No momento desafiador em que vivemos, repleto de crises e incertezas, surge a pergunta: por que a poesia ainda importa? É essa indagação que dá origem a “O poeta toma a pólis”, terceiro livro do escritor Teofilo Tostes Daniel. Nessa obra, a poesia é apresentada como um instrumento de resistência e testemunho, capaz de sonhar com um mundo que celebra a diversidade humana.
Dividido em duas partes, o livro inicialmente expõe a perplexidade diante das injustiças e da crueldade que marcam a realidade brasileira. Teofilo denuncia a psicopatia cotidiana, em que as vozes de socorro são abafadas pelos interesses monetários. Essa abordagem visa cutucar a ferida e expor os males que muitas vezes são naturalizados em nossa sociedade.
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No entanto, a segunda parte da obra traz uma conexão com a esperança. O autor destaca a importância da sensibilidade, do afeto e da delicadeza como ferramentas poéticas e políticas. Para Tostes, a arte não apenas testemunha os tempos extremos, mas também resgata sensibilidades adormecidas e promove o diálogo, essencial na construção de um futuro melhor.
“O poeta toma a pólis” é uma fonte de inspiração para os amantes da poesia contemporânea no Brasil. O autor, Teofilo Tostes Daniel, além de escritor, é formado em Produção Editorial e atua como analista de comunicação social do Ministério Público Federal em São Paulo. Seu novo livro é descrito como um projeto que busca transmitir saúde, força e potência por meio das palavras.
Como a poesia pode resistir e testemunhar em um momento histórico repleto de desafios e urgências?
A poesia, e a arte de um modo geral, ajudam a manter vivo e aceso um olhar de espanto e admiração para o mundo. Acredito que especialmente em momentos de crise precisamos de coisas capazes de despertar em nossos olhos perguntas e encantamento. A poesia, aqui como uma espécie de qualidade inerente não apenas ao gênero poético, mas às artes em geral, pode servir de contraponto à normalização da brutalidade, criando experiências que nos permitam estranhar criações e concepções que talvez nos pareçam naturais. E nesse estranhamento pode residir o gérmen da mudança e a força necessária para dar concretude aos sonhos.
Além disso, a literatura tem um forte poder de testemunho, uma vez que ela dá nome às coisas. A possibilidade de nomear nossas experiências tem uma grande importância individual e coletiva. Romper pactos de silêncio em torno de violências, por exemplo, é imprescindível não somente para elaboração pessoal de um trauma vivido. Essa ruptura nos ajuda a enxergar muitas coisas que estão ocultas, encobertas pelos véus desses silenciamentos, apontando tudo aquilo que é, ou deveria ser, inaceitável e inegociável. Por isso também vejo no testemunho uma potência preventiva crucial, levando a ações que podem nos ajudar a superar desafios atávicos e encontrar respostas a questões urgentes que enfrentamos.
Qual é a importância da diversidade humana na poesia e como isso é celebrado no livro “O poeta toma a pólis”?
A diversidade é uma característica essencial no mundo, pensando aqui inclusive na natureza, bem antes de haver humanos sobre este planeta. Mas também no mundo humano, a que poderíamos chamar de cultura, a diversidade é uma evidência. Essa diversidade nos fala das diferentes respostas que fomos capazes de dar a questões cruciais, como a sobrevivência, a segurança e a continuidade, bem como a certos assombros, como a morte, as origens e o funcionamento das coisas no mundo.
Não apenas a partir das distopias, mas também de diversas experiências históricas – algumas bem recentes e outras ainda ocorrendo hoje –, temos vislumbres do que é uma sociedade que não celebra a diversidade. Quando não celebramos a diversidade de modos de ser, uma parcela das pessoas é desumanizada e o perigo é que sua eliminação acabe sendo considerada normal, ou até necessária. Está aí a base de todos os genocídios.
A escrita nos permite ser atravessados pelo outro, que nos fala incessantemente. Além disso, ela também é capaz de torcer a linguagem, criando uma espécie de idioma estrangeiro em nossa própria língua. São duas oportunidades imensas de nos darmos conta de que o outro também somos nós mesmos. E se eu sou capaz de conceber a eliminação de quem não se parece comigo (sejam por que motivos forem, que normas eu crie para dizer quem pertence ao meu grupo), também não é impossível pensar que, alguém me vendo como o outro, possa querer me eliminar.
No meu livro, celebro a diversidade abrindo minha escrita para ser atravessada por vozes dissonantes, muitas vezes silenciadas, que orbitam às margens de quase tudo. É uma obra que deseja “ter ouvido de ouvir / e registrar todas as vozes distintas // de uma fuga de Bach / ou uma feira livre”.
Como o autor Teofilo Tostes Daniel denuncia as injustiças, indiferença e crueldade presentes no país em seus poemas?
