Sergio Marone, renomado ator brasileiro, assume um novo desafio nos bastidores do cinema com a produção do filme “Jesus Kid”. Com roteiro assinado por Aly Muritiba, a trama gira em torno de Eugênio (interpretado por Paulo Miklos), um escritor de faroeste conhecido pela criação do personagem Jesus Kid, também vivido por Marone. A história ganha um novo rumo quando Eugênio é convidado a escrever um roteiro, desde que se isole em um luxuoso hotel por três meses, sem qualquer contato com o mundo exterior.
Além de sua participação como protagonista, Sergio Marone expande seus horizontes na produção cultural, buscando investir em projetos além de sua carreira de ator e de seu envolvimento como empresário no ramo de dermocosméticos com a marca Tukano. O filme “Jesus Kid” desponta como um forte concorrente na 46ª edição do Festival de Gramado, onde disputa prêmios nas categorias de Melhor Longa Metragem de Comédia, Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Efeito Visual. Com três vitórias já conquistadas, a produção é uma aposta promissora para a premiação, que ocorrerá em 23 de agosto.
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O filme, que marca a estreia de Sergio Marone na produção cultural, promete cativar o público com sua trama envolvente e a habilidade do ator em dar vida ao icônico personagem Jesus Kid. Com um elenco talentoso e um roteiro intrigante, a obra destaca-se como um dos destaques do cenário cinematográfico brasileiro, levando o público a uma jornada emocionante e repleta de surpresas.
Como surgiu a ideia de produzir o filme “Jesus Kid” e qual foi o seu papel nesse processo?
A ideia de produzir o filme “Jesus Kid” surgiu da vontade de trabalhar com pessoas que eu admiro, como o próprio Lourenço Mutarelli, cujo roteiro foi adaptado de um de seus romances. O diretor do filme, Paulo Miklos, Mauro Miranda e Leandro Daniel também são profissionais que eu admiro muito. Foi uma experiência fantástica poder interpretar o personagem do Jesus Kid, um cowboy, o que é algo fora do meu padrão usual de papéis. Minha participação no filme foi principalmente como produtor. Adquiri os direitos do romance, convidei o diretor para o projeto e trabalhei para tornar a produção uma realidade.
Qual foi a maior motivação para investir na produção cultural e explorar essa nova faceta além da atuação?
A maior motivação foi criar uma oportunidade de trabalho com pessoas que admiro, contando uma história interessante e diferente. “Jesus Kid” é uma comédia que foge dos padrões do cinema brasileiro, trazendo críticas sociais e políticas. Essa temática está alinhada com o que eu gosto e no que acredito, de que a arte deve entreter, mas também deve questionar e fazer as pessoas refletirem. Acredito que o filme foi bem-sucedido nesse sentido.
Como foi trabalhar com Aly Muritiba no roteiro do filme? Qual foi a sua contribuição para a construção da história?
Foi incrível trabalhar com Aly Muritiba no roteiro do filme. Além de ser um cara que eu admiro muito, ele é extremamente talentoso e genial. Ele fez uma adaptação do roteiro para os dias atuais, considerando que eu comprei o romance há quase 10 anos. Ficamos sete anos produzindo o filme e o romance original de Lourenço Mutarelli tinha um tipo de humor que talvez não fosse bem aceito nos dias de hoje. Aly ressignificou muito bem a história, trazendo um humor mais atualizado, relacionado ao contexto político que vivíamos no país. Acredito que ele foi muito bem-sucedido nessa adaptação. Minha contribuição para a história foi, de fato, adquirir os direitos do romance, que é a espinha dorsal da trama. Mantivemos essa base, mas Aly teve total liberdade para criar como diretor autoral e para desenvolver o roteiro da forma como acreditava que deveria ser.
O filme conquistou três prêmios no Festival de Gramado. Como você se sente com esse reconhecimento e quais são suas expectativas para a premiação?
É extremamente gratificante ver que minha primeira produção como produtor de cinema foi premiada no Festival de Gramado, um dos mais importantes do país. O filme também recebeu prêmios em outros festivais internacionais. Fiquei muito feliz com esse reconhecimento, pois acredito que o filme é uma comédia inteligente e fora do comum. Ele foi realizado com uma luz incrível e uma direção de arte incrível, resultando em uma obra elegante. Considero que esses prêmios são merecidos e estou muito feliz com eles.
“Jesus Kid” é um filme que mescla comédia e drama. Como foi encontrar o equilíbrio entre esses dois gêneros durante a produção?
Durante a produção, encontramos o equilíbrio entre comédia e drama através do roteiro. Muitas cenas já estavam definidas no texto, mas também surgiram momentos engraçados durante as filmagens. Lembro-me de uma cena em que os três personagens estão na cama, eu, Paulo Miklos e Mauro Miranda, e o diretor pediu que ficássemos em uma posição específica que acabou ficando muito engraçada. O personagem do Paulo, Nicolau, está quase abraçando o meu personagem, dando a impressão de que sou um urso de pelúcia dele. Essa relação é parte importante da trama, pois meu personagem, Jesus Kid, é como um herói imaginário para o protagonista Eugênio. Esses elementos de comédia e drama já estavam presentes no roteiro, mas também surgiram algumas coisas durante os ensaios e gravações, o que torna tudo muito mágico.
