Comunicador e sem medo de ser ele mesmo, o ator, apresentador, humorista, escritor e empresário Oscar Filho dá um show de verdade e versatilidade em suas apresentações, e em uma entrevista não é diferente. Começando na arte no início dos anos 2000, ele defende não só sua arte, porém toda sua classe, com unhas e dentes, e entre seus maiores objetivos, é fazer com que seu trabalho possa contemplar cada vez mais os diferentes tipos de público.
Entre suas grandes empreitadas está o famoso – já clássico do humor televisivo – “CQC – Custe o Que Custar”, que durou 7 temporadas na Rede Bandeirantes, “Tá no Ar: TV na TV” (Globo) e “Programa da Maísa”, onde apesar da diferença de idade com a apresentadora, conseguiu estabelecer uma ligação enorme de amizade. Em questão de streaming, seus destaques recentes desse ano é a série “Marcelo Marmelo Martelo” da Paramount+ (inclusive zoando a nossa redação por um erro de pesquisa haha) e “Escola de Quebrada”.
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Apaixonado pela literatura, bastante por influência do seu pai, escreveu os livros “Audiolivro Clube da Comédia Stand-up” (2006) e “Autobiografia Não Autorizada” (2014), que inclusive teve o prefácio escrito pelo amigo de longa data Danilo Gentili, que também assina com ele e o também humorista Diogo Portugal, o vinho “Putos”, lançado em 2021 e que hoje já possui mais de 40 mil garrafas vendidas no território nacional. Confira a entrevista!
Apresentador, ator, repórter, humorista, escritor, entre várias outras características, nessa sua trajetória no entretenimento, você tem investido em vários setores, porém, algo que sempre teve em comum na sua vida desde 2003, no início de sua carreira, foi o humor. Gostaria de começar perguntando, qual é a maior dificuldade em se trabalhar com esse gênero e como é fazer com que ele seja aceito pela maior parte do público?
Hoje em dia é muito difícil fazer humor, talvez o momento mais difícil desde 2003, sabia? O humor carrega consigo a irreverência. A irreverencia é justamente não reverenciar o que deve ser respeitado. Isso não sou eu que digo, o bobo da corte já fazia isso quando a monarquia imperava, literalmente. Ele era o 007 das artes, ele tinha a licença para fazer piadas, era o dever dele dizer o que ninguém podia justamente por não ter responsabilidade o que ele falava porque ninguém levava a sério, nem o rei. Hoje em dia, o fenômeno das redes fez com que as pessoas levem mais à sério o que um humorista diz do que o que diz um político, por exemplo. Nós estamos disputando espaços. Os presidentes viraram influenciadores e usam do humor pra isso. Consequência disso pra nossa profissão é que o cidadão médio não sabe mais quem é quem e qual é o papel de cada um, nem dele mesmo. E, então, quando eu faço uma piada política na internet, principalmente na internet, aparecem os defensores de um ou de outro inquerindo: “Quem é você pra fazer piada disso?”. Ou ironizando: “Vejam só, um humorista falando de política!”. Ao meu ver, eles erram duas vezes. Primeiro por eu ser humorista, é o meu dever questionar o poder. Segundo que as pessoas me conhecem do CQC que era um programa que ficou conhecido por fazer humor político. E não é só comigo, óbvio. Meus colegas passam por isso também e tem alguns que nem fazem piadas com isso com medo de perder seguidores. Conclusão, a gente está voltando algumas casas, regredindo enquanto sociedade e na forma de pensar. Fora a política do cancelamento. Se acordarem e decidirem amanhã que é você quem será cancelado, eles vasculham a tua vida até acharem algo que nem seria relevante o suficiente pra isso, mas vão dar um jeito de transformar isso num problema pelo simples prazer de ver como você vai se sair dessa situação. Vi alguns colegas passando por isso.
Um lado que muitos devem saber sobre você é o seu empreendedorismo, principalmente quando se liga a classe artística, que foi o caso do Clube da Comédia Stand-Up, que acabou o classificando como um dos precursores do movimento stand-up comedy no Brasil em meados de 2005. Como foi que o interesse por esse tipo de comédia chegou até você e como enxerga o avanço dele aqui no país? O público consumidor ainda se encontra muito restrito ou ele tem evoluído?