A verdade em grego é aleteia (em itálico), uma palavra formada a partir de lete, que significa esquecimento, mais uma partícula de negação que herdamos inclusive no português, o prefixo “a”. A partir daí, podemos ver que, naquela língua, o oposto da verdade é mais o esquecimento do que a mentira – e talvez possamos pensar na mentira como uma ferramenta para manter o esquecimento das coisas. E a tradição da poesia heroica grega dava ao poeta a função de preservar a verdade e evitar que as histórias caíssem no esquecimento.
É importante que muitas vozes testemunhem o horror, digam “eu vi”, “eu senti”, “eu estava lá”. É muito forte o poder do testemunho. Isso explica a reação contra uma Comissão Nacional da Verdade, por exemplo, instaurada em nosso país 26 anos após o fim de uma longa ditadura. O grande poder desta comissão estava, em primeiro lugar, em ouvir, criando um espaço oficial para que as pessoas pudessem contar o que viveram.
Nesse sentido, vejo que em “O poeta toma a pólis” meus poemas buscam evitar que o véu do esquecimento caia sobre nós. Sobretudo na primeira parte do livro, intitulada “Psicopatia quotidiana”. Ali, falo do amor causando escândalo enquanto o ódio se alastra, de pessoas que precisam defender o direito de serem o que são e da morte volátil à espreita, apontando que “uma horda derradeira segue / a monetizar o inaceitável / costurando olhos onde se leem / obscenos gritos de socorro”.
Qual foi a motivação de Teofilo Tostes Daniel para voltar sua escrita para o horror em que todos estavam imersos durante a pandemia?
Todos nós vimos neste período milhares de famílias privadas da possibilidade de se despedir de seus entes queridos. Corpos esperando uma sepultura, porque o tempo para cavar covas nos cemitérios, mesmo em valas comuns, era menor do que a velocidade atroz da morte. Pessoas sufocando em hospitais por falta de oxigênio, com os pulmões tomados. Vimos essas mesmas pessoas serem zombadas e ridicularizadas, como se nada estivesse ocorrendo. Vimos ainda a fome se espalhar como um outro vírus, disseminando desespero e ceifando vidas. O medo da morte atingiu a todos nós. E o medo de perder alguém que amamos também. Além disso, havia também o medo de não ter dignidade sequer para morrer. Eu tive uma amiga que ficou entubada, lutando. Não esqueço seu olhar de pânico na última foto que ela tirou antes de ser sedada. Tivemos muito medo de que ela morresse, mas ainda bem que ela sobreviveu. Mas passou a enfrentar sequelas comuns, após quadros graves da doença.
Vivemos uma combinação extremamente perversa de uma pandemia mundial com um governo negacionista. Parte da minha geração, que cresceu após a redemocratização do país, talvez tenha em algum momento acreditado que a democracia e certos direitos conquistados estavam garantidos. Mas neste período percebemos o quanto é necessário lutar todos os dias para garantir esses direitos, e ampliá-los para todos – porque, sim, há uma outra parte da minha geração a quem esses direitos de que falo pouco chegaram desde 1988. Vimos também o impacto que certas escolhas políticas têm sobre a vida de todas as pessoas.
Diante disso tudo, certamente a primeira motivação foi elaborar esse horror, por meio da escrita. Além de viver e testemunhar todas essas coisas, eu fazia parte do grupo de risco para covid. Então meu medo era diário. Escrever também foi dialogar com esse medo e dizer, de alguma forma, que eu quero estar vivo.
Eu já estava escrevendo sobre todas essas questões, quando me dei conta de que esse movimento estava produzindo um livro. Nesse ponto, foi inevitável lembrar de obras centrais de dois autores muito importantes para mim, que também foram produzidas sob o impacto do horror: tanto “A rosa do povo”, de Drummond – certamente o poeta que me formou e me levou a escrever – quanto “É isto um homem?”, de Primo Levy. Há algo em comum nessas duas obras – e em muitas obras geradas a partir de um horror, pessoal ou coletivo – de grande importância para a humanidade. Elas mostram o poder do testemunho como ferramenta que auxilia a elaborar ou superar o próprio horror, convertendo-se em verdadeiros projetos de saúde – individual e coletiva. Foi por meio deste processo que meu livro começou a ganhar corpo e agora deixa de ser só meu, e passa a ser de leitoras e leitores.
Na segunda parte do livro, como o autor expressa a esperança e quais ferramentas poéticas e políticas ele utiliza?
