Sem graça, novo clipe de Anitta é quase estelionato cultural

Ano após ano, Larissa de Macedo Machado foi deixando a gente mal acostumado. Em dezembro de 2017, um dos melhores anos de sua carreira, veio a revolucionária “Vai Malandra” definindo os ritmos dos BPMs cariocas no Brasil e logo mais para o mundo. Já um ano depois em 2018, Anitta e Ludmilla se juntavam para logo depois ruidosamente se separarem após uma “Onda Diferente” arrebatar todo Brasil. Ainda naquele ano, a poderosa já havia lançado os caprichadíssimos clipes de “Medicina”, “Veneno” e a uber escandalosa “Não Perco Meu Tempo”. Já em 2020 uma pontinha no clipe de “Modo Turbo” de Luisa Sonza abalou o mercado: como era possível que os concorrentes de Pabllo Vittar, Anitta e Luisa Sonza “tivessem permitido” que as três poderosamente se unissem num single só delas? Nos últimos meses de 2020 veio o feat com a estrela número 1 do hip-hop gringo em Me Gusta fazendo com que Anitta se tornasse a oitava brasileira a entrar para o seletíssimo Hot 100 da Billboard. Tudo isto para que agora, a poderosa (após o impecabilíssimo clipe de Girl From Rio) nos fizesse terminar o ano com um vídeo mequetrefe pra lá de anti-clímax junto de Pedro Sampaio. O brasileiro realmente não tem mais direito de ser feliz mesmo. Nem a instituição “Anitta causando no fim de ano” funciona mais neste país. Será que o Paulo Pimenta, Warner e a Bpmcom não entenderam que após ano o brasileiro ainda conta com o meme do “Anitta faz tudo”? Mais do que nunca, após dois anos trancafiados, a gente precisa desta Anitta que faz tudo. Do que adiantou ir até Belém do Pará, ter patrocínio da Samsung, chamar Ruivinha de Marte, Leona Vingativa, ter poçãozinha nordestina afrodisíaca e escalar roupas robóticas que mais parecem os Daft Punk ou peças saídas do filme Tron, se o diretor do clipe não se preocupou minimamente em contar uma história? Com tanto alarde para sua nova obra, a verdade é que a nova aposta de Anitta prometeu muito e cumpriu muito pouco. Vendeu e não entregou. Ou abusando daquele meme da Leona Vingativa da época de quando a web era tudo mato (e quando meme ainda nem era palavra), a nova obra de Anitta não passa de pura hipocrisia. Na verdade, uma obra tipo aleijada hipócrita.