Plural, Felipe Velozo rompe as barreiras do estereótipo de galã. Muito além do corpo definido, o baiano vem chamando atenção pela sua versatilidade. Se você é espectador da Globo, com certeza já viu Felipe na telinha. No ar como o gerente de banco, elegante e doce Tomás no folhetim das 18h “Mar do Sertão” e recentemente como Neto, o jogador de futebol garanhão em “Família Paraíso”.
Marcado como seu primeiro longa-metragem, o filme premiado dirigido por Wagner Moura e estrelado por nomes como Seu Jorge e Adriana Esteves, foi exibido em formato de minissérie, dividido em 4 episódios com cenas inéditas. Confira a entrevista!
Carregando...
Não foi possível carregar anúncio
Na dramaturgia e na música, por exemplo, é comum vermos artistas que começam muito cedo, já se interessam pela área e iniciam a carreira na infância. Você, por outro lado, chegou a fazer Direito e só depois resolveu seguir carreira artística. Como você decidiu ou descobriu que queria ser artista?
Na verdade, se for seguir a rota da minha vida a arte veio antes de tudo. Meu pai e meu irmão sempre tocaram violão. A música sempre fez parte do meu dia. Meu irmão chegou a ser músico profissional e eu segui seus passos logo depois. Eu fiz teatro na igreja quando era criança, eu comecei a tocar profissionalmente (percussão) aos 16 anos, e por aí vai…Então acredito que sempre fui, só não tinha isso na minha “bio”(risos).
As barreiras do estereótipo do galã, você hoje possui uma vasta gama de personagens na dramaturgia, e atualmente, o seu papel está sendo do Tomás na novela “Mar do Sertão”, novela das 18h da Rede Globo. Como tem sido a experiência de viver esse personagem que ao mesmo tempo que demonstra elegância também traz uma personalidade doce?
Esse pra mim é o ponto que mais me desperta interesse. Porque traz humanidade. Toda vez que me deparo com um personagem com camadas expostas e escondidas, dualidades, conflito, isso me empolga. A vida é assim! E isso faz com que o público se aproxime, se identifique. Tomás é doce, gentil, romântico, mas também perdeu a cabeça e deu um soco no Sheik, dentro do banco, enquanto trabalhava, o que gerou sua demissão. Tomás é elegante, sorridente, conselheiro, mas também esbanjou sensualidade, vigor e força quando apareceu sem camisa. É isso! Ninguém é uma coisa só.
Outra produção que já está confirmada para a segunda temporada, é “Família Paraíso” que se trata de uma comédia com Leandro Hassum e que fala sobre o cotidiano de uma casa de idosos, onde você vive o jogador de futebol Neto. Como estão suas expectativas para dar continuidade a esse projeto?
Eu adoro esse projeto, o elenco e o que ele representa. Neto é “Boleirão” e me aproxima de um universo que sou apaixonado: o futebol! Minha história com Hassum começa a doze anos atrás, ele foi a primeira pessoa que me levou no Projac , na vida. Esse reencontro foi muito emocionante. Além disso, tratar de um tema tão necessário como o etarismo, através de um texto e formato leve, dinâmico e muito engraçado. Está de voltas série é uma oportunidade de seguir aprendendo com tantos gênios que chamo da Universidade Brasileira de Comédia.
Você tem trabalhado com grandes nomes da TV e do cinema brasileiro, como Debora Bloch, Wagner Moura, Seu Jorge, entre outros. De que maneira isso afeta o seu trabalho, em termos de aprendizagem, de responsabilidades e até nervosismo?
O artista e pessoa que sou são reflexo direto dos colegas, lugares e projetos que passaram pela minha vida. Eu fui e sigo sendo muito abençoado na construção da minha carreira. Não é somente no set de filmagem, durante a gravação, mas principalmente nos bastidores, na “coxia” que se molda profundamente a minha conduta e aprendizado. É preciso estar atento de olhos, ouvidos e alma pra beber da sabedoria desses grandes e crescer com eles a cada encontro. Até hoje, paro e penso nas pessoas com quem cruzei, conversei, trabalhei e só sei agradecer a Deus. Jamais vou “fingir costume”!
