Muitas pessoas enfrentam o medo de falar em público, o que pode levar a problemas significativos em suas vidas. De acordo com dados do jornal britânico Sunday Times, o medo de falar em público está entre os maiores temores do mundo, superando até mesmo o medo relacionado a questões financeiras, doenças e até mesmo a morte.
Existem várias razões pelas quais esse medo pode surgir: medo de cometer erros, falta de autoconfiança, experiências passadas traumáticas na comunicação, pais supercontroladores, dificuldade em lidar com hierarquias baseada em experiências na infância, entre outros. Diante desse cenário, Fran Rorato, especialista em comunicação e oratória, fundadora da 2Talk Show e CEO da Vox2You São Paulo, reuniu 5 dicas para ajudar aqueles que têm medo de falar em público.
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Segundo Fran, para superar o medo de falar em público, é necessário identificar todos os pontos que causam o temor e expor a pessoa a esses medos de forma contínua e controlada, a fim de ganhar cada vez mais autonomia e controle ao realizar essa tarefa. Resumindo, o processo envolve o uso de técnicas, treinamento e autoconhecimento. A especialista afirma que é totalmente possível superar completamente o medo de falar em público.
Procurar um curso para auxiliar nesse processo de superação pode ser uma alternativa. No entanto, Fran adverte que nem todos os treinamentos de oratória serão eficazes e ajudarão a resolver o problema. Por exemplo, cursos de oratória online não possuem a mesma eficácia que os presenciais, pois não oferecem a exposição controlada que as pessoas com medo precisam.
Como você vê o medo de falar em público e por que acredita que tantas pessoas têm esse medo?
Eu vejo o medo de falar em público como um limitador de crescimento em todas as áreas. É fruto da criação e vivências passadas que moldaram a personalidade, fragilizaram a confiança ou mesmo imprimiram traumas em uma pessoa.
No seu ponto de vista, quais são os principais desafios enfrentados por aqueles que têm medo de falar em público?
O principal desafio certamente é mostrar o seu valor e competência. Muitas pessoas acumulam uma bagagem pesada de cursos, MBA’s, outros idiomas e simplesmente não sabem comunicar esse fardo de conhecimento.
Você mencionou a importância do autoconhecimento no combate ao medo de falar em público. Poderia explicar como o autoconhecimento pode ajudar nesse processo?
Quando entendemos quem somos e as amarras que habitam o nosso interior, nos dá a possibilidade de trabalharmos essas questões. Quando falo que a dificuldade vem da nossa história e do nosso passado, está diretamente ligado com as emoções que carregamos desses momentos. Se conseguirmos ressignificar essas memórias e emoções, conseguimos ter um avanço na comunicação.
A respiração é uma das dicas que você mencionou para controlar a ansiedade ao falar em público. Poderia nos falar um pouco mais sobre como a respiração adequada pode contribuir para lidar com o medo?
A ansiedade e a respiração acelerada se dão por um processo de fuga desencadeado pelo nosso cérebro em um ponto chamado Amígdala. Essa “ferramenta” do nosso corpo é a responsável pela nossa decisão de enfrentar ou fugir diante de situações desafiadoras. Quando temos a crença de que falar em público pode nos trazer algo ruim, ou nos afetar de forma prejudicial (vem acompanhado dos pensamentos: vou errar, vão rir de mim, não vou conseguir, vou passar vergonha, etc..), essa Amígdala é ativada para uma fuga. Então, trabalhar a respiração de forma adequada reduz esse processo de ativação da Amígdala, oxigenando mais o cérebro e trazendo mais lucidez às palavras e à dimensão do desafio a ser enfrentado.
Preparação é uma das etapas cruciais para uma apresentação bem-sucedida. Quais são suas recomendações para se preparar adequadamente antes de uma apresentação?
Roteiro e treino. Entender e dominar o que vai ser dito e encadear essas ideias em uma linha com lógica e coesão é o primeiro passo para o sucesso. Depois, treinar em voz alta. Não adianta só pensar no que será dito, pois existe um espaço enorme cognitivo entre pensar e falar. A melhor forma de assimilarmos algo com eficiência é verbalizando. As chances de algo dar errado são bem baixas quando se tem domínio do conteúdo, um bom roteiro e muito treino.
O uso de um roteiro é uma das dicas fornecidas por você. Como elaborar um roteiro eficiente e como ele pode ajudar a prevenir brancos e manter o fluxo da apresentação?
Precisa ter coerência entre as ideias. Uma ideia precisa levar até a outra e todas devem estar agarradas a um esqueleto central. Um roteiro bem feito é o que leva o espectador a se sentir em uma jornada enquanto te escuta. E obviamente, se você sabe de onde está vindo e para onde irá, as chances de brancos serão nulas.
O treino é fundamental para melhorar as habilidades de falar em público. Você poderia compartilhar algumas estratégias ou exercícios específicos para treinar a oratória?
Acredito que se filmar e se assistir é algo verdadeiramente rico para quem quer começar a treinar a oratória. Observe se o corpo está conversando com as suas palavras, se está natural e à vontade. Observe as palavras, a forma como pronunciou, como formulou uma ideia, se o olhar se manteve na lente, se colocou muitos cacos, gírias e por aí vai… dá para aprender muito apenas se observando.
Você mencionou que nem todos os treinamentos de oratória são eficazes no combate ao medo de falar em público. Quais são os elementos essenciais que um curso de oratória deve ter para ser realmente eficaz?
Um curso de oratória, para ser eficiente, demanda exposição controlada e constante do desafio de falar na frente de outras pessoas. Os treinamentos online, por exemplo, podem agregar muito conhecimento, porém, não desenvolvem o caráter emocional e expositivo, além de não ter um feedback, ou seja, a pessoa pode passar anos treinando no erro.
Qual é a diferença entre treinamentos de oratória online e treinamentos remotos? E por que o formato remoto é mais eficaz para aqueles que têm medo de falar em público?
O online são treinamentos em que as pessoas assistem aulas em plataformas digitais e tentam extrair conceitos e técnicas para a aplicação no dia a dia. O remoto é bem diferente, pois o aluno aprende de forma personalizada – haverá uma outra pessoa (um professor) do outro lado, ao vivo, para compartilhar conceitos, te ver realizando os exercícios e pronto para realizar a correção e aperfeiçoar o desempenho.
Como você tem ajudado as pessoas a superarem o medo de falar em público por meio dos seus treinamentos e mentorias? Poderia compartilhar algum caso de sucesso ou experiência gratificante nesse processo?
Recentemente eu tive um aluno de São Luís do Maranhão que me procurou, pois era muito tímido e não conseguia passar em entrevista de emprego. É engenheiro formado e nunca conseguiu uma oportunidade na área. Realizei com ele um processo bem embasado em autoconfiança e fui adicionando aos poucos a questão da fala em público. Em 14 horas de aula, ele não apenas conseguiu uma entrevista na empresa dos sonhos dele, a VALE, como passou e já está trabalhando na empresa. Segundo ele, até o casamento melhorou.
Em nossa última aula, nos emocionamos juntos e creio que ele ficará pra sempre em minha história e eu na dele. Este, com certeza, é um dos casos que não carecia apenas da técnica, era preciso entender esse ser humano como um todo. Eu acredito que esse seja o grande diferencial, gostar de servir realmente como ferramenta de transformação de vida de outras pessoas.
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