A cantora e compositora curitibana Bruna Pena mergulha entre o eletrônico, o pop e o indie na envolvente e sensual “Get Me In The Wind”. A faixa é uma reflexão entre o efêmero e o perene e consolida uma das marcas do trabalho da artista: representar as sensações de uma geração em busca de conexão, com o mundo externo e também com o interno. A canção chega com um lyric video.
O novo single vem para somar a uma carreira que se iniciou em 2009 nas bandas Janela Oval e Hot Beigal Shop e passa ainda por uma atuação como roteirista e diretora na Salted Films. Desde 2022, a artista vem revelando uma série de novidades onde seus três lados – musical, lírico e visual – se encontram de forma inédita.
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Bruna Pena está pronta para apresentar ao público suas canções mais intensas, viscerais e sinceras e conta com mixagem e masterização de Vivian Kuczynski. As novas faixas já estão disponíveis para streaming via Dorsal Musik. Confira a entrevista!
Flutuando entre o eletrônico, o pop e o indie, sua nova música “Get Me In The Wind” reflete sobre o efêmero e o perene. Como tem sido a recepção em relação ao público e como foi a história dessa música?
As pessoas têm comentado que a música lembra uma corrida. E pra mim essa música é uma corrida entre tempo e vento. O vento da terra da minha mãe, que já bagunçou o cabelo de muitas mulheres da minha família, e o tempo que traz novas sabedorias e nos desafia a mudar e a traçar rotas não esperadas por quem veio antes de nós. Acho que ela é um pouco sobre essa busca de reconhecer em mim o que permanece dessa carga ancestral genética e escolher quais valores e crenças quero manter, quais eu quero me livrar.
Sendo essa uma das principais características que o seu trabalho vem carregando, está a representação das sensações de uma geração em busca de conexão com o mundo externo e com o interno. No momento atual da sociedade, você sente falta dessas conexões humanas?
Eu sinto que existe uma busca, pelo menos nas minhas bolhas, em criar essas conexões, em se conhecer mais, mas que é uma luta constante contra um sistema que se beneficia dessa falta de conexão. A publicidade, os blockbusters, as redes sociais, o “mercado de trabalho”, o agronegócio, todo esse sistema pautado no consumo e no crescimento desenfreado, cria cortinas de fumaça para a nossa percepção da gente mesmo e do outro. Não nos dá tempo de criar essas conexões. O que é perfeito para a manutenção desses mesmos sistemas, pois quando estamos desconectados, estamos vulneráveis, mais manipuláveis, controláveis, influenciáveis. Compramos mais, seguimos mais ordens, não questionamos, não mudamos o mundo.
Antes de seguir por uma carreira solo, você participou de bandas como Janela Oval e Hot Beigal Shop. Quais momentos que mais recorda da carreira em grupo e qual a principal diferença que percebeu ao seguir seus projetos solo?
Eu lembro do primeiro ensaio em estúdio, da primeira viagem de avião, da gente escolhendo as músicas do repertório, imaginando ensaios de fotos. Mas o mais intenso é quando toca alguma música que fazia parte do setlist e sou inundada pelos sentimentos que sentia ao tocar anos atrás.
Em grupo você compartilha as lutas e também as alegrias, mas você também se submete mais – ainda mais sendo mulher. Todas as decisões são negociadas, o que exige paciência e um nível alto de argumentação. Quando vai pra um canal de potencializar o trabalho é genial, porque o nível crítico aumenta e se constrói coisas cada vez melhores. Mas às vezes o canal é meio picuinha e isso é uma bosta pra todo mundo.
No meu projeto solo o frio da barriga é maior, não tem com quem eu possa dividir os riscos de um investimento que dá errado, de uma letra que pode ter uma interpretação equivocada, de um show que flopa. Mas tenho uma liberdade criativa gigante e posso determinar mais o tempo das coisas acontecerem, não tenho que negociar, convencer ou abrir mão de alguma ideia. Ainda assim solo não é sozinho, porque você troca com produtores, com designers, outros compositores, músicos, etc.
Além da música, você também teve uma passagem pelo universo cinematográfico, se tornando roteirista e diretora na Salted Films. Como foi o cinema e a música se uniram na sua vida? O que veio primeiro?
Impossível dizer quem veio antes, porque eu era apaixonada por música e cinema de pequena já. Eu cresci vendo filmes no fim de semana com meu pai, a gente ia na videolocadora e eu ficava maluca entre todas aquelas caixinhas de histórias. A música chegou em mim pelas rodas de violão na casa da minha avó materna e de ouvir discos e tirar encartes para cantar com a minha mãe. Música e cinema se uniram quando eu comecei a criar vídeos para as bandas que eu tocava, não só videoclipes, mas vídeos teasers para divulgar shows, sessions, etc.
Desde o ano passado, você vem demonstrando desenvoltura nos lados musicais, líricos e visuais da sua vida, ambos se encontrando de uma forma inédita. Na sua opinião ambas conseguem contribuir para a evolução da arte como geral?
Com certeza, uma potencializa a outra. No meu caso essa coisa de especialização não funciona muito, eu aprendo sobre cinema ouvindo música, eu leio poesia e aprendo sobre roteiro. As coisas se cruzam e uma dá insights sobre a outra. Eu imagino um coração desenhado em um papel e esse papel sendo amassado e desamassado em stop motion e em seguida vem um “tu dum, tu dum” no meu ouvido e nasce uma música junto com um videoclipe, sabe? Tudo tá conectado aqui dentro da minha cabeça.
Definida como uma fase de abordagem mais intensa, viscerais e sinceras em suas músicas, as suas novas músicas estão recebendo mixagem e masterização da Vivian Kuczynski. Como tem sido a parceria entre vocês?
Foi meu primeiro contato com a produção musical e mix e master de forma mais direta, a Vivian me explicou muito do que era isso e foi super sensível e generosa com o meu trabalho. Ela trouxe espacialidade para as músicas e cada um de seus elementos e eu fui aprendendo a entender no ouvido, no sentir, (não só no racional) esse caminho do som pelo espaço.
Em relação aos seus planos de carreira, o que você tem projetado para o futuro, a curto e longo prazo?
Estou trabalhando em novas composições e montando um show só com composições autorais junto com Henrique Geladeira, técnico de som, guitarrista e produtor musical. Em paralelo estou produzindo uma nova single com a Erica Silva, produtora musical e baixista da Mulamba, que terá a participação de várias cantoras do Paraná. Essa single virá acompanhada de um material audiovisual bem interessante, uma mescla de documentário com videoclipe com a participação de várias diretoras mulheres. Também queria fazer uma turnê e levar o som para vários lugares do país, podendo conhecer e cruzar com outros sons pelo caminho.
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