O cantor e compositor paraense Márcio Moreira está prestes a lançar seu primeiro álbum de carreira, REpartir, e promete surpreender com parcerias de peso. Entre os destaques, o álbum traz uma faixa inédita em colaboração com o renomado Michael Sullivan, além de participações de artistas como Roberto Menescal, Lia Sophia, Laila Garin e Renato Torres. Com lançamento marcado para 11 de novembro em todas as plataformas de música, o projeto traz uma mistura envolvente de ritmos brasileiros com um toque especial da cultura amazônica.
Composto por 10 faixas, sendo 9 delas autorais, REpartir é uma jornada poética pelas vivências, emoções e experiências de Márcio Moreira ao longo de sua carreira. O álbum reflete a maturidade artística do cantor, que se permitiu assumir sua posição na música após um tempo de reflexão e amadurecimento. O projeto também conta com a participação de outros grandes artistas, como Luiz Lopez, produtor musical do disco, e Laila Garin, que brilha não apenas como cantora, mas também como atriz na faixa “O que é pra ser”, encerrando o álbum com um toque especial.
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Para trazer à tona a essência de suas raízes paraenses, Márcio Moreira convidou Luiz Lopez, um carioca apaixonado pelos ritmos do Pará, para produzir REpartir. O resultado é uma obra que carrega o aroma paraense, mas sem perder a conexão com a música brasileira em sua essência mais universal. Com canções que falam com o coração da massa, o álbum promete ser uma experiência marcante e emocionante para o público.
Como foi a experiência de lançar seu primeiro álbum de carreira?
É de fato uma experiência diferente da de simplesmente lançar um single ou um EP. É a oportunidade de apresentar uma obra mais ampliada, uma narrativa que, de fato, tem começo, meio e fim e, ao mesmo tempo, torna-se uma espécie de recorte do compositor e artista que siou hoje. Um registro definitivo do que senti e vivi no momento da gravação
Poderia nos contar um pouco sobre as parcerias presentes no álbum “REpartir”?
Repartir é um álbum de parcerias bem simbólicas na minha trajetória. Desde Renato Torres, na canção título, que foi meu professor na escola e se tornou um amigo pra vida inteira, passando por amigos da minha faixa-etária como, Daiane Gasparetto, Gabriel Andrade, Arthur Silveira e Alessandro Bachini, artistas de alma sensíveis que se irmanam comigo em pensamento e afeto. Tem ainda Luiz Lopez, que assina a produção do disco e vem desenvolvendo a minha musicalidade junto comigo de mãos dadas e, é claro, a honra gigante de ter uma Balada dançante com Michael Sullivan, esse hitmaker único do nosso país e uma bossa com Roberto Menescal, o pai do gênero e a alma mais generosa que já conheci na indústria. É, sem dúvida, um disco de muito afeto.
Qual é a história por trás da faixa “As Cores das Flores” e sua relação com Roberto Menescal?
*Conheci esse gigante da música brasileira na produção de um outro projeto, que ele estava gravando com Leila Pinheiro e Rodrigo Santos. Tivemos uma conexão imediata no que tange a música e a poesia. Rapidamente começamos a trocar experiências e, um dia, encontrei uma matéria de jornal que contava que o Menesca estava subindo a serra de Petrópolis para participar de um concurso de bromélias. Foi então que descobri esse hobby incrível desse gênio. Ele cultiva flores lindas. Isso me tocou de tal maneira que escrevi o poema As Cores das Flores e mandei pra ele. Com sua gentileza e sua alma imensos, ele me respondeu com o poema musicado e eu o convidei pra gravar comigo e juntos eternizarmos esse encontro, que me enche de orgulho e alegria.”
Como foi trabalhar com o renomado hitmaker Michael Sullivan na faixa “Vá Idade”?
O Sullivan é um ser humano raro, consegue equilibrar talento e humildade como poucos na indústria da música. Foi o primeiro grande nome que ouviu minhas composições e disse que poderia dar pé. Compor com ele é algo muito natural, pra um artista como ele que tem mais de 1500 hits, sentar, pegar um violão e criar uma melodia é quase como respirar, e eu aproveitei pra respirar junto com ele kkk Vá Idade é só uma de diversas composições que fizemos juntos e que, aos poucos, vamos revelando por aí. Vale lembrar que essa canção também conta com a parceria da Anayle, sua esposa, que também é de um talento ímpar e sempre contribui com soluções poéticas e melódicas geniais mesmo.
O álbum tem uma forte influência da cultura paraense. Como você equilibrou a identidade regional com uma abordagem mais universal?