Eu gostaria de ser mais empreendedor! Algo que eu queria fazer mais é escrever. Quando eu tinha 18 anos, meu pai que ganhava todos os concursos de contos de poesias da minha cidade, (quando eu digo todo são todos mesmo, a ponto de pedirem pra ele parar de participar) me incentivou a escrever pra concorrer também. Eu peguei uma redação que eu escrevi na escola, transformei em conto, desenvolvi, participei e ganhei em primeiro lugar. Pô, eu representei a cidade no Mapa Cultural Paulista em 1997! Em 2014, eu escrevi um livro e vendeu toda a primeira edição, 10 mil exemplares! Eu deveria fazer mais isso, apesar da escrita dar muito pouco dinheiro! Viver de arte (eu também sou ator) é algo bastante complexo por aqui. Sempre foi. Agora ainda mais com essa narrativa torta da Lei Rouanet. Os artistas viraram inimigos públicos e isso é bastante preocupante. As pessoas não tem noção do poder libertador da arte e os artistas são os veículos para isso. Se eu fosse mais empreendedor, eu não seria tão refém de algo tão abstrato quando é a arte. O fato de eu ter participado de um movimento que mudou e influenciou a comédia no país é minimizado, mal é considerado. E não estou falando só de mim não, dos meus colegas em geral. Mas nem reclamo. Eu vi uma entrevista do Chico Anysio reclamando que ele não era respeitado tanto quando gostaria. Veja só você, o Chico Anysio. Quando dizem que o brasileiro não tem memoria, não tem memória pra nada, nem pra pessoas que realizaram coisas legais. Talvez nem o teatro tenha produzido tanto quando os humoristas de stand-up produziram. O stand-up chegou até mim porque eu sempre me interessei no humor universal, falar algo que as pessoas, em qualquer parte do mundo, pudessem entender.
A minha língua mãe me impede isso. Então desenvolvi uma comunicação física. Eu faço muita bobagem com o corpo nas minhas apresentações desde que eu fazia teatro infantil. O stand-up tem um pouco disso. Você tem uma missão de escrever e criar algo que não seja hermético. Fiquei 11 anos em cartaz com o meu último show de stand-up. Fiz mais de 120 cidades pelo país. O texto funcionava no Brasil inteiro! Isso é uma vitória pra mim porque tem algo de universal aí. Mas eu entendi uma coisa neste tempo todo: o fato de eu não estar na TV enfraquece muito o meu trabalho. Eu imaginava que, apesar de ter viajado por todos os estados do país (só não me apresentei em Roraima), eu conseguisse uma base sólida de fãs, e não foi isso o que aconteceu porque eu simplesmente não estou mais na TV. Isso é uma maluquice. Pra eu ser mais claro, vou dar um exemplo: existe uma máxima de que o brasileiro ama futebol. Isso é uma mentira. Sabe por que? Porque o brasileiro gosta do hype, do status. Brasileiro não é fã do futebol, é fã do Corinthians, do Flamengo, do Cruzeiro… O brasileiro é fã de um time específico. É raro ver alguém que vê absolutamente todos os jogos. Esse é o verdadeiro fã do futebol. Trazendo pro meu nicho.
O stand-up poderia estar melhor, mais evoluído, com piadas mais interessantes, mais inteligentes, falando mais sobre política e questões sociais sem parecer lacração ou discursinho, entende? Mas pra isso, precisa de treino, de tempo de jogo. Mas os humoristas da classe média do stand-up, que são quem mantém a cena, mal conseguem se manter apenas fazendo humor. Por que? Porque as pessoas são fãs dos humoristas mais conhecidos e não vão à um comedy club assistir qualquer show de stand-up só pela diversão como é nos Estados Unidos. Elas querem o status de estar num show de alguém conhecido, não necessariamente bom. Já ouvi muito: “Nossa, estava super ansioso pra ver fulano/a ao vivo. Quando fui, me decepcionei”. A gente tá acostumado com cortes nas redes sociais. Aí o marketing impera! Falando em marketing e empreendedorismo, quero patentear uma camisinha regata, pra transar no calor. Me ajuda a patentear a ideia?
Uma obra que o público pode reviver agora em 2022 foi o seu primeiro show solo de stand-up que foi o “Putz Grill…”, que ficou em cartaz de 2008 para 2019. Como foi adaptar para o lançamento em formato de álbum recentemente?
Foi legal e nostálgico. É muito mais para eu brincar do que faziam antes os humoristas que eu gostava: Ary Toledo, Zé Vasconcelos, Barnabé, Bill Cosby… Eles lançavam álbuns por pura impossibilidade de fazer um especial em vídeo. Como eu não tenho uma gravação decente do “Putz Grill…”, por incrível que pareça, resolvi lançar em álbum mesmo. Mas não é a mesma experiência que ver o vídeo. Como eu disse, eu sou um cara muito físico nas minhas apresentações. Aí eu acho que perde um pouco a experiência completa!