Além da atuação e da produção cultural, você também está envolvido no ramo de dermocosméticos com a Tukano. Como você concilia todas essas atividades em sua carreira?
Não é fácil conciliar todas essas atividades. Exige muita dedicação e foco. Por exemplo, mesmo estando em Portugal teoricamente de férias, nunca consigo me desconectar completamente. É preciso estar sempre trabalhando, seja praticando ou pensando em novas ideias e projetos para produzir. Ser empreendedor e artista no nosso país não é uma tarefa fácil quando se deseja ter algum controle sobre a carreira e criar projetos que realmente preencham em todos os sentidos. Mas isso faz parte do desafio, e mesmo não sendo fácil, é gratificante. Faz parte do meu caminho.
Quais são os próximos passos para a sua carreira como produtor cultural? Já tem outros projetos em mente?
Tenho muita vontade de voltar aos palcos e tenho em mente fazer uma coprodução entre Brasil e Portugal no cinema. Além disso, tenho três projetos para televisão em mente. Um deles é um programa um pouco mais documental, rodando o mundo em busca de soluções e pessoas que estão fazendo a diferença no meio ambiente para garantir um futuro melhor para todos nós. Outro projeto é um reality show com influenciadores, e o terceiro é um programa de auditório com uma pegada sustentável. Embora seja voltado para o entretenimento, ele aborda a questão da sustentabilidade como pano de fundo.
Como você vê o cenário da produção cinematográfica nacional atualmente? Quais são os desafios e as oportunidades para os artistas brasileiros?
Acredito que estamos em um ótimo momento. Passamos por um período difícil, talvez o pior que já vivemos, especialmente no governo passado, que não apenas perseguiu, mas também criminalizou a cultura e os artistas. Agora, estamos em um momento de reconstrução e retomada. Acredito que o governo atual tem total consciência da importância da cultura não apenas como uma economia que gera empregos e dinheiro para o país, mas também como um “soft power” cultural que pode levar o Brasil para o mundo e construir uma imagem positiva do país. Vemos outros países, como os Estados Unidos e a Coreia, utilizando a cultura como uma forma de abrir portas e fazer com que as pessoas conheçam e se interessem pelo país. Um país sem cultura é um país sem identidade. Portanto, estamos nesse momento de retomada e reconstrução da cultura brasileira, e é importante levar isso para o mundo.
Como é interpretar o personagem Jesus Kid e qual foi a preparação necessária para esse papel?
Interpretar o personagem Jesus Kid foi muito divertido porque ele é muito diferente de mim. Como mencionei antes, talvez eu nunca fosse convidado para interpretar esse personagem se não tivesse produzido o filme, porque as pessoas têm ideias pré-concebidas sobre o tipo de personagem que eu posso interpretar. Foi uma desconstrução do Sérgio e foi muito interessante. Tivemos um trabalho minucioso de caracterização, desde a maquiagem para deixar a pele mais manchada e com cicatrizes, até os detalhes do figurino.
Trabalhamos nos mínimos detalhes para desconstruir a imagem glamourizada e fazer um personagem mais sujo e maltrapilho. Coloquei um algodão na boca para projetar o queixo e tive um dente de ouro. Foi um processo colaborativo, com muitas pessoas pensando na construção desse personagem. Ensaiamos durante um mês antes das filmagens, definindo as cenas, os movimentos e a caminhada do personagem. O figurino também foi fundamental para ajudar nessa transformação.
O trabalho corporal foi muito importante. Comecei a fazer um trabalho de corpo um mês e meio antes dos ensaios, para encontrar a postura e os gestos desse cowboy. Também foi fundamental o treinamento do manuseio da arma, já que todo cowboy tem aquelas cenas de sacar a arma e girá-la no dedo. Foi um dos aspectos mais difíceis, pois meu dedo é muito grosso e a arma era muito justa para o meu tamanho de dedo. Cheguei a ter tendinite por treinar tanto com a arma, mas fiquei muito feliz com o resultado. No geral, foi um trabalho minucioso e colaborativo, com atenção aos detalhes e à construção do corpo e dos gestos do personagem. Foi uma experiência muito interessante e estou satisfeito com o resultado.
Por fim, o que o público pode esperar do filme “Jesus Kid” e por que ele merece ser assistido?
O público pode esperar de “Jesus Kid” uma comédia muito diferente de tudo que já foi visto no cinema nacional até hoje. É uma comédia com situações absurdas, mas com uma forte crítica social e política. O humor é ácido e inteligente, com grandes atuações. O filme possui uma textura visual elegante, com cores marcantes. Não é apenas porque eu fiz parte do filme e sou produtor, mas acredito que é um filme que precisa ser visto.
“Jesus Kid” registra para sempre um momento que vivemos em nosso país e que nunca deve ser esquecido, para que não se repita novamente. É uma comédia imperdível que exerce a função fundamental da arte, que é entreter e, ao mesmo tempo, questionar. O filme registra momentos históricos e todo o absurdo que vivenciamos nos últimos quatro anos. Sem dúvida, é uma comédia que não se pode perder.
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