*Que legal terem captado isso! Esse era talvez, um dos meus maiores anseios com esse trabalho. Como sou, antes de tudo, compositor, o gênero musical das minhas canções sempre foi muito livre.. As vezes uma balada pop, as vezes uma bossa, as vezes um samba e conversando com o meu produtor musical Luiz Lopez, cheguei a conclusão que a amalgama que uniria essa diversidade de estilos no meu trabalho seria a influencia latino-amazonica que me acompanha desde o berço. Como bom paraense, essa sonoridade das guitarradas e atabaques sempre fizeram muito parte da minha poética. Luiz foi essencial nessa busca e no resultado que encontramos.”
Qual foi a participação de Lia Sophia na faixa “Te Quis de Cara” e como isso contribuiu para o projeto?
Te Quis de Cara tinha outra letra kkk… Completamente diferente. Dei para o Luiz (Lopez) musicar e ele veio com uma melodia tão tropical, com uma essência tão amazônida que imediatamente reescrevi a letra do zero e, a cada verso, imaginava a voz da Lia Sophia cantando comigo. Ela é uma artista das mais maravilhosas com uma voz única e um poder de interpretação que sempre me tocou, desde muito menino, ainda em Belém. Quando ela topou cantar comigo, um artista iniciante, nem acreditei. Sua generosidade foi constrangedora e mais… Ela não só colocou a voz na letra como propôs vocalizes e solfejos que deram à canção uma dimensão ainda mais especial… Devo muito ao carinho e generosidade da Lia nesta faixa.. serei eternamente grato
Explique a escolha de Laila Garin como atriz na faixa “O que é pra ser” e como ela adiciona um elemento especial ao álbum.
Trabalhei com Laila por cerca de 2 anos na gravadora, quando ela tava lançando o projeto musical brilhante que ela tem junto à Roda. O talento e a alma dessa mulher me atravessaram de uma maneira tão especial que passei a segui-la onde quer que fosse. Serie nova, peça nova sempre estava ali. Um dia, ainda inseguro se lançaria ou não meu trabalho, assisti à montagem que ela fez de “A Hora da Estrela”, da Clarice Lispector e ela, interpretando uma Macabéa incrível, veio pra boca de cena e começou a declamar um texto sobre a razão da nossa existência e a apatia de quem apenas existe. Tomei aquela cena como um chamado, então encontrei nos versos da Bíblia que aludem ao filho pródigo, a síntese do que esse trabalho representava: “Eis meu filho amado que estava perdido, e agora foi achado, estava morto e agora vive”, como se fosse a própria arte me recebendo de volta à sua casa e nada melhor do que a mulher que me deu esse chamado em cena para representar esse mesmo momento.. que sorte a minha o aceite e o carinho dela comigo em gravar essas palavras. Marcam minha carreira de modo definitivo
Das 10 faixas do álbum, 9 são autorais. Qual é o significado dessas composições para você?
O primeiro disco de um artista acredito que seja um recorte importante da sua vida. Tudo o que ele viu e viveu até aqui está tentando ser representado nesse conjunto de faixas que estão ali. Comigo não é diferente. Repartir tem faixas que defendi no festival da escola, ainda pré-adolescente e descobrindo o amor. Tem faixas da experiência pandêmica como adulto em crise. Tem parcerias de ontem e de agora. É de fato uma Repartida rumo ao meu eu-artistico em sua potência.
Poderia nos falar sobre a faixa “O Próprio Pão” e a conexão que você sente com essa composição?
Não me considero um intérprete de canções como temos tantos incríveis no Brasil. Me sinto muito mais um cantautor. Alguém que defende com sinceridade o que compôs e escreveu, porém, quando estava selecionando as minhas composições e parcerias para o disco, Gabriel Andrade, que é meu parceiro numa dezena de canções me mostrou uma gravação dele de “O Próprio pão”, a letra falou tanto com o sentido de Repartir pra mim, sobre essa necessidade de olhar pra si mesmo e ser mais generoso com nossas próprias escolhas. Se perdoar, vi a poética desses versos irmanada com a temática que havia traçado para o disco, me apropriei dela e acho que, no fim, fez o maior sentido para o que queria dizer com esse trabalho.
“REpartir” representa um novo começo para você na música. Como você descreveria essa jornada e o que espera para o futuro?
Acho que não só na música, mas na arte. Sempre fui um artista plural, que atuei, dancei, cantei, escrevi.. tudo junto e misturado, mas as demandas da vida adulta foram abrandando esse ímpeto em mim, infelizmente. Repartir veio pra incendiar tudo outra vez. Mostrar que eu sou um ser de essência artística e nada pode me dizer o contrário disso. Então depois desse trabalho gravado e lançado voltei pra o que é vital em mim: a cena. Já apresentei o show, resultado desse disco no Rio, em São Paulo, Brasília, vou pela segunda vez a Belém, sempre levando comigo esse compromisso que tenho com a arte. Com a poesia, com a beleza que leva descanso e alegria pra quem se permite assistir. Quero seguir apresentando Repartir para o máximo de pessoas possíveis enquanto prepara meu próximo projeto com novas canções e que busca me trazer novas respostas pra minha existência, ou pelo menos, novas perguntas.
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