Brasil Literário

Aliel Paione lança conclusão da trilogia “Sol e Solidão em Copacabana” em meio a turbulências políticas do Brasil

Escritor brasileiro entrelaça amor, ambição e turbulências políticas em última obra da saga de Verônica na primeira metade do século XX

Publicado em 05/07/2023
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O autor brasileiro Aliel Paione apresenta o terceiro e último volume de sua trilogia ficcional intitulada “Sol e Solidão em Copacabana”. Com uma abordagem analítica, a obra mergulha em momentos marcantes da história do Brasil, entrelaçando-os à saga de amor, ambição e solidão vivida pela protagonista Verônica na primeira metade do século XX.

Em meio a um cenário político turbulento, Paione conduz o leitor através da busca de Verônica por amor e realização pessoal, enquanto ela se envolve em um triângulo amoroso com sua própria filha, Henriette, e o ambicioso João Antunes. O autor habilmente conecta as escolhas e dilemas dos personagens aos eventos políticos que moldaram o país, desde a tentativa de independência econômica até a industrialização e modernização do trabalho.

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A narrativa fluida de Paione revela os bastidores do poder e os desdobramentos políticos que culminaram na agravante crise após o retorno de Getúlio Vargas ao poder, conduzindo os leitores até o trágico suicídio do presidente. Em “Sol e Solidão em Copacabana”, o autor apresenta um desfecho surpreendente para a trama, permitindo que a obra seja lida de forma independente.

A complexidade das relações amorosas retratadas na trilogia evidencia a intricada natureza humana, relacionando metaforicamente os sonhos, conquistas e fracassos dos personagens à história do Brasil. Ao buscar compreendê-los, os leitores refletem a vontade de compreender e melhorar a realidade do país.

Aliel Paione, além de escritor, é engenheiro e Mestre em Ciências e Técnicas Nucleares. Com suas obras já integrando o acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington, Paione consolida seu lugar como autor relevante no panorama literário brasileiro.

“Sol e Solidão em Copacabana” promete envolver os leitores em uma jornada intensa e cativante, mesclando a trama ficcional com os acontecimentos históricos do Brasil. O livro já está disponível para apreciação dos fãs da trilogia e dos amantes da literatura brasileira.

Como surgiu a ideia de escrever uma trilogia que entrelaça história política do Brasil com a trajetória dos personagens principais?

Eu havia lido uma reportagem sobre o cabaré Mère Louise, que existiu no início do século XX em Copacabana. Como gosto muito de História e de Literatura, além de facilidade para escrever, imaginei um romance que teria seu início nas noites feéricas do Mère Louise com o protagonismo das personagens principais, frequentadores desse ambiente. Tais personagens teriam suas vidas associadas à transcorrência da História, e do romance.

Como você abordou a complexidade dos relacionamentos amorosos das personagens e sua conexão com a história brasileira?

Eu procurei associar os dilemas, frustrações, esperanças e os conflitos existenciais e amorosos das personagens envolvidas na trama com as mesmas aspirações, geralmente fracassadas, de nossa história. Ou seja, a abordagem consistiu em fazer a associação de nossa identidade histórica e seus desencontros com as vidas dos personagens, como se a problemática desses retratassem os problemas brasileiros.

Qual foi o maior desafio ao escrever o terceiro volume, Sol e Solidão em Copacabana, e como você lidou com ele?

O maior desafio foi concatenar toda a trama com o desfecho final, ou transmitir bem a ideia e os objetivos que eu me havia proposto.

Aliel Paione (Foto: Divulgação)

Como você vê a relação entre literatura e história, especialmente quando se trata de retratar momentos emblemáticos da política brasileira?

Pois eu vejo essa relação com muito potencial para ser explorada, visto ser possível, muito facilmente, associar momentos relevantes, inesperados e mesmo trágicos da história brasileira com eventuais situações, semelhantes, vividas pelas personagens. Por exemplo, a surpreendente renúncia de Jânio Quadros, uma figura caricata, conectada à traição inusitada de uma esposa…

Quais foram as suas principais fontes de pesquisa para enfrentar a narrativa da primeira metade do século XX?

Eu tenho uma boa biblioteca sobre livros relativos à história do século XX. Vali-me dela e de meus conhecimentos literários. Talvez a melhor maneira de conhecer história seja através de romances relativos à época desejada (claro, narrada por um bom romancista). Como exemplo, os romances de Machado de Assis dão a melhor descrição do ambiente social e político do final do império e início da república, transcorridos no Rio.

Você acredita que a conclusão da trilogia oferece uma mensagem ou reflexão sobre a realidade atual do Brasil? Se, sim, poderia compartilhar um pouco sobre isso?

Sim, acredito, pois conhecendo-se o seu passado chega-se aos entraves do Brasil atual. E, nesta trilogia, eu abordo esse aspecto: como os fatos anteriores influenciaram o presente. Por exemplo, como a política da República Velha acarretou acontecimentos posteriores. Uma personagem representativa dessa afirmação é o senador Mendonça, cuja vida e influência nefastas (com quem tudo começou) são narradas.

Quais são os principais temas ou questões que deseja que os leitores percebam ao lerem a trilogia completa.

O tema principal que perpassa a minha obra é a formação moderna do Brasil e como e porque é governado, até o presente. Ou seja, ser dirigido por uma elite insensível aos problemas sociais e as razões pelas quais o país sempre existiu em função das demandas dessa elite. Essa é a mensagem abrangente que se superpõe às demais. É a conclusão que eu espero de um leitor atento.

Como foi a experiência ao ter as obras da trilogia integrada ao acervo da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, em Washington a pedido do consulado americano.

Senti-me vaidoso, feliz e recompensado ao receber a notícia. E surpreendido ao constatar a sensibilidade manifestada pelos americanos…

Quais foram as suas maiores inspirações literárias ao escrever a trilogia? Existem autores ou obras específicas que influenciaram seu estilo literário?

Em primeiro lugar, a influência determinante da obra de Dostoiévski, pelos seus insigths psicológicos e mergulhos profundos na alma humana. Adoro isso.  Eça de Queiróz e Proust também me inspiraram. Como exemplos, Crime e Castigo, Os Irmãos Karamásov, De Dostoiévski, O Primo Basílio, de Eça, e Em Busca do Tempo Perdido, de Proust.

Agora que a trilogia foi concluída, quais são os seus projetos literários? Pretende explorar outros períodos históricos ou abordar outros temas em suas reflexões futuras?

Por enquanto, estou grávido de ideias, talvez no terceiro mês de gravidez, e ainda não fiz o ultrassom…

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