De pai para filha

Babi Beluco fala sobre trajetória no esporte e como mudou sua vida

De acordo com a modelo, o esporte iniciou por meio do incentivo do pai. Hoje Babi corre em médio 100Km por semana

Publicado em 24/04/2023
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Babi Beluco é uma modelo de 35 anos, casada com Marcos Motta, um advogado especializado em entretenimento que trabalha com atores, estrelas de TV e futebol. Babi iniciou sua carreira como modelo aos 15 anos e já trabalhou em seis países, incluindo Paris, Londres, Japão, Nova York, Hamburgo e Milão. Durante sua carreira, ela apareceu em capas de revistas como Vogue e Elle, e trabalhou com marcas de renome internacional, como Dolce Gabbana, Victoria Secret e Gucci. Além disso, Babi também desfilou para Valentino em sua primeira semana de moda em Milão.

A modelo começou a correr com 14 anos, acompanhada pelo seu pai, e desde então, já participou em mais de 30 meias maratonas e quatro maratonas internacionais. Depois de um acidente de carro que a deixou com o pescoço quebrado há oito anos, ela começou a treinar seriamente para competir em provas. Em Chicago, foi a terceira melhor brasileira, enquanto em Boston, em 2022, foi a segunda melhor brasileira. Boston é considerada uma das maratonas mais difíceis do mundo, pois só entram corredores que possuem índice de velocidade. Atualmente, Babi corre em média 100 km por semana e 3000 km por ano há mais de seis anos, tendo corrido em 24 países diferentes. O lugar mais frio em que correu foi em Aspen, Colorado, e o mais quente foi surpreendentemente no Rio de Janeiro. Confira a entrevista!

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Como começaram as práticas esportivas, especialmente a corrida, em sua vida? Conte-nos mais sobre essa paixão passada do pai para a filha?

Começou de forma natural e desafiadora, e eu realmente quero fazer o mesmo com meus filhos um dia. Cresci assistindo meu pai sair para correr e se exercitar, e minha mãe se exercitando em casa com as fitas de Cindy Crawford. O exercício sempre foi normal para mim. Eu sempre fui alta e desajeitada e tive dificuldades nos esportes em equipe na escola. Vendo isso, meu pai começou a me desafiar a correr com ele. No começo, eu odiava, era tortura, mas quando me mudei para São Paulo para trabalhar como modelo, sentia muita falta de casa, e a corrida se tornou minha única conexão. Foi quando eu realmente me apaixonei por ela.

Em um universo extremamente competitivo como a corrida, muita disciplina e a máxima aptidão física são necessárias dos corredores. Com isso em mente, quais são os alimentos que você consome para se preparar para sua rotina?

Como tudo na vida, as fases dos corredores também são cíclicas. Os hábitos alimentares mudam dependendo se há uma corrida iminente ou não, pois na corrida, quanto mais leve (saudável) você é, menos peso você tem que carregar consigo. Então, só porque gastamos muita energia, não podemos comer o que quisermos o tempo todo. Mas nos dias que antecedem grandes corridas e sessões de treinamento, minha dieta muda. Sigo uma abordagem diferente da maioria dos corredores. Prefiro a linha Low Carb High Fat. Então, enquanto muitos corredores comem macarrão e carboidratos, minha principal fonte de energia costuma vir do abacate e da manteiga de amendoim, e minha saciedade vem da proteína. Cada corredor é diferente, e embora os carboidratos sejam cruciais para o desempenho, não há regras rígidas sobre nutrição, apenas adaptações que funcionam para cada pessoa.

Babi Beluco (Foto: Divulgação)

Você é embaixadora da marca de calçados On. Como você vê o futuro do mercado fitness e da moda esportiva, e quais são as principais tendências que você está seguindo?

Acredito que a sustentabilidade e a versatilidade são as coisas mais importantes. Hoje, a inteligência está em preservar o planeta, e para mim, quanto mais uma marca se destaca e ganha valor, menos poluição e mais reciclagem ela faz. Agora, falando de estética, acredito que o conforto veio para ficar. Os saltos altos são incríveis, mas os tênis são um paraíso. Acredito que a #sportfashion é a mistura de elegância e moda com esporte (minha palavra pessoal para o conhecido athleisure), e será algo que nunca sairá de moda. Sentir-se bonita, confortável, flexível e confortável é uma conquista que essa “nova” moda nos traz.

