No último dia 12, a talentosa cantora e compositora mineira, Isaddora, lançou seu mais recente single intitulado “Fio a Fio”, marcando assim uma nova fase em sua carreira autoral. Com uma abordagem intimamente conectada à sua vida pessoal, a artista celebra esse momento e reforça discursos importantes nos dias de hoje.
“Este single difere bastante dos meus trabalhos anteriores. Sinto que deixei para trás uma versão anterior de mim mesma e criei um mosaico a partir dessa busca incessante pela liberdade artística, de uma forma extremamente visceral. Acredito que esteja finalmente descobrindo minha liberdade artística e expressando minha verdadeira essência por meio da música”, compartilha Isaddora.
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Além das transformações ocorridas durante o período pandêmico, a vida pessoal da artista também passou por uma reviravolta significativa. “Casei-me, estou repleta de planos e profundamente apaixonada. É o clichê mais completo de uma ‘sapatão’. Na verdade, sinto que me tornei um clichê ambulante e tenho explorado isso sonoramente em minhas composições”, completa.
Lançado na semana anterior ao Dia Internacional Contra a Homofobia, em 17 de maio, a artista mineira explica: “Este single vai além de um mero clichê. Ele aborda o recorte do nosso amor, das experiências das mulheres, da representatividade lésbica, considerando o amor em si mesmo, com uma abordagem romântica desvinculada da visão heterossexual ou de outras perspectivas dentro da comunidade LGBT+. O amor é um sentimento abrangente, e eu quis transmitir isso de uma forma alegre. É sempre gratificante celebrar o amor na vivência atual como uma mulher lésbica, além de ser uma celebração de nossos corpos, do corpo de minha esposa e das mulheres que se identificam com isso. Também é sobre como essa celebração pode nos libertar. Trata-se de amar a si mesma para ser capaz de amar o outro, pois há uma verdade no clichê que diz que se você não se ama, não conseguirá amar alguém.”
Como você descreveria a evolução artística e pessoal refletida em “Fio a Fio” em comparação com seus trabalhos anteriores?
Eu descreveria minha evolução artística e pessoal como um movimento muito natural de autoconhecimento e reflexão. Apesar de ser muito nova, peguei tudo aquilo que eu já fui até agora, quebrei e formei uma coisa totalmente nova pra mim e fiz disso algo totalmente novo comparado ao trabalho que eu tinha feito anteriormente e tem sido uma experiência maravilhosa de experimentação, autoconhecimento e autoamor também.
Como foi a experiência de explorar sua liberdade artística e expressar quem você realmente é através da música?
Eu vejo essa experiência de me explorar tão livre artisticamente como a forma mais plena de autoconhecimento que eu posso ter, é onde eu realmente me encontrei, e eu vi que não tenho limite algum e eu vi o tanto que eu posso ser colorida, eu posso ser brilhante, eu posso ter orgulho de mim mesma, do meu trabalho, da minha comunidade. Eu me senti muito orgulhosa de ser uma mulher lésbica, de estar num relacionamento lésbico, de fazer parte deste grande coletivo, desde grande recorte maravilhoso que é a nossa comunidade LGBTQIAP+.
O Dia Internacional Contra a Homofobia ocorreu recentemente. Como você acha que “Fio a Fio” contribui para a representatividade lésbica e para a celebração do amor em todas as suas formas?
O dia 17/05, Dia Internacional contra a Homofobia, é uma data que eu encaro como um presente porque cai exatamente no dia do meu aniversário e isso faz eu me sentir mais feliz ainda de ser uma pessoa LGBT. Eu acho que “Fio a Fio” contribui para representatividade lésbica porque ela celebra o amor em todas as formas, ela celebra o corpo das mulheres, ela celebra o amor entre iguais e isso é muito importante para nossa comunidade. A gente tem que estar se reafirmando o tempo inteiro, para mostrar que a gente é bom, para mostrar que a gente é forte e para mostrar que a gente tem voz e que a gente está aqui produzindo arte.
Pode nos contar um pouco sobre o conceito artístico do visualizer de “Fio a Fio” e como ele se relaciona com a mensagem da música?