Sendo esse um dos projetos mais impactantes do cinema nacional em 2019, você esteve no elenco do filme “Marighella” do Wagner Moura, e que contou a história de Carlos Marighella, que lutava contra a ditadura no Brasil. Poderia conta um pouco mais da experiência de ajudar a contar essa história que foi tão importante para a história do nosso país?
Sabe quando uma seleção ganha a Copa do Mundo? Todos os atletas, comissão técnica, equipe ganham a mesma medalha. É exatamente assim que me sinto, um campeão! Joguei ao lado de grandes craques do meu país, tive o melhor treinador possível, competente, atento e generoso e toda equipe estava sempre buscando um golaço do primeiro “ação” até o último “corta”. Inesquecível ter estreado no cinema dessa forma.
Você pode contar um pouco como foi o processo de preparação e como você foi cotado para o elenco de Marighella?
Eu decorei o livro do Mário Magalhães (que deu origem ao roteiro do filme) e dali o universo daquela época tão perversa, difícil e sombria já se formava na minha cabeça. Eu sempre quis fazer esse filme. Sempre! Não sabia o que, como, nem onde, mas sabia que estaria contando aquelas histórias com aquelas pessoas. A muito custo consegui o contato do produtor de elenco, fui (sem ser convidado) no local dos testes e disse do meu interesse. Tempos depois ele me ligou e o resto é história. Ou melhor, é filme. (Risos)
Além dessa novela atual da Rede Globo, você está como protagonista da série “Vale dos Esquecidos’ da HBO Max, interpretando dois personagens completamente diferentes que é um lutador de MMA e uma prostituta do século XVIII, onde inclusive teve que ganhar 10 quilos de massa magra. Nesse caso, você classificaria que a série tenha te dado mais trabalho no processo de preparação? Como foi entrar nesse universo fitness?
Sem dúvida. Eu sempre pratiquei esportes e tenho uma alimentação saudável. Nunca fumei e já tinha parado de consumir bebida alcoólica quando surgiu a série. Mas, pra construir o “Coyote”, precisei de uma disciplina e dedicação que nunca tinha alcançado. Além do estudo profundo na interpretação, fazia musculação, natação, boxe, jiu-jitsu, corria, além de uma dieta muito rígida. Cheguei onde queria, só que aí veio a pandemia. Foram dezoito meses parados, trancado em casa, tive uma filha e voltei ao ponto de partida até retomar as filmagens. Ou seja, fiz o percurso duas vezes. O protagonismo é um posto que requer um mergulho em águas bem profundas e saí desse processo com a “casca mais grossa”.
A série Eleita, lançada em 2022, marca outro trabalho na comédia audiovisual. No mesmo ano, também foi lançada no mesmo ano, sendo uma série de terror. Qual desses gêneros te desafiou mais enquanto ator ou foi mais difícil de fazer?
São exercícios bem diferentes, mas todos com exigências muito importantes. Pra fazer “Eleita”, contracenar Diogo Vilela, Clarice Falcão é tanta gente especialista no Universo da comédia eu precisava de uma atenção redobrada. A velocidade das cenas, diálogos e principalmente raciocínio é muito, mas muito mais rápida. Já no “Vale dos Esquecidos”, eu tinha uma demanda emocional, muito sombria. Era tudo no olho e corpo. Foi uma série que em 10 episódios, meu texto “falado” é muito pouco. Precisava dizer tudo, sem abrir a boca”.
Você já tem interpretado personagens bastante distintos uns dos outros, mas existe algum arquétipo de personagem que você gostaria de dar vida ou alguém com quem você sonha em contracenar?
Eu penso em fazer sempre personagens que me desafiem. Ação, tramas de época e o universo da música estão no meu radar. Agora com quem trabalhar, eu sonho em dividir a cena (no teatro , TV ou cinema) com tanta gente que me inspira. Mas pra listar alguns de gerações diferentes: Fernanda Montenegro, Irandhir Santos, Júlio Andrade, Leticia Colin, Mariana Nunes, Augusto Madeira, Fabrício Boliveira e Gabriel Leoni.
Acompanhe Felipe Velozo no Instagram
*Com Regina Soares