Representatividade

Babi A. Sette quebra barreiras com ‘A Promessa da Rosa’: um romance de época com casal LGBT

A Promessa da Rosa, que se passa na Inglaterra de 1840, apresenta Kathelyn Stanwell, filha de um conde que sonha em ser livre para escolher seu próprio destino

Publicado em 04/07/2023
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No cenário dos romances de época, a escritora best-seller Babi A. Sette quebra barreiras ao incluir um casal LGBT em sua mais recente obra, intitulada A Promessa da Rosa. Ambientada no século XIX, a trama apresenta Steve e Philipe, cujo amor precisa ser mantido em segredo devido aos preconceitos da sociedade da época. A inclusão dessa diversidade de gênero em um contexto histórico desafia paradigmas e traz reflexões relevantes sobre a importância da representatividade.

A autora Babi A. Sette explica que sua decisão de inserir um casal gay relevante na trama reflete a busca por abordar temas significativos tanto para ela quanto para a sociedade em geral. Steve, o melhor amigo da protagonista, deixa a Inglaterra, onde a homossexualidade é condenada, e conhece Philipe, um príncipe local na Holanda. Juntos, eles enfrentam desafios e vivem seu amor em Paris. À medida que a história se desenrola, a presença de Steve e Philipe proporciona aos leitores emoções intensas e reflexões importantes.

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A Promessa da Rosa, que se passa na Inglaterra de 1840, apresenta Kathelyn Stanwell, filha de um conde que sonha em ser livre para escolher seu próprio destino. Em um baile de máscaras, ela se encanta por Arthur Harold, um homem intrigante que não aparenta pertencer à aristocracia. O que começou como uma aventura de uma noite se transforma em paixão, mas traições e mal-entendidos desencadeiam ciúmes e reviravoltas na trama. A história de amor entre Arthur e Kathelyn enfrentará desafios para alcançar um final feliz.

Babi A. Sette é conhecida por suas histórias românticas encantadoras, repletas de emoção e com toques de humor. Sua inclinação pelos romances de época se reflete em A Promessa da Rosa, e a autora enfatiza a importância de construir obras que estejam alinhadas com seus valores e com as mudanças nas expectativas dos leitores ao longo do tempo. Com essa nova obra, Babi busca surpreender seus seguidores, oferecendo representatividade e abordando questões relevantes no contexto dos romances históricos.

Como surgiu a ideia de incluir um casal LGBT em um romance de época? Qual foi sua motivação por trás dessa decisão?

Minha motivação surgiu porque eu amo contar histórias de amor, e tenho certeza de que as histórias de amor só são completas quando elas contam com todas as maneiras de amar. Além disso, a época Vitoriana, apesar de ter trazido grandes avanços culturais e econômicos para o Reino Unido e para o mundo, foi uma época em que os costumes e tradições da sociedade eram extremamente conservadores, machistas e homofóbicos. A promessa da rosa fala essencialmente sobre ser quem se é, independente das exigências sociais e sobre a luta contra o preconceito seja ele sexual ou de gênero.

Em “A Promessa da Rosa”, você aborda temas relevantes e atuais. Como você vê o papel da literatura na discussão e reflexão sobre questões sociais?

As histórias sempre tiveram um papel muito importante na formação dos valores sociais. Elas refletem para onde o pensamento da sociedade está caminhando ou quais as questões sociais importantes que precisam ser revistas na sociedade.

Ao lermos uma história que traz questões temas como o machismo e a homofobia etc… conseguimos muitas vezes nos identificar com os desafios superados no decorrer dessa história pelos personagens e encontrar assim, através da nossa própria reflexão, instrumentos internos para lidarmos com essas questões no nosso dia a dia.

Qual foi o maior desafio ao retratar um relacionamento LGBT em um contexto histórico passado? Como você equilibrou a fidelidade histórica com a necessidade de representação inclusiva?

Retratar uma história de maneira realista de um relacionamento LGBT no contexto de uma sociedade extremamente conservadora e preconceituosa, como a sociedade vitoriana, não foi fácil. E falo isso do lugar de fala de uma mulher hétero, numa sociedade menos conservadora e preconceituosa.  Falo isso pensando como seria amar alguém, me apaixonar por alguém e não ter o direito de viver esse amor de admitir esse amor, nem mesmo dentro de casa. Na história de Kathelyn, boa parte dos problemas dela, são causadas pela sociedade hipócrita, machista e homofóbica. Steve e Philipe, tem que esconder o amor deles, Steve que é inglês precisa sair de casa e nunca poderá viver esse amor de maneira livre, ou apresentar o marido, como marido para sua família que jamais o aceitaria tal como ele é. Na Inglaterra a homossexualidade era crime, e um pecado.