Sendo uma influenciadora nas redes sociais com foco em saúde e bem-estar, de que maneira você pretende usar sua influência para impactar positivamente a vida das pessoas? Quais são as principais mensagens que gostaria de transmitir?

Não existem seres perfeitos, ainda bem, né? E eu tenho meus defeitos, apesar de ter muitas qualidades. Gosto muito de falar sobre a importância do esporte, movimento e alimentação saudável, pois acredito que esses três pilares são fundamentais para qualquer pessoa encontrar equilíbrio e longevidade. No entanto, também gosto de mostrar que sou real. Muitas vezes abro meu coração para falar sobre meus defeitos. Acredito que, em um momento em que a saúde mental está em pauta crescente, em que a depressão e a ansiedade invadem a vida das pessoas pelo celular, mostrar que não somos perfeitos pode ser um alívio para quem assiste. Mostrar que estamos em busca do melhor, mas que se tropeçarmos, está tudo bem. Minha principal mensagem é: não somos perfeitos, e está tudo bem, mas sempre podemos melhorar pequenas coisas que estão em nosso controle. Vamos juntos?

Babi Beluco (Foto: Divulgação)

Você comentou que os indivíduos que correm pela Euphoria/Soul entendem profundamente a conexão entre movimento e espírito. Como você enxerga essa conexão e de que forma ela afeta a vida?

É engraçado, porque antes de experimentar essa prática de respiração que leva ao estado de euforia, mesmo parado, nunca havia me dado conta de que pode ser que a euforia que sentimos ao correr seja uma consequência da respiração intensa. Se tem uma coisa que nos traz para o presente em qualquer situação, seja ela agradável ou estressante, é a respiração. Respirar pode acelerar, acalmar, energizar ou até fazer você dormir… São alguns minutos por dia que você tira para ganhar horas melhores, conectando seu corpo físico e acalmando a mente.

Hoje em dia, principalmente com o crescimento das redes sociais, o mercado dos influenciadores tem se expandido cada vez mais em seus segmentos. A respeito desse estilo de vida esportivo, como tem sido a abordagem com o público na rede?

Cada vez mais temos novos corredores, confesso que muitas vezes no meu próprio Instagram eu penso: “Meu Deus, todo mundo está correndo?” E por um lado, eu penso que muitas daquelas pessoas que hoje dão dicas e disputam corridas comigo foram influenciadas por mim. É muito gratificante saber que, de algum jeito, você ajudou a pessoa a ligar um gatilho para o próprio bem dela. Por outro lado, penso: “Mas e aí? O mercado vai ficar saturado?” Não creio. Acho que cada pessoa acaba criando suas próprias comunidades e todos temos algo que não pode ser jamais copiado: nossa experiência de vida. E essa vale ouro. Se você souber tirar proveito dela para ensinar outras pessoas, você venceu. Tem que se atualizar muitas vezes, mas aquele lugar te pertence. Mostrar o dia a dia é a melhor abordagem, eu creio… Quem fala ensina, mas quem dá o exemplo arrasta.

Babi Beluco (Foto: Divulgação)

Até o momento, você já correu por diversos países do mundo. Qual foi o país que mais te marcou e por quê?

Ah, sem dúvida, Estados Unidos. Tive grandes conquistas de corrida e também de vida por lá. Quando eu morava em NY modelando, abri meus olhos para a distância de uma maratona, pois eu vi pela primeira vez ela acontecendo pelas ruas. Aquela energia me alucinou. Depois, ainda nos EUA, em Chicago, fui a 3ª brasileira melhor colocada e fiz o tempo de 2:57 na maratona, isso é épico. Por último, corri a maratona de Boston, que é a rainha das maratonas, a mais difícil de todas, pois você precisa de um índice para competir e, voltando então a NYC, é a maratona que sonho fazer como próxima. Então, realmente, EUA é meu lugar especial quando penso em corrida.

De forma geral, como acredita que o esporte tenha mudado sua vida? A Babi de hoje é a mesma de antes de tudo isso?

É bem difícil lembrar a Babi antes da corrida. Pode ser que eu confunda o que é ser uma adolescente com uma mulher. Comecei a correr com 14 anos, que foi quando também desabrochei para a vida. Uma coisa que mudou e sempre muda a cada dia é a confiança. Eu percebo que, se eu não posso correr por algum motivo (lesão, doença), eu me sinto insegura, impotente, sem ânimo. Eu acho que a confiança de sentir que eu venci a inércia a cada dia me traz a sensação de poder que eu preciso para enfrentar o dia.

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*Com Regina Soares

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