassi de letras afiadas ao som dum bom gancho criado por sintetizadores. Mas que a julgar pelo desempenho, ficou longe de subverter qualquer parada ou métrica digital. Já o Google Trends, também não mente: Manu Gavassi perdeu o bonde entre os assuntos mais comentados do país, apresentando uma enorme queda e sendo superada por Anitta e Juliette (confira logo no gráfico do tuíte logo abaixo).
A julgar pelo Top 200 do Spotify Brasil, Juliette não promete ser uma gigante da música nos próximos anos. Nenhuma das seis músicas do seu EP conseguiram uma audiência orgânica razoável para mantê-la como um nome razoavelmente promissor no mercado musical. Juliette em termos puramente musicais, hoje, é muito pouco ou quase nada. Mas foi o suficiente para atropelar o fenômeno Manu Gavassi. O Google Trends mostra que hoje é possível notar uma distinção em potencial de alcance e repercussão envolvendo as marcas “Manu Gavassi” e “Juliette”. Uma diferença notável que com certeza os empresários da Globo e Rodamoinho (empresa de Anitta) devem estar achando “mara”.