O conceito artístico de “Fio a Fio” começou com conversas entre a minha diretora de arte, minha esposa, Thaís Drummond. Essas conversas sempre giravam em torno da importância da arte para militância LGBTQIAP+, daí veio a escolha das cores e a luz. Como o conceito da música é sobre diversos tipos de amor e diversas forma de amar eu queria algo que transparecesse o arco-íris, por isso o glitter, os paetês que quando batem as luzes dá a impressão de um reflexo de arco-íris e se relaciona também com nossas formas de amar.
Como a cor roxa e o brilho do visualizer, juntamente com o rosa, representam a militância lésbica e o orgulho de ser você mesma dentro da sigla?
A cor roxa é a cor da bandeira da militância lésbica, então eu me encontrei nessa cor como pessoa. O brilho do visualizer reflete as cores do arco-íris, da nossa bandeira. O rosa pra mim é a cor do meu íntimo, é a cor que eu vejo dentro do meu íntimo. É a cor que eu briguei a vida inteira desde criança falando que eu não gostava e que hoje em dia eu amo e eu sinto muito orgulho dentro de mim, dentro da minha sigla e dentro desse trabalho e eu espero que ele inspire outras meninas, outras mulheres, outras pessoas.
Como tem sido a recepção do público em relação a “Fio a Fio” até agora?
O público tem sido muito carinhoso, eu tenho visto as pessoas dançando muito a música, que acabou virando até challenge no Tik Tok, eu fiquei muito feliz porque foi algo bastante inesperado e eu tenho visto muitas pessoas felizes com minha música, com minha evolução e até mesmo com meu orgulho. Eu tenho visto muitas pessoas se identificando e isso vem nos números também. A recepção tem sido maravilhosa e eu confesso que eu fiquei muito surpresa, eu não esperava tanto amor assim.
Quais são suas principais inspirações musicais e como elas influenciam seu estilo e som como artista?
A minha inspiração vem de lugares muito diversos como artista. Ela vem da música, vem das artes plásticas também. Eu penso que a gente pode juntar tudo num liquidificador e fazer aquele milkshake maravilhoso, delicioso de ritmos e referências maravilhosas. Eu tenho muitas referências que vem do meu estudo da música, que vem desde a música erudita e o jazz como Ella Fitzgerald, Billie Holiday, Sarah Vaughan. Ultimamente, para desenvolver esse trabalho, eu tenho ouvido muito do que está rolando aqui no Brasil e na América do Sul. Eu tenho ouvido muito a principal, maravilhosa Ludmilla, que é uma mulher preta, lésbica, tem muita representatividade no cenário musical e para mim ela a maior lutadora de tudo isso, a que está na linha de frente aqui no Brasil. Ouço muito também a Anitta que está abrindo muito as portas pra gente nesse cenário mainstream. Tenho ouvido muito Rosalía, Kali Uchis, Marina Sena que é demais, maravilhosa e é mineira também. E ouço sempre e muito Lady Gaga também porque eu sou uma little monster otaka.
Como você descreveria a importância da música na sua vida e como ela tem sido uma forma de expressão para você?
A música na minha vida está de uma forma inerente, onipresente e como principal forma da minha expressão. É a coisa mais importante da minha vida, é a forma que eu consigo existir como ser humano é fazendo arte, é fazendo música. É a forma como eu consigo me colocar, me posicionar, chorar, ser feliz, ficar triste, descansar, ficar cansada. É uma necessidade diária de todos os momentos. É como comer, é como respirar.
Quais são seus próximos passos na sua carreira musical? Há algum projeto específico em que você esteja trabalhando atualmente?
Esse projeto que começou com Fio a Fio faz parte do meu primeiro EP que vai ser lançado em agosto. Então até lá teremos vários lançamentos por esse meses que virão. Podem esperar algo bem maravilhoso para o dia 12/06, dia dos namorados, bem temática, bem camp, bem brega, bem amorzinho, bem gay, sapatão, bem feliz e colorido, arco-íris. Então vem mais singles por aí e eu acho que vocês vão amar. E ah, está vindo com um clipe maravilhoso, é tudo que eu posso dizer.
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