Literatura Real

Mauro Valeri Junior retrata bastidores de uma relação à dois em “A história que aconteceu com a gente”

Por meio de relatos intimistas, escritor Mauro Valeri Junior relata sem tabus os desafios de um relacionamento a dois

Publicado em 10/05/2023
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No lançamento “A história do que aconteceu com a gente”, Mauro Valeri Junior conta a história real de uma relação à dois, narrando sem rodeios todos os perrengues que um casal pode enfrentar. Desde uma amizade improvável no trabalho até a superação de duas separações, o autor retrata as belezas e dores que permeiam um relacionamento amoroso.

Apesar dos desafios enfrentados, como a muralha que impedia o casal de assumir o relacionamento e as incertezas financeiras que desgastavam a relação, Mauro e Raquel mantiveram-se companheiros por mais de 10 anos. No entanto, a falta de comunicação em certos períodos, as vidas sociais de cada um, o trabalho e até problemas com os pets acabaram levando a duas separações.

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A última separação fez com que o autor perdesse o chão, mas também buscasse compreender os obstáculos que o fizeram chegar ali. A leitura do livro é empolgante, fluida e demonstra a importância de buscar o diálogo e a verdade, doa a quem doer.

Mauro Valeri Junior é um paulistano, administrador de empresas e descobriu na escrita uma forma de terapia que conecta a mente com a janela da alma. Com seu livro, ele nos ensina que um relacionamento pode ser desgastante, mas se houver amor, comunicação e respeito, é possível superar os obstáculos e viver uma vida a dois feliz e saudável.

Como você conseguiu superar a separação complicada que você passou e o que aprendeu com essa experiência?

Algumas coisas só o tempo e o equilíbrio entre corpo, mente e alma ajudam a superar, a perda de uma pessoa amada é uma dessas coisas. Não existe atalhos é um processo difícil e doloroso. O tempo ajuda a entender, uma conexão espiritual conforta o coração, mudanças de postura e comportamentais da minha parte ficaram como aprendizado.

Hoje procuro viver o presente, não me culpar pelos erros do passado e não sofrer por antecedência com possíveis problemas futuros. Concentro-me no que posso controlar, aceito o que não posso. É um princípio Estoico que me ajuda a viver melhor.

O que você acha que foi o principal motivo para o desgaste do seu relacionamento e o que você teria feito de diferente para evitar isso?

O principal motivo foi a falta de cuidado, atenção, carinho, demonstrações de afeto. A isso somam-se os problemas e dificuldades do dia a dia, a rotina prega peças e acabamos não dando tanto valor para as coisas simples da vida. Faltou sensibilidade da minha parte para lidar com algumas situações, faltou maturidade para entender o tempo certo de algumas coisas. De maneira geral me comportei de forma bastante egoísta durante alguns anos e isso é horrível em um relacionamento.

A minha concepção de amor era totalmente errada quando aplicada a um relacionamento afetivo, não havia parceria, cumplicidade, troca. Em algum momento perdemos a conexão e nos tornamos duas pessoas morando na mesma casa, mas sem conversas profundas, sem entrega, sem rotinas sincronizadas, sem interesses similares. Basicamente o que eu farei no futuro é demonstrar mais amor, não basta sentir, o outro precisa saber claramente dos seus sentimentos, preocupações e emoções.

É comum que as pessoas não demonstrem os seus sentimentos por se sentirem fragilizados ou com medo de demonstrar fraqueza e até mesmo dependência emocional, mas isso é um grande erro. Entendo que a demonstração de afeto é um ato libertador e enche todos de alegria.

Como você conseguiu lidar com a instabilidade financeira e de emprego que afetou seu relacionamento com Raquel?

É uma situação supercomplexa, que tem raízes culturais muito fortes e de certa forma machistas. Mas que também fazem parte da essência do ser humano na figura masculina. É intrínseco do homem ser o provedor, o cuidador e quando isso não acontece por algum motivo é normal se sentir incapaz, impotente, ter o sentimento de fracasso. Então o primeiro passo é ressignificar esse sentimento e entender que você não é assim, mas está passando por um momento assim. Foi isso que eu fiz, quando a Raquel estava gravida do Maurinho eu tive um estalo, uma virada de chave na cabeça. Comecei a pensar em que tipo de futuro eu poderia oferecer a minha mulher e aos meus filhos, quais alternativas eu tinha, então avaliei a minha trajetória profissional, ponderei algumas coisas e me dediquei aos estudos.

