Carlos Sales resgata um dos grandes clássicos da música brasileira em sua nova versão de “Tocando em Frente”. Com a sonoridade marcante da steel guitar, o cantor e músico oferece uma perspectiva única para a canção composta por Almir Sater e Renato Teixeira. Ao lado do renomado produtor musical Rick Ferreira, Sales se reinventa como um escultor sonoro, explorando novas camadas e ressignificando uma das mais belas crônicas cotidianas da música caipira.
Lançada originalmente em 1984, em meio a um Brasil sob a sombra da ditadura e à espera da democracia, “Tocando em Frente” transmitia uma mensagem de resistência e esperança em tempos difíceis. Hoje, quase 40 anos depois, a canção continua relevante em uma sociedade brasileira que enfrenta desafios contemporâneos, como polarização e crises econômicas. A música ressoa como um hino de perseverança, inspirando os brasileiros a enfrentar adversidades e a manter a esperança em um futuro melhor.
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Carlos Sales, conhecido por seu trabalho autoral, expande sua trajetória artística ao assumir o papel de intérprete. Com lançamentos anteriores, como os álbuns “Assim” e “Pra lá de sério”, e os singles “Festa no Céu” e “Gostoso Demais”, o músico sempre busca transmitir uma perspectiva positiva e promover conexões humanas. Agora, com “Tocando em Frente”, ele adiciona mais um capítulo a sua carreira, trazendo uma nova luz a uma canção eterna. O single já está disponível em todas as principais plataformas de música.
Por que você escolheu regravar a música “Tocando em Frente”? O que essa canção representa para você?
Eu decidi fazer a gravação da música Tocando em Frente para realizar uma vontade antiga, essa música na verdade sempre fez parte do meu repertório de violão em casa, é uma música que eu sempre cantei de forma natural então tinha essa vontade há muito tempo de realizar essa versão que tivesse minha cara o arranjo e a forma de interpretar essa letra, que sempre me tocou
Você trouxe uma nova sonoridade para a música, substituindo as violas pelas steel guitars. Como surgiu essa ideia e qual o impacto que você espera alcançar com essa abordagem diferente?
Desde o início, minha ideia de arranjo é que fosse algo diferente da música original, porém sem distanciar e respeitando a forma que a música nasceu, então foi isso. A ideia desde o início foi que essa música acontecesse numa crescente, o arranjo começa minimalista, só um pad de teclado, sintetizador e a voz apenas. O baixo só entra lá na frente e o violão vai chegando aos poucos, e o violão que foi acrescentado depois foi o Rick Ferreira que gravou, super arranhador! E ele gravou violões, steel guitar – que também só entra da metade da música para a frente, corroborando ainda mais com a ideia inicial que era o lance do arranjo em crescente, sempre respeitando a obra original.
“Tocando em Frente” foi lançada há quase 40 anos e ainda é considerada uma canção atemporal. Como você acha que ela continua relevante nos dias de hoje?
A letra dessa música toca as pessoas de forma otimista, a meu ver ela tem uma mensagem que nos faz levantar a cabeça e seguir em frente, uma mensagem de superação e eu acho que isso é um tema atemporal, vai estar sempre presente na cabeça de todos e por isso, a cada momento, ela é reinventada enquanto a mensagem segue intacta. Ela toca todo mundo!
Como foi trabalhar com o renomado produtor musical Rick Ferreira nessa regravação? Quais foram as contribuições dele para o resultado?
Para o arranjo eu contei com a presença ilustre do Rick Ferreira, super produtor e a faixa só tem eu e ele tocando. Eu toquei parte dos teclados, baixo, bateria e ele tocou a parte de cordas, violões, steel guitar e tocou um piano também. O Rick é meu parceiro, virou amigo através dos trabalhos, muitas produções dele eu estou junto, dei a sorte de trabalhar junto com ele, gravar bateria e fazer mixagem, então foi muito natural essa parceria, não é a primeira, já fizemos algumas e faremos outras, mas ele faz muita diferença na faixa. A experiência que ele tem de ter trabalhado tantos anos com Belchior, Raul Seixas, Erasmo Carlos e muitos outros, acrescenta muito a minha música, ele realmente é muito experiente, tem a assinatura dele na sonoridade da música, ele entrou ali e transformou a música, gravou uma guitarra barítono também, essa música tem essa curiosidade, além do steel guitar e violões, ele tocou uma guitarra barítono. Só tenho a agradecer ao Rick, ele é um mestre, um grande ídolo e é um luxo contar com ele na faixa.