A segunda parte, intitulada “Pólis poética”, é aberta com a imagem da retomada da pólis. Essa imagem tem uma importância dupla no livro. Uma é mais clara, pois reverbera o retorno da possibilidade de encontro, que ficou mais restrita por algum tempo em razão da pandemia e do necessário isolamento social. A outra é uma espécie de resposta poética a uma passagem do livro “A República”, de Platão, no qual Sócrates (ou antes, Platão através de seu mestre) fala que na cidade ideal é absolutamente necessário não admitir a poesia, argumentando que o papel da arte seria apenas o de copiar as coisas do mundo que, por sua vez, seriam cópia das ideias perfeitas. Isso deixaria a arte dois graus distante da verdade. “O poeta toma a pólis” aposta num caminho bem distinto. Para mim, a arte tem esse poder de testemunho que contribui para afastar o esquecimento – uma função da poesia que era bem conhecida para os gregos, em especial dentro da tradição da poesia épica que nos legou Ilíada e Odisseia.
Além de expressar essa esperança no poder de narrar o que foi vivido, a segunda parte do livro também celebra a possibilidade, o desejo de encontro, que produz o atravessamento da diversidade. Desejo testemunhar o maravilhamento e a abertura imensa que o encontro com o outro produz, a partir do lugar que ocupo no mundo, como um homem com deficiência.
Vejo que o encontro e a abertura à alteridade nos permite olhar de forma mais generosa o mundo. Desenvolver esse olhar recupera sensibilidades embotadas pela secura dos dias, que em geral aceitam mais fácil ou passivamente a normalização de certos horrores. Portanto, há também neste livro um propósito, uma aposta no resgate da sensibilidade para podermos construir um futuro diferente.
Como a arte, especialmente a poesia, pode resgatar sensibilidades embotadas pela secura dos dias e promover o diálogo para a construção de um novo amanhã?
Como leitor, e também como espectador de muitas manifestações artísticas, sinto que a arte constantemente me empresta outros olhos, outros modos de ver o mundo, outras formas de habitá-lo e outras maneiras de sonhá-lo ou reinventá-lo. Poesia vem do termo poiesis, que significa criação, produção. Nesse sentido, não consigo deixar de vê-la como um movimento, um ato de criação de mundos.
Ao fazer essas travessias pelos caminhos que a arte nos oferece, resgatamos em nós a possibilidade de nos espantarmos e nos encantarmos com o mundo. Esse ‘reencantamento’ me parece ter muito poder para abrirmos nossos ouvidos para o outro. Inclusive o outro que tem comportamentos que a minha ética considera abjetos. Há um psicólogo norte-americano chamado Marshall Rosenberg, responsável por sistematizar a Comunicação Não-Violenta, que disse que “toda violência é uma expressão trágica de uma necessidade não atendida”. A arte, em especial a escrita, me ajuda muito a entender isso. A forma como organizamos nosso quotidiano, onde tudo acaba por se converter em objeto e mercadoria, massacra nossa sensibilidade, favorecendo trocas em que prevalece a falta de empatia. Para mim, uma poesia que tenha o projeto político de resgatar sensibilidades passa necessariamente por humanizar o outro e tentar compreender, inclusive, as origens de certas violências que acabam sendo aceitas socialmente. Não para justificá-las, mas para pensar formas de erradicação dessas violências, fomentando uma cultura de paz que leva em conta as necessidades de todos para construir o futuro.
Como o livro “O poeta toma a pólis” pode inspirar os leitores e contribuir para a poesia contemporânea no Brasil?
Minha companheira disse certa vez que “todo livro, quando nasce, diz o que a literatura pode ser”. Depois que ouvi isso dela, nunca mais pude olhar para um novo livro da mesma forma. Eu penso que meu livro recém-nascido também faz isso, afirmando os caminhos pelos quais eu desejo que a escrita nos conduza (a mim e às leitoras e aos leitores).
Também penso que, se algum dia, um poema desse livro puder falar a um jovem leitor ou uma jovem leitora, semelhante ao leitor que fui quando comecei a enveredar pelos caminhos da poesia, levando-o a se interessar pelo tempo em que o poema foi escrito, assim que muitos poemas de “A rosa do povo”, para ficar neste exemplo, me levaram a me inquietar por aquele período aterrador para o mundo, ele já terá dado alguma contribuição bem significativa para a literatura contemporânea no Brasil. Toda escrita sonha em atravessar os olhos de leitores. Este é um desejo que me move à escrita, em especial neste livro.
Quais são os principais temas abordados nos outros livros do autor, além de “O poeta toma a pólis”?
Em meu primeiro livro, “Poemas para serem encenados”, eu trabalhei primordialmente a ideia de jogos cênicos através da poesia. Ali reuni poemas escritos em primeira pessoa que se distanciam do tom confessional e assumem um caráter de ficção, muitas vezes sugerindo fragmentos de histórias maiores. Neste primeiro livro, crio um amálgama de personagens, tensionando as fronteiras dos gêneros literários, fazendo da poesia lírica uma espécie de dramaturgia. Olhando hoje para trás, vejo que o interesse na diversidade humana, nas figuras de alteridade, já estavam presentes ali.
