Telma Abrahão é uma mãe dedicada, com formação em Biomedicina há mais de 20 anos, especializada em neurociência e desenvolvimento infantil. Ela é reconhecida como a criadora da Educação Neuroconsciente e também como autora do renomado livro “Pais que Evoluem”, que alcançou a posição de best seller no Brasil, permanecendo por 16 semanas na lista dos mais vendidos da Publish News. O sucesso do livro se estendeu para além das fronteiras, sendo lançado em 10 países nas versões em português e inglês.
Além de sua carreira profissional, Telma Abrahão fundou a Positive Parenting Education, uma escola de pais localizada na Flórida, EUA, onde atualmente reside com sua família. Através dessa iniciativa, ela tem ajudado milhares de pais ao redor do mundo, oferecendo orientação e suporte na criação dos filhos.
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A vasta experiência de Telma Abrahão, tanto como profissional quanto como mãe, juntamente com suas certificações internacionais e os cursos desenvolvidos na área da Educação Parental, a posicionam como uma referência confiável no campo da criação dos filhos. Sua expertise e dedicação a tornam uma voz respeitada nesse importante pilar da vida familiar.
Qual é a sua formação acadêmica e há quantos anos você se formou em Biomedicina?
Sou biomédica, especialista em Patologia Clínica, Neurociências e Desenvolvimento Infantil. Formei-me há 25 anos.
Além de ser mãe, qual é o seu papel na área da educação parental?
Meu papel é orientar pais e capacitar profissionais sobre a importância da infância como base fundamental para termos adultos mais saudáveis no mundo. A ciência atual mostra como os acontecimentos da infância impactam profundamente a saúde física, emocional e mental dos futuros adultos em nossa sociedade.
Pode nos explicar o conceito da Educação Neuroconsciente que você desenvolveu?
A Educação Neuroconsciente é uma abordagem educacional baseada em neurociências, que explica como as relações humanas desde o início da vida impactam nosso desenvolvimento emocional e cognitivo de forma profunda.
A abordagem da Educação Neuroconsciente tem como objetivo evitar e minimizar os danos causados por traumas decorrentes de diversas experiências adversas vividas na infância, como abusos físicos e emocionais, negligências, abandono e ambientes familiares disfuncionais. Quando pais e profissionais têm acesso a esse conhecimento, eles mudam sua perspectiva em relação à infância e aprendem novas formas mais saudáveis de se relacionar com seus filhos.
O que é inteligência emocional e como ela é relevante na criação de filhos?
A inteligência emocional é resultado da educação emocional que recebemos ou não. Gerações passadas, incluindo nossos pais e avós, não tiveram acesso à educação emocional e, portanto, não conseguiram utilizar a razão para lidar com as emoções. Por exemplo, quando sentem raiva, reagem com gritos, xingamentos, agressões, explosões emocionais, vivendo motivados pelos instintos e reatividade. Quando somos educados desde cedo a compreender nossas emoções e os pais aprendem a educação neuroconsciente, desenvolvem a habilidade de utilizar a razão para lidar com as emoções. Isso permite que se tornem pais com inteligência emocional, capazes de reconhecer a raiva, por exemplo, e não agir imediatamente. É importante aprender a compreender que a raiva é nossa e irá passar, e então, conversar com nosso filho. A educação neuroconsciente é extremamente importante para que os pais desenvolvam essa habilidade.
Quais são as habilidades-chave da inteligência emocional, em sua opinião?
As habilidades-chave da inteligência emocional incluem reconhecer o que sentimos e por que sentimos, ter autorresponsabilidade para separar o que é nosso do que é do outro, desenvolver o controle de impulsos, saber a hora de esperar uma forte emoção, como a raiva, passar antes de falar ou se expressar, desenvolver empatia e respeitar as diferenças.
Quais são os benefícios de desenvolver a inteligência emocional na vida pessoal e profissional, na sua experiência?
