Formas de Amor

Jona Poeta lança o single ‘Último Gesto’ em celebração ao amor em todas as suas formas

Novo lançamento do cantor e compositor aborda de forma amorosa e madura o fim de um relacionamento, quebrando estereótipos e promovendo a aceitação das diversas expressões de afeto

Publicado em 07/07/2023
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No encerramento do mês dedicado ao Orgulho LGBTQIAP+, o cantor e compositor Jona Poeta lança seu novo single e clipe, “Último Gesto”, abordando de forma amorosa e leve o fim de um relacionamento. A canção, que ficou de fora de seu EP anterior, traz um olhar maduro sobre uma história vivida e busca a indulgência em relação ao ex-parceiro. O lançamento tem como propósito destacar a beleza e complexidade do amor em todas as suas formas.

O clipe, gravado em Florianópolis, rompe com os modelos normativos e apresenta uma narrativa que expressa a profundidade e a intensidade de uma história de amor entre dois homens. O trabalho busca desconstruir estereótipos e afirmar a validade dos afetos românticos, sem restrições ou moderação. O novo single marca uma nova fase na carreira de Jona Poeta, que se aproxima da sonoridade clássica da MPB com toques contemporâneos.

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Como surgiu a inspiração para a música “Último Gesto” e por que você decidiu lançá-la agora?

Eu escrevi os versos um pouco depois de serenar sobre o término que inspirou as músicas do meu primeiro EP “Soltei”de 2020, era uma homenagem a tudo que senti, um recapitulado mais generoso com aquela história, um olhar meu sem dor, mas esqueci daquela letra, até encontrá-la novamente em 2021 e iniciar a composição e concluí a produção em 2022, segurei o lançamento até conseguir gravar o clipe, eu queria contar bem a história sabe? A letra é intensa e sem o clipe não estava seguro se a homenagem seria percebida.

Qual é a mensagem que você quer transmitir com essa música em relação aos relacionamentos e términos amorosos?

Quero normalizar para as pessoas o fato de alguns amores continuarem vivos apesar dos términos de relacionamento, o amor sobrevive aos términos, e não tem nada de errado com isso e isso não impede de novas histórias e novos amores co-habitarem em nós. E que nós entendamos, que os fins de relacionamento vão acontecer, vai haver fins, nada na vida é eterno, e quando termina dói, muito, é um término, esperamos o quê? A dor da separação é um preço justo a se pagar pelo que o amor nos entrega e nos transforma.

Como foi o processo de produção da música e como você descreveria sua sonoridade?

Foi bastante desafiador para conseguir fugir do óbvio sem fazer firulas em nome de uma inovação inócua, a canção carrega a estrutura clássica de uma MPB romântica, Parte A, Refrão marcante, Parte B, Refrão Marcante, e eu gosto muito dessa estrutura, mas como a produção veio em 2022 onde eu e meus produtores Binho Manenti e Renan Ribeiro estávamos flertando mais com o Pop, quando lançamos inclusive “Perdi Você” e “Eu menti pra você” ela traz também elementos eletrônicos de Pop, Indie Pop. Esse entrelaço da MPB clássica com uma contemporaneidade eletrônica vai estar no meu próximo EP, que lançarei ainda neste ano, essa mescla sim virá pela inovação e ousadia.

Jona Poeta (Foto: Andressa Ferreira)

O clipe de “Último Gesto” tem elementos narrativos de romance entre dois homens. Qual é a importância de representar diferentes formas de amar na sua obra?

É mostrar que nossos amores são lindos, reais, profundos e complexos, tanto quanto os amores de pessoas cis-hetero também. Vejo muitas representações e pouca representatividade, quando retratam essas nossas histórias. Eu sou um homem bissexual então furo um pouco a bolha gay, mas percebo que a maioria dos homens gays de forma estrutural não teve referências afetivas romanticas na sua construção, esse espaço é negado e traz a marginalizaçãos dos afetos homoafetivos, e autonegação deste espaço também, como se nossos amores fossem uma segunda categoria de sentimento, não o mesmo que o de um casal cis-hetero. A única referência romântica que essa comunidade foi exposta é o relacionamento normativo e cis-hetero clássico da maioria das novelas, romances e videoclipes, esse modelo não comporta a maioria de nós, pois reflete uma visão do amor vinda de uma lente europeia branca com interesses socio-econômicos e religiosos na monocultura do afeto romântico, foi feito para manter privilégios sociais e por isso se sustenta para aqueles que detém os privilégios, sociais e religiosos, que não é o caso de dois homens se relacionando.

Como você descreveria a evolução do seu estilo musical ao longo da sua carreira?