No meu segundo livro, de contos, chamado “Trítonos – intervalos do delírio”, trabalho as interrelações entre arte e loucura. A noção de loucura é apresentada de forma distinta em cada uma das três histórias que compõem esse livro. Na primeira, abordo a loucura ancestral, como uma espécie de possessão que toma uma pequena cidade a partir dos escritos da personagem principal deste conto. Em seguida, trabalho a loucura da normalidade, narrando o abalo que os acanhados moradores de um prédio sentem quando uma figura extravagante se muda para lá e acorda os vizinhos com os aromas de um banquete noturno, que acaba despertando, em plena madrugada, os desejos reprimidos e as frustrações de todos os moradores. E no último conto, exploro a loucura como patologia de difícil diagnóstico, a partir da história de um psiquiatra que começa a ouvir relatos de pessoas que estiveram num estranho e misteriosos lugar, que parece uma espécie de instalação de arte construída num oásis do deserto do Atacama, e acabaram loucas. Ele começa a fazer uma cartografia do local a partir do interesse que tais relatos lhe despertam. Neste livro, minha literatura se encontra com a alteridade sobretudo por meio da figura do louco, este sujeito tão desprovido de voz, ao ponto de ser tutelado – por familiares, médicos ou o próprio estado – até em suas escolhas mais elementares. Além disso, no exercício de emular a fala dessas pessoas, acabei muitas vezes alucinando a escrita, numa espécie de laboratório da linguagem da alteridade.
Tenho ainda contos e poemas publicados em algumas coletâneas e revistas literárias, que acabam formando um panorama dos principais temas de interesse que atravessam minha literatura, tais como a celebração da alteridade, a escrita como um espaço de construção política, as conexões entre as manifestações artísticas e o uso da linguagem como possibilidade de nos expandir, individual e coletivamente, para além de nossas limitações..
Como a formação em Produção Editorial e o trabalho como analista de comunicação social do Ministério Público Federal influenciam a escrita de Teofilo Tostes Daniel?
Minha formação em produção editorial acentuou bastante uma característica que eu já tinha mesmo antes de entrar na faculdade, que é a de escrever pensando em projetos, e livros por vir. É raro eu escrever textos, sejam contos, sejam poemas, desconectados de algum projeto de livro. Essa forma de pensar projetos e encaixar meus escritos neles se fortaleceu muito pela minha formação.
Em relação ao Ministério Público Federal, o meu cargo acaba me permitindo tomar contato com os principais temas trabalhados por essa instituição. E a atuação do MPF é bastante diversa, com forte ênfase na defesa de minorias, da cidadania, do meio ambiente e do direito a uma justiça de transição que resgate o direito à memória e à verdade, buscando a punição do estado ou de seus agentes por crimes cometidos no período da ditadura. Trabalhar a divulgação desses temas contamina profundamente, num sentido muito positivo, a minha escrita e os temas que a atravessam.
Penso também que meu trabalho na comunicação do Ministério Público e meu trabalho com a literatura guarda uma espécie de espelhamento, realizando com a linguagem movimentos complementares, embora em direções opostas. Enquanto no MPF o meu objetivo é tornar uma informação cifrada pela linguagem técnica e pelos jargões jurídicos acessível a todas as pessoas por meio de uma linguagem mais simples e comum, na literatura eu me aproprio de acontecimentos quotidianos e os transporto para o espaço literário, onde posso explorar sua complexidade, esmiuçando ou acrescentando novas camadas.
O que o autor espera transmitir aos leitores através de “O poeta toma a pólis” em termos de saúde, força e potência por meio das palavras?
Essencialmente, gostaria de estimular em cada leitor e em cada leitora o desejo de tomar a pólis com sua voz, para narrar suas histórias com a força de quem diz: eu existo e estou aqui. Há um importante filósofo francês do século XX, chamado Gilles Deleuze, que escreveu que “a saúde como literatura, como escrita, consiste em inventar um povo que falta”. Isso porque, quando tomamos posse da função fabuladora da escrita, dentro da perspectiva a que ele chama de literatura menor – que eu vejo como uma literatura que circunda à margem do poder, sempre pronta a apropriar-se de si –, não se escreve mais apenas com as próprias lembranças. A potência da literatura e das memórias que ela movimenta, nesta perspectiva, é se fazer um espaço de destinação coletiva de um povo por vir. Não um povo chamado a dominar o mundo, mas um povo menor, tomado por algo que Deleuze chama de “devir-revolucionário”.
Essa literatura menor produz também na linguagem seus efeitos, abrindo veredas para uma língua estrangeira habitar a própria língua. Assim, gostaria que cada poema deste meu livro ressoasse como um convite a quem me lê, não apenas a tomar a pólis, mas também as próprias palavras ao ponto de subvertê-las e apropriar-se de si.
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