Uma das parcerias que já está com você há bastante tempo é o Danilo Gentili, que além do lançamento do vinho “Putos” recentemente, ele também escreveu o prefácio do seu livro “Autobiografia Não Autorizada” de 2014. Como essa amizade entre vocês dois e como se deu a ideia de produzir esse primeiro livro?
Pô, o Danilo é um cara que eu me dei bem logo de cara. Falam tanto sobre o Danilo, bem e mal… Os que falam mal falam por puro desconhecimento e despeito. Eu conheci o Danilo numa época em que ele ainda morava em Santo André. Vi e acompanhei a formação artística dele. É um cara de uma generosidade fabulosa. Então é legal ter um amigo que você admira em duas frentes diferentes: profissional e pessoal. Quando eu tive a ideia de escrever o livro foi a realização de um desejo de escrever uma biografia, só que me zuando. Como o Danilo foi um cara que fez parte de uma época bastante importante da minha vida, eu quis que ele fizesse o prefácio. Cheguei nele, expliquei tudo e disse: “cara, pode escrever o prefácio? Mas eu quero que você me detone, me xingue, me zoe, faça piadas, não poupe isso”. Ele escreveu e, pra minha surpresa, foi algo bonito demais. Fiquei espantando quando li. Foi a mesma coisa quando pedi pra ele fazer a “abertura” do meu álbum. Pedi pra ele me zuar ele foi lá e me enalteceu. Vou parar de pedir essas coisas pra ele porque ele nunca faz o que eu peço.
Falando um pouco sobre a sua grande estreia e ainda maior sucesso na televisão que é lembrado até hoje, o “CQC – Custe o Que Custar”, que foi um programa da Band que ficou bastante marcado pela zoeira escrachada mesmo com vários assuntos, principalmente quando analisavam vídeos e gafes que estavam em alta pela internet. Qual significado que esse projeto teve na sua vida e como é a sua amizade com os outros apresentadores nos dias de hoje? Consegue contar alguma história marcante dos bastidores?
O CQC foi um marco na minha vida em vários sentidos. Eu sempre tive uma questão com a justiça, talvez pelo fato do meu pai ser advogado. Então, o CQC me proporcionou a possibilidade de ajudar a aplicar a justiça em vários casos. Acho que até errei a mão em alguns deles por querer ter virado um pouco um justiceiro, que não era o meu papel. Aliás, até fiquei puto com o Rafinha quando ele disse uma vez que o “Proteste Já”, quadro de denuncias do programa, era meio combinado. Falei pra ele: “Se se foi quando você apresentava o quadro, porque comigo nunca!” E é a mais pura verdade. Uma história de bastidor que nunca contei é que o diretor da época ficava nervoso comigo porque eu derrubava algumas pautas simplesmente porque o assunto não era forte o suficiente ou era irrelevante. Quando eu voltava pra produtora, eu tomava esporro. “Por que não fez a matéria?” “Porque era ruim”. “Mas tem que trazer matéria, tem que ter Proteste Já toda semana”. “Então arrumem pautas melhores”. E, geralmente, eram muito boas! A pessoa com quem tenho mais contato é o Danilo mesmo. Até porque, estamos em cartaz desde 2021 com o “Stand-Up Raiz”, ele, eu e o Diogo Portugal. O show está incrível, espetacular mesmo! Toda semana a gente se encontra. Fazemos sempre duas sessões lotadas lá no My Fucking Comedy Club, o bar de comédia que o Danilo abriu este ano.
Falando um pouco sobre a televisão fechada, você passou por emissoras que são referências como o Comedy Central, alguns sitcoms do Multishow, e no Discovery fez o reality show de sobrevivência “Desafio Celebridades”. Como foi a experiência de estar pela primeira vez em um reality desse tipo?
Foi legal. Queria ter feito mais. Gosto dessas coisas que desafiam o nosso limite. Esse foi até fácil demais. Eu queria subir o Everest! Se eu ganhasse um patrocínio, eu iria feliz. Tiraria um bom tempo do meu ano pra subir e mostrar as dificuldades!
Já na Record, ainda nas competições, você participou da 4° temporada no Dancing Brasil. Antes desse programa, você já tinha tido alguma aproximação com a dança? Como foi a preparação para competir?