Além de serem uma mola propulsora para alavancar a minha carreira os estudos impõem um desafio natural de superação que eu adoro enfrentar. Uma coisa é fazer faculdade morando com os pais aos 18 anos de idade, outra coisa é fazer faculdade casado, com filhos, trabalhando o dia inteiro e tendo mil cobranças e responsabilidades. Não estou dizendo com isso que eu fiz algo incrível e raro, milhões de pessoas fazem isso diariamente em condições até piores. Mas essa dedicação e resiliência me trouxeram bons frutos e em pouco tempo a situação financeira foi estabilizada. Então surgiram outros problemas e somos feitos para isso, resolver problemas, lidar com situações complexas, fazer o que deve ser feito, isso define um homem.

Qual é a importância da comunicação em um relacionamento e como vocês melhoraram sua comunicação ao longo do tempo?

A comunicação é o principal pilar de um relacionamento e tem o poder de salvar uma relação. O diálogo perfeito acontece quando a gente se abre para a verdade do outro. No diálogo, a gente deve aprender a ouvir mais, não escutar, mas dar atenção e se importar de fato. Fazendo isso começamos a enxergar a vida da mesma maneira que o outro enxerga, isso evita o surgimento de julgamentos e críticas. Acreditem, por muitas e muitas vezes, o seu parceiro(a) só precisa de um ombro amigo, de ouvidos atentos e de um abraço. Para entender isso é preciso estar conectado e ter uma boa comunicação, que não se limita apenas a conversas, nos comunicamos com gestos, demonstrando preocupação. Tudo isso conta.

Acredito que pecamos muito nesse aspecto, a nossa comunicação era muito ruim e truncada em vários momentos. Oscilava demais, as vezes estávamos super bem, conversando, rindo, fazendo brincadeiras e planos, outras vezes discutíamos por bobeira ou ficávamos sem conversar. A dica aqui é, nunca façam isso, mantenham sempre uma comunicação aberta e assertiva, somos seres sociáveis, precisamos conversar, sempre é possível resolver as coisas.

Você acha que existem limites para o número de discussões e separações que um casal pode superar? Se sim, quais seriam esses limites?

Não vejo que o limite seja um número, mas sim o respeito e a confiança. As discussões não podem nunca passar para ofensas e humilhações, tampouco partir para agressões físicas. No nosso caso isso nunca aconteceu, ainda que houvesse desentendimentos, sempre teve respeito e admiração mútuos. Penso que enquanto existe sentimento é possível superar, sem sentimento não há motivação para tentar mais nada.

O limite é o quanto o amor suportar, o quanto o afeto, a preocupação e o carinho com o outro estiver aceso. Basta inclinarmos os nossos pensamentos e olharmos as escrituras bíblicas que encontraremos menções significativas sobre esse tema. Nos versículos do livro de Coríntios está escrito:

“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará. Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.

Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino. Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma com que sou plenamente conhecido.

Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.”

Qual é a mensagem principal que você quer passar aos leitores do seu livro e às pessoas que enfrentam problemas em seus relacionamentos?

A principal mensagem é que não devemos desistir das pessoas que amamos, dos nossos sonhos e principalmente da nossa família. É isso o que realmente importa na vida, as discussões do dia a dia são uma grande bobagem, com força de vontade, amor e fé tudo é possível.

Não se culpe demais pelos erros cometidos no passado, não se preocupe ou sofra demais com as coisas que ainda não aconteceram. Viva o hoje, faça o seu melhor todos os dias, pois melhorando 1% ao dia seremos 365% melhores no final do ano.

Como a escrita ajudou você a lidar com seus sentimentos e experiências pessoais e o que você espera alcançar com a publicação do seu livro?

A escrita serviu para mim como uma forma de terapia, pois em momentos de tristeza eu não conseguia pensar em mais nada que não fosse escrever. Não conseguia me concentrar em temas de trabalho, cuidar de mim ou mesmo dos meus filhos. A escrita começou a liberar a minha mente e destravar algumas habilidades, eu ficava horas escrevendo, muitas delas durante a madrugada.

Quando eu terminei de escrever esse livro já estava escrevendo outros 2 simultaneamente, as ideias começaram a brotar na minha cabeça de uma maneira que eu nunca tinha visto antes.

O processo criativo começou a melhorar e tudo aconteceu de forma natural. Espero que a mensagem do livro chegue a pessoas que precisam, que estejam passando por alguma situação semelhante. Talvez sirva de inspiração e motivação para alguns, pode ser encarado como um conselho amigo por outros.

FICHA TÉCNICA
Título: A história do que aconteceu com a gente
Subtítulo: pequenos gestos podem mudar tudo
Autora: Mauro Valeri Junior
Páginas: 
218
ISBN:
 978-65-266-0098-6
ASIN: B0BYPF2GZ5
Formato:
 14cm X 21cm
Preço:  R$45,00 (físico) e R$29,90 (eBook)
Link de venda: AmazonClube de Autores

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