Um dos clássicos da música brasileira dos últimos 30 anos, “Sereia”, de Lulu Santos, ganha um olhar aproximado da nova MPB pela cantora paulistana Débora Costa. A faixa antecipa o disco da artista, chega às plataformas de streaming e com um clipe.
Débora canta e toca violão desde os 14 anos. Após um período longe da música, voltou à ativa em 2018, quando produziu um show em homenagem a Madonna, cantando e tocando à frente do grupo Like a Band. Durante a pandemia, fez diversas lives temáticas cantando MPB e pop rock.
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Atualmente, Débora Costa prepara a finalização de seu álbum de estreia, que contará com “Sereia” e singles autorais que lançou recentemente – como “Resistir”, “Um Romance” e “Eu Não Sei Dizer Não”. Confira a entrevista!
Com mais de 30 anos do seu lançamento original, você acaba de lançar uma nova versão de “Sereia”, sucesso de Lulu Santos, porém, em um estilo mais aproximado da nova MPB. O que a chamou atenção para trabalhar em cima dessa música?
Durante a pandemia, quis experimentar tocar ukulele, um instrumento havaiano, e logo lembrei dessa música. Daí fiquei experimentando os tons que combinavam com a minha voz e que, ao mesmo tempo, fossem simples de tocar neste instrumento, ainda novo pra mim. Essa música me encanta porque promove um mergulho nesse universo da sereia, com uma melodia envolvente e uma letra poética que traz elementos da natureza, como o mar, o sol, as ondas, te transportando para um cenário de praia. E também acho lindo como a letra fala sobre ilusão, brincando com a ideia de miragem, delírio e da própria sereia, que é um símbolo de encantamento e ilusão.
Esse lançamento acabou servindo de antecipação para o seu novo disco que será lançado em breve. Como estão suas expectativas e a preparação para sua chegada?
Estou muito feliz de lançar meu primeiro álbum, que além de Sereia, traz outras 9 canções de autoria própria. Venho preparando esse trabalho desde 2021 junto com a produtora musical Vivi Rocha. Estou na fase de divulgação do lançamento, que acontece no dia 10 de março, e também preparando um show com esse repertório no dia 28 de março, no Teatro da Rotina.
Sobre conseguir trazer essa nova roupagem, sabemos que assim como na tecnologia, três décadas são um grande avanço na indústria fonográfica. Como foi o processo de conseguir trazer “Sereia” para os estilos atuais e em sua opinião, sempre temos como inovar com os sucessos?
É muito desafiador dar uma nova roupagem a um clássico, de uma forma que mantenha a essência da música também. Eu e a Vivi Rocha pensamos em manter o clima praiano, com guitarra e percussão, mas trazendo novos elementos, como o ukulele (instrumento de cordas havaiano), o pocket piano (uma espécie de sintetizador com teclado), e o Qchord (um instrumento musical eletrônico com teclas que produzem efeitos sonoros diferentes). Outro ponto fundamental no arranjo são os vocais, que abrem a faixa e se fazem presentes ao longo de toda a canção, representando o canto da sereia.
Produzida durante a pandemia, essa versão foi feita inicialmente somente com voz acompanhada do ukulele. Com o isolamento social acontecendo e consequentemente a demanda aumentando pelo entretenimento, acredita que esses dois anos tenham sido um período fértil para as novas criações?
Para mim, foi muito fértil, pois foi o momento em que me arrisquei mais e me joguei na música, fazendo vídeos, lives e começando a compor. Acho que a pandemia me deu um senso de urgência de fazer tudo aquilo que antes tinha medo ou insegurança e acabava adiando ou deixando pra lá. Acho que o isolamento também me ajudou a criar mais por ter sido uma fase em que pude me conectar mais comigo mesma, ter momentos de silêncio e mais tempo para processar ideias e emoções sem tantas interferências externas.
Além de você, outros grandes talentos que se juntaram ao projeto, como a produtora Vivi Rocha. Como foi a troca de vocês durante o nascimento dessa nova versão?
