O ator Velson D’Souza, conhecido por sua trajetória no SBT e pela parceria com a família Abravanel, está de volta à emissora em uma nova produção. Após interpretar Silvio Santos no musical “Silvio Santos Vem Aí”, ele encara o desafio de dar vida ao personagem Fred na primeira coprodução do SBT com o Prime Video. O elenco conta com nomes como André Lucas e Karin Hils, e a trama, inspirada na obra de Shakespeare, estreou recentemente na TV aberta e no streaming.
Depois de 13 anos longe do SBT, Velson expressa sua felicidade por retornar à emissora. Ele destaca o ambiente acolhedor e a sensação de estar em casa ao trabalhar com a família Abravanel. O ator ressalta a importância dos temas abordados na novela, como inclusão e diversidade, especialmente por serem voltados ao público infantil e jovem. Com uma trajetória que conquistou fãs de todas as idades, Velson está animado com cada capítulo divertido e dinâmico do roteiro.
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Além do trabalho na novela, Velson também participou do reality culinário “Bake Off Brasil Mão na Massa”, onde testou suas habilidades na cozinha e conquistou o avental de Mestre Confeiteiro. Paralelamente, ele revisita o divertido texto do musical “Silvio Santos Vem Aí”, que o trouxe de volta ao país e ao seu universo cultural. O artista também atua como empresário e arte-educador em seu Espaço Co.Lab, onde ministra aulas de interpretação e compartilha técnicas especiais adquiridas em seu mestrado em Nova York.
Com uma carreira sólida no SBT e uma nova fase repleta de projetos empolgantes, Velson D’Souza mostra sua versatilidade como ator e seu compromisso em transmitir mensagens relevantes por meio de seus trabalhos na televisão, no teatro e além.
Como foi retornar ao SBT após 13 anos? O que mudou nesse período?
Foi maravilhoso! Eu me sinto muito à vontade no SBT, amo aquele lugar, e me sinto como parte dessa grande família. Foi uma delícia reencontrar os amigos de 13 anos atrás e voltar a trabalhar novamente com eles. Muita coisa mudou na minha vida pessoal e profissional. Passei muito tempo trabalhando como ator nos Estados Unidos, e o mestrado também me transformou. Eu cresci como ser humano, como artista. Sou uma pessoa mais madura e experiente. Me sinto mais confiante no meu trabalho de criação e nas minhas escolhas. O SBT em si continua o mesmo lugar gostoso de se trabalhar, acolhedor.
Conte-nos um pouco sobre seu personagem na nova novela do SBT em coprodução com o Prime Video. Como você descreveria Fred?
O Fred é um homem muito inseguro que busca a aprovação das outras pessoas. Ele busca ser validado pelo sogro, pela esposa, e até pelos filhos. Apesar de às vezes ter ótimas ideias, ele é um pouco desligado, avoado, e sem noção, meio o tio do pavê. Ele é um cara do bem, de bom coração, mas acaba entrando na onda da esposa para agradá-la. Não é um bom pai, pois falta o papel do educador. Ele vê os filhos mais como amigos do que como filhos, pois ele basicamente é uma criança crescida.
Qual é a sua visão sobre a importância de abordar temas relevantes, como inclusão e diversidade, na trama da novela, especialmente considerando o público infantil e jovem?
Eu acho que é uma responsabilidade muito grande. Pois é o público que está se formando. É importantíssimo fazer arte voltada para as crianças, eu já fiz muito teatro infantil, com Cintia Abravanel, Vladimir Capella, Paulo Ribeiro, Kleber Montanheiro na Companhia da Revista junto de Marilia Toledo. Mas fazer uma novela tem um alcance muito maior, e também ao lado de crianças, jovens atores, é de uma responsabilidade enorme. Nosso comportamento nos bastidores tem de servir de exemplo. Acho que essa novela é um divisor de águas nesse quesito: fazer arte que aborda inclusão e diversidade é fundamental. Nós precisamos de mais representatividade. E acho que essa novela tem mensagens lindas para passar justamente para o público mais precioso que são as crianças.