Eu tenho um amigo que eu conheço desde criança que, inclusive, me apresentou o teatro, o Alex Morenno. Eu faço o que faço até hoje muito por culpa dele. Ele é um baita bailarino. Uma vez ele precisava muito de um mestre-sala pra um grupo de carnaval que ele ia coreografar lá em Atibaia. Como não tinham homens no grupo, ele me chamou e me treinou. Pô, a gente ganhou a comissão de frente daquele ano. Ok tinham duas escolas que estavam concorrendo, mas EU GANHEI!!! Mas eu nunca fui próximo da dança. Aceitei fazer o Dancing como um desafio pessoal mesmo. Nos EUA, qualquer ator mirim sabe atuar, cantar, dançar, tocar algum instrumento… Eu não. Então foi uma maneira de me forçar a fazer isso. Um dos dançarinos até me disse lá num dos dias no ao vivo: “Po, imagina quantas pessoas tem a oportunidade de começar a dançar se apresentando ao vivo pro país inteiro? Dança com tudo, cara!”. Mas acho que ele exagerou. A Record não é vista pelo Brasil inteiro.
Em relação ao humor dos dias atuais, esses novos tempos tem se mostrado bastante conturbados com casos de censura e polêmicas que cercam esse gênero, desde o caso do Léo Lins, até você mesmo que passou por questões iguais do “CQC” lá em 2014. Em sua opinião, esses últimos anos tem sido mais graves nessa questão de censura do humor? Quais são os verdadeiros limites onde o humor pode ir até se transformar em algo “errado” por assim dizer?
Acho que tem a ver com o que eu disse na primeira pergunta… A gente tá num momento em que parece que tudo está regredindo. Inclusive o entendimento do público em relação à sarcasmo e ironia. Esses dois instrumentos de comunicação se tornaram sofisticados demais na internet, me parece. Você precisa falar algo como “Eu quero morrer com isso, sqn”. Esse “sqn” é o famoso “só que não”. Ou seja, eu preciso sublinhar algo que é óbvio. O normal é que todos queiram viver. Logo, quando eu digo “eu quero morrer” deveria ser claro que é uma ironia. Mas você precisa explicar. Em boa parte, tem um cinismo de quem lê e interpreta desse jeito. A pessoa sabe que você não está sendo literal, mas ela leva pra esse lado pra poder ter atenção. O que aconteceu com o Leo Lins é bem simples: riu? Boa, você se divertiu. Não riu? Boa também, mas segue a sua vida. Como eu disse lá, aparecem os justiceiros digitais que não querem apenas que ele se retrate, querem que ele se retrate, não diga mais isso, que repense a sua forma de arte, de expressão, que peça desculpas, que se ajoelhe, peça perdão, que suba numa cruz e, se morrer, será um favor (agora eu estou sendo literal). Essa galera quer que o cara morra artisticamente. Eles não suportam alguém que pense diferente. Aí entra a frase do Voltaire: “Discordo do que você diz, mas defenderei até a morte seu direito de dizê-lo”. Pode haver discordância, mas sem a censura do direto de quem quiser falar o que quiser. Até porque, tem consequências. Mas não é a internet, nem pode ser, que vai definir isso. Aí entra outra coisa também… Quando a gente fala em censura, a gente logo pensa nos anos 60 no Brasil.
Aquela censura era brava. Hoje em dia, é outro tipo de censura. As pessoas estão com medo de pensar em dizer alguma coisa. Existe essa cultura do cancelamento que colocam as empresas e os artistas em pânico porque numa twittada, você pode perder o trabalho de uma vida. Aí você me pergunta sobre o “errado”. A questão da arte, do humor no caso, é que não é algo palpável como uma placa de limite de velocidade numa estrada que diz claramente “120 k/h”. Se você passar disso, você está sujeito à multa e você sabe até o valor da multa. O limite da arte só se descobre passando por ele e, mesmo assim, ele é mutável porque a sociedade muda. E o papel do artista é exatamente ultrapassar este limite. O Lenny Bruce, humorista americano, foi preso por obscenidade em 1961 porque falava palavrão. Veja você! Ele continuou falando, afrontando, fazendo piadas e até reclamando. E um limite foi ultrapassado ali. Na época, ele estava errado pra sociedade. E hoje? Ele garantiu o direito das pessoas dizerem palavrões na TV. Então, não acho justo um portal de notícias estampar algo na capa, os justiceiros de plantão se juntarem e combinarem “vamos acabar com ele”. É como o caso da Escola Base aqui em SP. Inventa-se que uma escola infantil tem donos pedófilos, a mídia dá como verdadeiro e pronto, você acabou com a vida de todos os envolvidos.