Além de produtora musical do álbum, a Vivi Rocha também é minha preparadora vocal. Toda semana trabalhamos técnica vocal e também interpretação, então tivemos bastante troca ao longo do processo sobre o arranjo musical e de vozes. No caso de Sereia, a Vivi ouviu minha versão voz e ukulele e foi criando o arranjo em cima, incluindo outros instrumentos e também as linhas de vozes. Conversamos bastante sobre a importância do protagonismo do ukulele e das vozes, para manter essa ideia da versão inicial, mas com novos elementos que reforçassem essa “vibe” praiana, leve e romântica.
Além de todo o contexto da música, o instrumental também tomou uma parte importante da faixa, sendo um deles o uso de guitarra para promover timbres mais havaianos. Como se deu o processo de escolha desse instrumento e como definiria o estilo dessa música?
A guitarra acabou entrando na música no dia da gravação mesmo. A ideia inicial era que o pocket piano e o Qchord trouxessem esses timbres havaianos, mas no dia da gravação, o Habacuque Lima, dono do estúdio Trampolim e quem mixou a faixa, sugeriu gravarmos na guitarra a linha originalmente feita no baixo pelo músico Bruno Smaldino. Ficou tão legal que a Vivi resolveu incluir na versão final.
Apesar do sucesso que tem feito hoje, a sua história na música vem desde muito jovem, ainda aos 14 anos, quando começou a tocar violão e a cantar. Você se recorda de como foi que a música entrou na sua vida e como avaliaria a participação dela hoje em quem você é?
Eu comecei a estudar canto e violão com 14 anos, mas creio que minha relação com música começou antes, porque fiz aulas de dança (ballet, jazz, sapateado) dos 3 aos 17 anos. Então sempre me envolvi com arte, mas foi na adolescência que mergulhei mais a fundo na música. Interessei-me primeiro por canto, mas logo senti a necessidade de tocar um instrumento. Foi com o violão que comecei a ter mais contato com MPB e bossa nova. Nessa fase, fiz um pouco de tudo: toquei em bandas de repertório pop rock, estudei e me apaixonei por percussão, fiz voz e violão em barzinhos e integrei grupos de coral.
Celebrando o seu retorno após um hiato, em 2018, você retornou aos poucos com um show em homenagem à cantora Madonna, tocando e cantando ao lado do grupo Like a Band. Como foi participar desse projeto?
Eu tive a ideia de montar a banda Like A Band depois de ter ido a uma festa em homenagem à cantora em Nova York: a Madonnathon, algo como “Maratona da Madonna”, que os fãs organizam todo ano na semana de aniversário dela. Lá, havia uma banda que tocava suas músicas com uma pegada mais rock. Aquilo me encantou, e tive vontade de fazer algo parecido aqui no Brasil. Então em 2018, quando a Madonna fez 60 anos, pensei que seria a ocasião perfeita para dar vida a esse projeto. Chamei alguns amigos que também curtiam o repertório da cantora e fizemos alguns shows tocando as músicas da Madonna em uma formação de guitarra, baixo e bateria e foi incrível. Muito se fala da importância da Madonna pelo visual, dança, quebra de paradigmas, comportamento, mas seu lado compositora e o valor de suas músicas é pouco destacado. Foi incrível mergulhar na sua obra e descobrir tanta riqueza em suas letras e harmonias.
Além dessa nova versão de Lulu Santos, esse novo álbum vai apresentar os singles autorais “Resistir”, “Um Romance” e “Eu Não Sei Dizer Não”. Como costumam funcionar os seus processos criativos e quais considera serem os elementos vitais que não podem faltar na sua música?
Não tenho um processo criativo padrão, cada música saiu de um jeito diferente. A maioria das vezes surge de uma brincadeira no violão, mas já fiz músicas a partir da letra ou até só cantando. A maioria delas é inspirada em algo que vivi ou senti, mas também já criei letras em cima de histórias que não vivi. Dos elementos vitais, acho que as canções que faço ou gosto de cantar são sobre amor e empoderamento feminino. Aquilo que inspira e dá força.
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