Além de ser um músico, você também é um baterista talentoso. Como foi a transição para assumir o papel de intérprete nesse projeto? O que te motivou a explorar essa nova faceta?
Algumas pessoas me perguntam como foi essa mudança de baterista, porque sempre fui baterista, desde muito novo, para cantar e tocar e o que eu posso falar sobre isso é que foi muito natural, praticamente na mesma idade que comecei a tocar bateria, eu comecei o violão em casa – óbvio que a bateria era o instrumento mais presente na minha vida, foi o que me jogou para os palcos. Foi na bateria que toquei em muitos lugares, me deu experiência musical e a conta ainda maior de tocar minhas músicas, tocando violão e cantando lá na frente, mas isso foi muito natural, pois já fazia em casa e o ato de compor para mim sempre foi uma terapia, algo natural, nunca foi um estudo, ou nada nesse sentido, é uma vontade mesmo de botar as ideias para fora em forma de música, eu sempre fiz isso e por isso sigo fazendo. E nada me impede de no meio do caminho fazer umas versões de músicas que me tocam, já fiz uma do Chico César, outra do Arnaldo Antunes e agora Tocando em Frente, canção que eu sempre gostei muito.
Além de “Tocando em Frente”, você lançou outros singles e álbuns ao longo da sua carreira. Como você descreveria a evolução do seu som e estilo musical ao longo do tempo?
Essa versão que eu lancei agora não estava planejada, era só uma vontade antiga, mas eu sigo fazendo meu trabalho autoral, inclusive tô com música nova pra ser lançada em breve e é isso, a ideia é seguir lançando músicas novas e também não parar de fazer versões, acho que é muito bacana quando a gente consegue imprimir nossa identidade numa música que as pessoas já conhecem – e amam – isso facilita a curiosidade das pessoas em conhecerem as minhas músicas também, faço isso de forma natural e seguirei fazendo.
Como é equilibrar sua carreira solo com o trabalho como baterista em projetos de outros artistas? Como essas experiências influenciam sua música?
Em paralelo aos shows autorais que venho fazendo, onde sempre também interpreto essas versões. Sigo tocando bateria, acompanhando alguns artistas, recentemente tive a experiência de tocar novamente com o Arnaldo Brandão, sigo tocando com o Baia, tive a oportunidade recente de tocar alguns shows com Milton Guedes, foi uma ótima experiência e isso também me realiza profissionalmente, alimenta minha alma. Então, sigo cantando meu trabalho autoral, mas também gostaria de seguir tocando bateria, uma coisa não impede a outra.
Você já teve a oportunidade de se apresentar em grandes eventos e dividir o palco com artistas renomados. Quais foram alguns dos momentos mais marcantes da sua carreira até agora?
Sempre que me perguntam qual foi o momento mais bacana da minha carreira eu preciso dividir em duas etapas: a minha carreira como baterista, que é acompanhar os artistas, e tem a minha carreira autoral. Como baterista tive a oportunidade de tocar no Rock in Rio e Lollapalooza. Lollapalooza foi bem especial, a gente tocou no palco principal antes do Pearl Jam, ambos com Mauricio Baia. Enfim, esses dois foram de fato momentos de destaque na minha carreira como baterista. Ainda com Baia, toquei na Europa, muita coisa bacana aconteceu! Agora, na minha carreira autoral, que é mais recente, acho que o momento de maior destaque foi o programa Experimente, do canal Bis. Um programa autoral que tem um alcance muito grande, é exibido em rede nacional e lá eu pude falar um pouco da minha carreira e tocar minhas canções ao lado da minha banda. Certamente foi um dos momentos marcantes da minha carreira.
Além da música, você mencionou a importância de transmitir uma perspectiva positiva e promover conexões humanas. Como você busca alcançar esse objetivo por meio da sua arte?
A arte, ela tem o poder de tocar, de modificar as pessoas, seja a música, artes plásticas, uma peça de teatro, onde muitas vezes a gente é tocado por um texto e sai transformado depois dessa experiência, a música também tem esse poder muito forte, muito intenso. Um privilégio fazer música nesse sentido, saber que você pode emocionar uma pessoa. Tantas vezes eu recebo mensagens de pessoas falando que choraram com minha música, enfim, isso é muito gratificante. Não é para isso, chorar, que a gente faz rs, a gente faz porque também é tocado pela música e bota para fora, mas é óbvio que quando a gente vê essa energia replicada e dividida, isso amplifica a nossa sensação de estar vivo. Viver sem arte não dá!
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