A falta de inteligência emocional leva a uma vida caótica, pois uma pessoa dominada pelas emoções enfrenta desafios em todas as áreas, seja na família, consigo mesma, com amigos ou no trabalho. Imagine uma situação no trabalho que resulte em descontar a frustração nos filhos, envolvendo brigas e agressões tanto com as crianças quanto com a esposa. Aqueles que não conseguem lidar com as emoções racionalmente vivem em constante altos e baixos, o que afeta não apenas a saúde emocional, mas também aumenta o estresse, podendo levar a problemas de saúde mental, como depressão e ansiedade, e até mesmo a doenças físicas, como obesidade e problemas cardíacos. A inteligência emocional é fundamental para uma boa qualidade de vida.
Como a Educação Neuroconsciente utiliza os conhecimentos sobre o funcionamento do cérebro e as emoções no processo de aprendizagem, de acordo com a sua abordagem?
Diversos estudos das neurociências nos ajudam a compreender melhor o desenvolvimento humano desde o nascimento. Hoje compreendemos como a imaturidade do cérebro e o ambiente em que vivemos desde o início da vida impacta nosso desenvolvimento emocional e cognitivo. A compreensão da nossa biologia e do desenvolvimento do cérebro da criança, nos ajuda a lidar com os desafios comportamentais e também a ajudar no desenvolvimento de importantes habilidades cognitivas e emocional. Uma criança educada de maneira neuroconsciente desde cedo aprende a autorregular-se. Por exemplo, quando sente raiva, os pais ensinam que em vez de agredir o outro, ela deve respirar e esperar a raiva passar para agir. Isso é um treino diário, pois a criança ainda não possui o controle de impulsos desenvolvido como de um adulto.
Quanto ao processo de aprendizagem, sabemos que o cérebro humano aprende melhor em um ambiente seguro do que em um ambiente de medo. Uma educação autoritária, baseada em ameaças e medo, desativa as partes racionais do cérebro relacionadas à aprendizagem. Portanto, uma das grandes vantagens de educar os filhos de forma neuroconsciente é proporcionar um ambiente seguro onde a criança se sinta amada e protegida. Isso favorece o aprendizado, o foco e comportamentos de colaboração. Crianças criadas com punições físicas e ameaças tendem a ter dificuldades comportamentais, falta de foco e dificuldades de aprendizagem na escola, pois a sensação de segurança é um fator crucial e está intimamente ligada ao processo de aprendizagem desde os primeiros anos de vida.
Como os acontecimentos da infância, como traumas por e exemplo, podem impactar o comportamento e aprendizado da criança em sala de aula?
Um grande problema que vemos atualmente, principalmente nas escolas do Brasil, é que os professores não estão preparados para reconhecer o que está por trás do comportamento infantil. Muitas crianças sofrem traumas, como abusos emocionais, físicos e sexuais, e a escola muitas vezes não reconhece ou percebe esses sinais. Como resultado, essas crianças ficam completamente solitárias, pois os pais, que deveriam cuidar delas, são justamente os abusadores. Quando chegam à escola, essas crianças têm dificuldade em se concentrar, brigam com os colegas, apresentam comportamentos agressivos e podem manifestar sinais de depressão, como choro, dificuldade em lidar com as emoções e isolamento.
A escola precisa estar preparada e capacitada para ajudar essas crianças. No entanto, é muito comum que uma criança com comportamento problemático seja punida ou enviada à direção, em vez de alguém olhar para ela e tentar entender o que está por trás desse comportamento. Em vez de perguntar por que essa criança se comporta dessa maneira, devemos mudar a pergunta para o que está causando esse comportamento desafiador.
Normalmente, esses comportamentos desafiadores são resultado de necessidades físicas não atendidas, necessidades emocionais não atendidas e imaturidade neurológica, pois a criança ainda possui um cérebro imaturo e não tem habilidades para lidar com suas emoções. Muitas vezes, em casa, ela é educada com agressividade, por meio de tapas, e se sente extremamente ameaçada e sozinha. Isso afeta profundamente não apenas o relacionamento dela com outras crianças na escola, mas também seu comportamento e desenvolvimento.
Os profissionais da área da infância precisam estar preparados para reconhecer os possíveis comportamentos resultantes de experiências traumáticas. Muitos pais, por exemplo, vivenciam divórcios conturbados, têm vícios ou as crianças podem ser abandonadas ou sofrer diversos tipos de abuso. Todas essas crianças tendem a apresentar comportamentos desafiadores, o que consequentemente pode afetar seu desempenho acadêmico, resultando em baixas notas ou um desenvolvimento inadequado.
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