Ponto de Equilíbrio fala de críticas promovidas pelo single “Governo Fascista”

Em meio a muitos debates políticos mundiais e em ano de eleição no Brasil, Ponto de Equilíbrio está provando que música é resistência sim e que o posicionamento vai além do voto na urna. Carregando a bandeira do reggae, a banda lança o single “Governo Fascista” em todos os aplicativos de música.

Produzida pela Blessed Estúdio, a canção levanta um questionamento e mostra resistência ao movimento do nazismo e fascismo que está em alta novamente no mundo.

Já o clipe é ilustrado e dirigido por Oberas e Seelvart, responsáveis por diversos trabalhos de animação, incluindo o “O sítio do Tio Harry” com mais de 14 milhões de views no YouTube,  em 4 meses.

O Ponto de Equilíbrio já nasceu um sucesso. Em seu primeiro CD, gravado e lançado de forma independente, a banda alcançou a marca de 50 mil cópias vendidas.

Ao longo de 20 anos de carreira, o Ponto construiu uma legião de fãs que levaram muita energia positiva para grandes palcos nacionais e internacionais. Identificado por muitos como a principal representante do Reggae Roots brasileiro, a banda traz na história músicas gravadas com Don Carlos, The Congos, Groundation e Alborosie, ícones do Reggae internacional. Entre os artistas nacionais, a banda coleciona participações com nomes de peso: Ivete Sangalo, Emicida, Marcelo D2, Gabriel Pensador, Rael, Rincon Sapiência, entre outros. Confira a entrevista!

Envolvido em debates sobre a política atual do país, o single “Governo Fascista” está sendo lançado em um momento muito delicado para o público brasileiro. O fato da música trazer um teor crítico e ao mesmo tempo ter chegado ao público em ano de eleição, tornam uma coincidência ou já foi algo premeditado?

Se disséssemos que não foi intencional, estaríamos mentindo, então, sim foi premeditado mesmo.

Infelizmente, principalmente durante esse governo atual, o país acabou se dividindo cada vez mais, é hoje vemos até famílias que se separam devido ao conflito de posições políticas. Vocês chegaram a ter algum receio quanto à situação atual da liberdade de expressão que estamos sobrevivendo nos dias atuais?

Realmente o país está separado por partes e a família brasileira sofre também esse reflexo. Porém creio que é um processo de mudança que estamos passando e em toda a história se mostra que muitas tiveram que passar por processos até de conflitos pra que pudessem evoluir como nação em completo. Tivemos receio sim, com certeza, até porque estamos passando por um momento bastante delicado e a qualquer momento a bomba pode estourar. Porém, ao mesmo tempo o sentimento de fazer o que é preciso ser feito fala mais alto, sempre foi assim e graças a Jah, continuamos firmes e fortes na luta.

Sobre o enredo da música, ela nos leva a debates sérios sobre o nazismo e do fascismo, mostrando que infelizmente eles estão tomando cada vez mais força no Brasil e no mundo de maneira geral. Quais foram os cuidados e como foi o processo de conseguir passar esse assunto de forma que pudesse ser transmitido para o público de forma aceitável na música?

O ponto de equilíbrio tem 22 anos de idade e desde o início da banda a gente se posiciona, não é de hoje, saca? E, com o tempo a gente foi aprendendo a se colocar cada vez de forma mais cuidadosa. Mas posso te garantir que por mais que a gente tome cuidada , quando se fala de assuntos como esse , pode ser que incomode a alguns reacionários, ainda mais nos tempos atuais em todo o mundo. A palavra aceitável, no caso da música “Governo Fascista” acaba se tornando uma incógnita.

Em seu primeiro CD, gravado e lançado de forma independente, à banda alcançou a marca de 100 mil cópias vendidas. O que isso significa para sua carreira?

Verdade foram 100.000 cópias vendidas, o que significa que nós fomos abençoados por sermos escolhidos pra fazer esse trabalho, uma vitória com certeza, amém.

Qual a principal mensagem que o single “Governo Fascista” passa para a sociedade como um todo?

A mensagem é uma crítica contra o nosso atual governo, mas também uma crítica a ideólogos e pensamentos retrógrados de uma visão que já não cabe mais a uma humanidade em busca de um real evolução e revolução principalmente interiores. Ela serve também como um alerta, citado na parte ‘ A semente já está plantada, mas é preciso regar para vingar ‘, pois não podemos nunca esmorecer ou baixar a guarda, porque os filhos da escuridão nunca dormem. O mundo precisa ser colorido, repleto de respeito, justiça, igualdade e por fim a paz e o amor.

Podemos esperar mais músicas com engajamento político no restante do álbum?

Sempre, mas também muitas outras abordagens, não nos prendemos a um padrão, simplesmente vai fluir como deve ser.

Já não é de hoje que muitos grupos musicais utilizam da música como uma forma de protesto a situação atual do país, como foi o caso da Legião Urbana com a música “Que País é Esse”, e agora a de vocês. Qual acreditam ser o verdadeiro potencial da música como uma forma de expressão e conscientização da situação atual em que a sociedade vive?

Olha, eu só inverteria um pouco o lugar da palavra “usar” na sua afirmação, porque acreditamos que na real é a música que nos escolhe, nós que somos usados pela música . E enquanto tiver músicos com o coração e a mente aberta pra captar essa vibração, ela vai seguir o seu curso, curando e até prevenindo dos males plantados por seres humanos de má vontade.

Confira também o último lançamento da banda em parceria com o 3030:

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Com Luca Moreira, Regina Soares, Letícia Cleto e Affonso Tavares