Se Jesus estivesse vivo, onde ele estaria e o que faria? Mesmo aqueles que estão distantes do Cristianismo já devem ter se questionado sobre o assunto ou se envolvido em debates calorosos repletos de teorias sobre o que poderia acontecer caso o profeta retornasse ao mundo. É um questionamento que extrapola os limites da religiosidade, pois suscita a curiosidade da população e também inspira várias produções culturais, como é o caso de “Irmandade da Cruz”, de autoria de Luiz Henrique Carvalho Mourad.
Para os aficionados por Dan Brown, o autor brasileiro também interpreta situações da Bíblia que foram consumadas quase como verdades absolutas. No entanto, neste lançamento, o Santo Graal, que conduz o enredo de “O Código Da Vinci”, não seria o cálice usado por Cristo na Última Ceia. Além disso, a partir da ideia de que o profeta está vivo, o escritor constrói uma narrativa repleta de enigmas e ameaças que colocam o mundo inteiro em perigo.
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Na história, um jornalista recebe um convite para participar da Irmandade da Cruz, uma sociedade secreta responsável por proteger Jesus e mantê-lo em lugares seguros ao longo dos séculos. No início, o protagonista não acredita nesse trabalho, mas, durante uma discussão com um dos líderes da organização, ele é convencido. O problema é que a associação enfrenta ameaças externas após um dos membros tentar se vingar e expor o paradeiro do profeta.
Com grandes reviravoltas e interpretações de situações bíblicas, Luiz Henrique constrói um enredo capaz de envolver tanto ateus quanto pessoas de fé. Por meio de teorias e fatos históricos, ele estreita as diferenças entre ficção e realidade, levando o leitor a questionar até que ponto este livro pode ser verdadeiro.
Nascido em Jundiaí, no interior de São Paulo, Luiz Henrique Carvalho Mourad trabalha com administração de empresas. Sem nunca deixar de lado suas próprias crenças religiosas, ele estudou para a área corporativa enquanto se aprofundava em conhecimentos diversos sobre espiritualidade. Membro de várias ordens esotéricas e apaixonado por literatura, ele se inspira em autores como Eliphas Levi, Athanasius Kircher, Stanislas de Guaita e Paracelso. “Irmandade da Cruz”, publicado pela editora Madras, marca sua estreia na carreira literária.
Como a premissa de que Jesus está vivo e protegido por uma sociedade secreta afeta a narrativa de “Irmandade da Cruz”? Quais são os principais enigmas e ameaças que surgem na trama?
Luiz Henrique: Todo o enredo da história se baseia nisso, de que Jesus ressuscitou, porém continua a viver até os dias de hoje. Tudo gira em torno de um membro que, descontente com algumas situações, promete revelar ao mundo o segredo que guardam. E cabe ao personagem principal manter esse segredo a todo custo. Por esse motivo é que ele, por ser desconhecido de todos os ouros membros, é convidado a fazer parte dessa Ordem.
Poderia compartilhar algumas das interpretações sobre situações bíblicas presentes no livro e como elas contribuem para a construção de um enredo cheio de mistérios e perigos? Como o protagonista do livro, que inicialmente duvida da existência da sociedade secreta, é convencido de sua realidade? Qual é o papel dele na história?
Primeiramente ele vai até seu destino por ser um jornalista com um faro apurado, percebendo que os motivos apresentados para o convite inicial, aparentemente, não se encaixavam muito bem. Foi essa dúvida que o levou aceitar o convite. Ao se deparar com a verdade, primeiramente duvidou totalmente, pois seria algo muito fora da nossa esfera de compreensão, porém o convívio com os membros e seu encontro com uma pessoa em especial, o faz começar a se modificar interiormente e a se transformar em um outro homem. Quanto as interpretações bíblicas, podemos dizer resumidamente que, o deus do antigo testamento não é o pai de Jesus, pelo contrário, Jesus teria vindo exatamente para dizer isso aos judeus, que eles cultuavam o Deus errado. Tanto que há uma passagem onde Jesus diz aos judeus: “Tendes por pai o diabo”… há várias outras passagens bíblicas, mas uma que ilustra um pouco essa distorção é essa:
No segundo livro de Samuel, capítulo 24, versículo 1, está escrito: “A ira de Iahweh se acendeu contra Israel e incitou Davi contra eles: ‘Vai’: disse ele e faz o recenseamento de Israel e de Judá”
Já no primeiro livro de Crônicas, capítulo 21, versículo 1, está escrito: “Satã levantou-se contra Israel e induziu Davi a fazer o recenseamento de Israel”
Mas há várias outras passagens, pois também faço um paralelo entre o que a bíblia diz e o que a ciência fala, mostrando que são semelhantes.
“Irmandade da Cruz” mistura ficção e realidade, abordando teorias e fatos históricos. Como o senhor estreita a linha entre ficção e realidade para envolver os leitores? Em que medida o livro desperta questionamentos sobre a verdade e até que ponto as especulações apresentadas podem ser consideradas plausíveis?
Quando falamos sobre espiritualidade, nada é certo! Não há uma verdade absoluta. O que fiz foi tentar elucidar à luz da ciência, passagens muitas vezes obscuras, porém todas as passagens, data, personagens históricos, locais, túmulos e textos mencionados existem, nada foi criado ou inventado. Isso faz com que o leitor, caso queira buscar os fatos, possa fazê-lo pesquisando que achará, além de deixar uma ponta de dúvida no final da leitura sobre até onde essa história é uma ficção ou uma realidade.
Quais são as suas principais inspirações literárias e como elas influenciam a construção do enredo e o desenvolvimento dos personagens em “Irmandade da Cruz”? Como o senhor utiliza suas próprias crenças religiosas e conhecimentos sobre espiritualidade na elaboração do livro?
Na realidade, embora eu leia muito dos antigos ocultistas, eu sempre digo que esse livro “me veio”, foi uma inspiração, pois muitas passagens eu não me lembro de tê-las escrito e mudou inclusive meu modo de ver muitas coisas.
Como “Irmandade da Cruz” consegue atrair tanto leitores ateus quanto pessoas de fé? Qual mensagem principal o senhor pretende transmitir por meio dessa abordagem diversificada?
O livro vem falar de algo simples chamado “amor e transformação interior”. Não importa qual seja a religião do leitor, ou mesmo que ele não possua alguma, todos nós buscamos, no nosso mais íntimo, o amor e uma transformação, e é isso que o livro tenta transmitir. Portanto, nenhuma pessoa, seja ela religiosa ou ateia, se sentirá ofendida em momento algum, no entanto, creio que haverá uma nova maneira, mesmo que pequena, de todos olharem a vida de forma um pouco diferente.
Como tem sido a recepção do público e da crítica em relação à sua estreia na carreira literária com “Irmandade da Cruz”?
Tenho recebido vários feedbacks de leitores que gostaram muito do livro, alguns inclusive, chegaram a comentar que tiveram a sensação de respostas para muitas perguntas em suas vidas, o que tem me deixado muito feliz. Pois embora o livro tenha uma trama, como acontece nos livros do Dan Brown, ele possui ensinamentos espirituais que acompanham toda trajetória do personagem principal, assim como acontece no livro O Alquimista, do Paulo Coelho.
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