Eu acho que tive uma tremenda sorte e benção de iniciar a carreira com a produção da Dandara Manoela e do Binho Manenti, eu tinha versos e um grande sonho, nem cantar direito eu sabia e eles me guiaram muito naquele início. Foi uma sonoridade plural no EP embora tudo muito amarrado, era bem diverso, uma veia de MPB muito forte, mas os synths e o eletrônico já se faziam presentes. Eu me sentia muito menos em condição de opinar naquele momento então eu seguia o que elus traziam de ideias e comentários, embora tanto Dandara quanto Binho me puxassem muito para tomar todas as decisões, eu mais concordava e respeitava a estrada dessas pessoas incríveis que tive a sorte de cruzar caminho. Agora, 4 anos depois, eu sei muito mais do que antes e ainda tem muito, mas muito para aprender, contudo eu tomo estou muito mais confortável com esse lugar de produtor do meu próprio som e familiarizado com este mundo, então minhas digitais e DNA estão muito mais expostas nos trabalhos novos e estou muito mais corajoso para fazer coisas novas.

Como você acha que o público vai reagir a essa nova música, especialmente em relação à sua abordagem madura sobre términos de relacionamentos?

Acredito que é uma reação de alívio, por se ver naquela obra e entender que não são as únicas pessoas que sentem aquilo. As pessoas têm vergonha social dos términos e são tão pressionadas para matar o amor que sentem por alguém que se relacionaram, que silenciam isto em si e aí sim faz mal, o amor que fica passada a dor do término, é uma lembrança gostosa de um período da vida que compartilhamos caminho com alguém, é bonito honrar com uma saudade madura o tempo, energia e a dedicação que alguém nos deu em um relacionamento passado.

Além do lançamento de “Último Gesto”, quais são seus planos futuros em termos de música e projetos artísticos?

Estou trabalhando no meu segundo EP, com 6 novas faixas que vão sair deste momento Pop que eu trouxe nos lançamentos mais recentes, não sair permanentemente, porque o pop é lindo, mas é uma sonoridade para um público que tem alguma estrada já com o amor, que senta na sacada numa noite pacata de terça-feira com uma taça de vinho ouvindo canções viscerais de  Buarque, Maysa, Filipe Catto para revisitar das histórias confusas que viveram, mas com um interesse prazeroso naquele emaranhado de memórias anacrónicas e desconexas. O EP vai ser um álbum visual então neste momento estamos em pleno trabalho de produção musical e audiovisual para cumprir nosso sonho de lançar nos próximos meses.

Como você vê o papel da música na promoção da diversidade e inclusão, especialmente no contexto LGBTQIAP+?

Acho fundamental, a arte para mim é antes de qualquer coisa uma necessidade de expressão, por ter sido uma criança viada silenciada pela violência e espancamentos, eu me mutilei comportamentalmente numa idade muito tenra para parar de apanhar por ser um menino afeminado, eu sou hoje o fruto dessa estratégia do meu eu criança para fugir das agressões diárias, sou um homem cis-branco padrão e masculinizado, cheio de passabilidade, mas isso me lembra que meu eu de hoje, …. eu sou o produto da violência que eu sofri, e a música, como todas as outras artes que eu tenho oportunidade de fazer é uma veia de expressão de tudo que foi silenciado em mim ao longo dos anos, por isso meus videoclipes trazem sempre essas temáticas, para primeiro pacificar meu Jona criança viada que ainda chora dentro de mim e para que nosso contexto seja cada dia mais normailizado na produção musical e artistica que protagoniza tantas mudanças sociais, quero sonhar que ao me consumir alguns adultos entendam a beleza e naturalidade das nossas existências e que não violentem suas crianças LGBTQIAP+ nem permitam que elas sejam violentadas.

Quais são as suas principais influências musicais e como elas se refletem na sua música atual?

Chico Buarque e Cazuza, embora sejam de origens sociais muito diferentes da minha, e tenham tido acesso a arte muito antes na vida do que eu tive, me vejo inspirados nas suas obras e trajetórias, pelo léxico das letras, a perspicácia dos versos e estrofes de suas canções, as temáticas e o não-lugar de bom cantor que lhes puseram em algum momento. Como só fui musicalizado adulto depois do deslocamento social eu me vi muito me sentindo impostor ao subir ao palco ou entrar no estúdio para cantar, mas a altivez de ambos me inspirou a continuar e fazer o melhor com o que eu tinha em mim todas as vezes que um microfone estava diante de mim.

O que você espera que os ouvintes levem consigo após ouvirem “Último Gesto” e assistirem ao clipe?

Que não precisa ficar eternamente de mal com uma história que viveram com alguém, só porque ela terminou, nada na vida dura para sempre, a própria vida tem fim. Meu clipe é uma homenagem à história linda que vivi, que inspirou 6 músicas lindas e que reside em mim no lugar das melhores memórias. A dor que senti no término foi um preço justo a se pagar quando olho o tanto de coisas lindas que esse amor me trouxe.

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