Se o artista andar errado socialmente na carreira dele, naturalmente ele será esquecido e deixado de lado. Não é meia dúzia que tem poder de centenas na internet que deve definir o caráter de alguém por meias dúzia de atitudes de quem quer que seja. Aconteceu comigo… Quando estourou o caso de assédio do Marcius Melhem com a Dani Calabresa, eu fiz uma piada com o Marcius. O título da notícia foi: “Oscar Filho ironiza assédio de Marcius Melhem a Dani Calabresa e é criticado”. Veja bem, existe um abismo de diferença entre uma coisa e outra. Do jeito que escreveram, parece que eu ironizei o fato da Calabresa ter sido assediada, o que é um absurdo, tanto o assedio, quanto o título. Mas quem leu ficou com a impressão que eu apoiei o assedio. E não estou falando de algo subjetivo, estou falando de algo que aconteceu. Eu estava negociando um evento numa empresa, a mulher do marketing viu e cancelou o evento. Não quis nem conversa. Neste momento, você precisa tomar uma decisão: ou para de comentar casos como esse porque podem ser mal entendidos propositalmente ou continua fazendo com o risco de entenderem como quiser e você correr o risco de ficar taxado de apoiador de possível assediador, porque ainda é um caso não julgado. É justo? É certo? É moral? Tamos falando de uma mídia que influencia as pessoas deveriam ter mais responsabilidade.
Uma outra programação mais recente que você inclusive co-apresentou foi o “Programa da Maísa”, que apesar de ter ficado apenas 1 ano e meio no ar, rendeu bastante em relação ao público, principalmente por você e a Maísa já terem um grande público na época. Como era o dia a dia de trabalhar ao lado dela lá no SBT, tanto nos bastidores como em que nós víamos como público?
A Maísa é uma graça mesmo. Ela é daquele jeito, espontânea pra caramba. Não é à toa que ela é o que é e alcançou tudo o que tem. Eu achei demais trabalhar lá e isso se deve ao Koike, assistente de direção. Ele que indicou meu nome e eu achei ousado e uma baita sacada porque eu tinha 42 anos e a Maísa tinha 16. É muita diferença de idade, poderia ter dado muito errado, mas deu muito certo. Ambos se escutavam e sinergia rolava, apesar de eu não conhecer 90% das referências dela e ela das minhas, hahaahhahah. A gente saiu pra jogar junto, jantar, comer pizza… Qual é a possibilidade de um cara de 42 anos sair com uma menina de 16 (eu com minha namorada, ela com o dela) e o papo fluir? Ou ela tem uma cabeça de 42 ou eu de 16. Mas fácil ser a segunda opção.
Esse ano também foi bastante promissor para você no streaming, principalmente pelas produções do Paramount+, como “Escola de Quebrada” e a série “Marcelo Marmelo Martelo”. Como tem sido a recepção do público e os seus personagens nessas produções?
Zero. Ainda não estreou, hahaahahhahahah… Mas cara, vai ser legal só pelo set. Ambas foram muito divertidas de fazer. Pô, Marcelo Marmelo Martelo é uma série de livros de uma baita autora e que fez parte da infância de uma geração. Demais uma nova geração poder conhecer através do audiovisual! E é o primeiro papel que eu faço como pai. Fui pai antes na ficção do que na vida real, hein? Já no Escola de Quebrada eu faço um inspetor de alunos. Foi demais. Eu ficava fazendo o elenco juvenil ficar rindo e eles ficavam segurando as risadas na gravação. CARACA, como eu me divirto fazendo essas coisas!
Além desse público mais adulto que costuma consumir suas produções, você teve um contato com o espectador mais infantil que foi principalmente como o vilão da franquia de filmes “Carrossel” em 2015 e 2016. Você sentiu diferença ao conseguir se comunicar com essa faixa etária mais nova? Se tiver que estabelecer uma classificação indicativa para o seu humor, para qual público você indicaria o Oscar Filho?
Olha, volta e meia eu estou fazendo coisas pra criança. É mais forte que eu. As pessoas me colocam neste lugar. Quando cheguei em SP, fui chamado pra fazer peça infantil. Eu me dava muito bem. Me divertia porque é um público muito verdadeiro. Quando o Marcelo Duarte me convidou pra escrever um livro, a sugestão dele foi pra um livro infantil. Depois do CQC, vieram os dois filmes do Carrossel. Agora o Marcelo Marmelo Martelo e o Escola de Quebrada, que é infanto-juvenil. Eu acho que eu consigo ser flexível o suficiente na minha comunicação. Fui capaz de apresentar ao vivo por dois anos um programa contundente como o CQC, assim como consegui fazer um vilão pro público infantil. Pra mim é uma qualidade, mas acho que pro mercado não. O mercado precisa saber definir quem você é pra poder te vender melhor. Os atores que passam a vida toda fazendo apenas um tipo de personagem, na grande maioria das vezes nem é culpa dele. É culpa do mercado que não dá espaço pro artista mostrar do que ele é capaz. Falei demais?
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