Acho triste pensar que apesar de certamente os desafios para se amar quem se ama e ser quem você é, apesar de hoje o mundo estar muito diferente, pelo menos com relação ao debate e as leis que garantem em muitos países mais igualdade e liberdade, alguns dos desafios e dramas que Steve e Philipe vivem no século 19 ainda seriam vividos se a história se passasse nos dias de hoje.

Babi A. Sette (Foto: Divulgação)

Como você espera que os leitores reajam à inclusão de um casal LGBT em um romance de época? Qual mensagem você gostaria de transmitir através desses personagens?

Eu espero que os leitores amem ler sobre o amor de Philipe e Steve, é esse amor que prova de certa maneira a inocência da protagonista numa acusação de traição, é esse amor que vai ser o porto seguro da protagonista quando todas as pessoas que ela amava a julgam, a condenam e viram a cara para ela. Quero que os leitores entendam que não importa quantas pessoas te condenem, tentem te reprimir e jurem que você só vai ser feliz se se enquadrar naquilo que a maioria pensa ser o certo, na verdade, você só vai ser feliz se tiver a coragem de ser quem você verdadeiramente é.

Além da temática LGBT, quais outros elementos do enredo de “A Promessa da Rosa” você acredita que os leitores encontrarão cativantes e envolventes?

Uma paixão muito envolvente, um romance de tirar o fôlego, uma mocinha que desde a página um não se rende as imposições sociais machistas e patriarcais e luta para ser quem ela é e para ser feliz.

Como é o processo de pesquisa para criar uma ambientação histórica precisa e detalhada em seus romances de época?

Eu adoro. A pesquisa, eu amo. Eu praticamente só leio e assisto romances de época e históricos, além da pesquisa inicial que tem de acontecer independente da época em que vou contextualizar o romance, normalmente eu me sinto muito à vontade narrando romances de época.

Quais são suas principais influências literárias e como elas contribuem para sua escrita de romances românticos?

Jane Austen, Lisa Kleypas, Julia Quinn…. Se pararmos para ler romances românticos, vamos perceber que a maioria deles retratam mulheres fortes e corajosas que não precisam encontrar alguém para serem felizes e que não são salvas pelo herói, normalmente são elas que salvam os mocinhos. Extraordinário, não é? Ah, boas leituras me inspiram o tempo inteiro e não apenas a escrever, mas também a me conhecer mais e ser uma pessoa melhor.

Como você equilibra a criação de personagens autênticos e apaixonantes com a necessidade de seguir as convenções do gênero romântico?

Como autora de romance, eu não acredito em convenções do gênero, sinto que escrevo sobretudo o que me impulsiona e o que faz sentindo para mim. Mas talvez, as convenções digam que se deve ter um casal e que eles vão enfrentar desafios e então, ficarão juntos no final…. risos…. Escrever livros com finais felizes é o que conversa com minha essência, e escrever sobre relacionamentos para mim nunca é só um passeio numa tarde ensolarada e doce, se for assim, não soaria verdadeiro, por mais que o final seja feliz. E sobre personagens autênticos, acho que se eles não forem verdadeiros isso significa para mim: complexos, cheios de defeitos, além das qualidades, nem faria sentido os colocar no papel, acho que nem sentiria vontade de fazer isso. Personagens devem sobretudo humanos para serem reais e apaixonantes

Você acredita que a literatura tem um papel na promoção da diversidade e inclusão? Como você vê a representação de diferentes identidades na literatura contemporânea?

Eu tenho certeza que sim…  Eu vejo que isso tem devia ser tratado como algo natural e não extraordinário, fora do comum, nós, como sociedade, somos plurais, essa pluralidade seja ela em cor, gênero, orientação sexual, classe social etc. faz parte do mundo, do que sempre fomos e talvez sempre seremos, representar diferentes identidades na arte, na literatura é tão importante porque essa representação está trazendo a nossa realidade para a arte, nossa pluralidade, nossa complexidade enquanto humanos, nossos valores, nossos acertos e também nossos erros, onde podemos e devemos nos inspirar para melhorarmos como seres humanos individuais e em consequência como humanidade.

Quais são seus projetos futuros? Podemos esperar mais romances de época com temas relevantes e inclusivos?

Vou lançar esse ano dois romances, um atual, que trará muitos temas atuais, relevantes e inclusivos e um romance de época que também trará como tema assuntos importantes para a sociedade. Acho que sempre de um jeito ou de outro meus romances vão abordar temas assim, acredito que isso é assim porque falar sobre algo que ressoa comigo, com meus valores e com a minha essência é o que sempre vai me inspirar a escrever.

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