Como foi interpretar Silvio Santos no musical “Silvio Santos Vem Aí”? Como você se preparou para esse papel icônico?
Foi, com certeza, o grande desafio da minha carreira. A responsabilidade aumenta ainda mais por eu ter uma história tão próxima ao Silvio e a família Abravanel, tendo a Cintia como minha madrinha no teatro, tendo trabalhado nas primeiras novelas da Íris, e participado do jogo dos pontinhos com o próprio Silvio. É tudo muito especial pra mim. O que busco no meu trabalho é viver verdadeiramente o que o personagem vive, então eu realmente estudei muito, não somente a composição física e de voz, mas as circunstâncias e a vida do Silvio para realmente entender como me colocar nas diversas situações que vemos no espetáculo. Eu passei o ano de 2019 inteiro me preparando lá em Los Angeles, pois ainda não tinha voltado ao Brasil. Eu li muito, assisti imagens de arquivo, Youtube, e trabalhei o gestual e voz para chegar em algo mais próximo do que é realista.
Além da atuação na TV, você também participou do reality culinário “Bake Off Brasil Mão na Massa”. Como foi a experiência de testar suas habilidades na cozinha em um ambiente competitivo?
Foi sensacional. Nunca imaginei que conseguiria fazer aquilo. E peguei gosto. Já fiz bolo em casa depois que saí do programa. Apesar de ser um ambiente competitivo, nosso elenco era muito harmônico, e todos se ajudavam. Acredito que nós estávamos nos colocando à prova contra nós mesmos e não um contra o outro. Acho que foi um programa de muita superação, e a mensagem que passamos foi a de trabalhar em conjunto, de ajudar o outro. E é muito o que acredito na vida. Eu não estou competindo com os outros atores por papéis na TV e cinema. Eu estou lutando para ser melhor a cada dia, melhor do que fui ontem, e não melhor que ninguém. Precisamos de menos confronto e mais amor nesse mundo, e não vou crescer na derrota do outro, e sim, na vitória comigo mesmo.
Fale um pouco sobre o Espaço Co.Lab, o seu projeto como empresário e arte-educador. Como surgiu a ideia e qual é o objetivo desse espaço?
O Espaço Co.Lab é um espaço colaborativo focado na formação e no desenvolvimento de artistas. Eu sempre tive o desejo de replicar o sistema do meu mestrado em NY. Lá os alunos de interpretação, os de direção teatral, e os de dramaturgia, se reuniam em uma aula semanal para colaborar com o objetivo de desenvolver novos projetos teatrais. De lá saíram espetáculos para Broadway, Off-Broadway e companhias de teatro. O objetivo do Co.Lab não é diferente. Eu e Daniela Stirbulov abrimos o Espaço e ministramos cada um o seu grupo de estudos. Eu ministro o de Técnicas Americanas de Interpretação para Tv e Cinema e a Daniela o de Direção Teatral. Por um ano, os alunos de interpretação participavam uma vez por mês das aulas da Daniela no grupo de direção para serem dirigidos pelos alunos de direção teatral. Neste ano, nós adicionamos o Grupo de Estudos de Dramaturgia ministrado por Vitor Rocha. Lá, os alunos desenvolvem novos textos, que serão depois trabalhados pelos alunos de direção e interpretados pelos meus alunos. No final de Julho teremos nossa Mostra de Cenas Contemporâneas escritas pelos alunos do Vitor, atuadas pelos meus alunos de interpretação, e dirigidas pelos alunos da Dani de Direção. Dessa forma, queremos formar e desenvolver artistas de todas as áreas dando oportunidade para que novas vozes e novas visões sejam conhecidas e lançadas no mercado de trabalho. Nosso foco é no processo de desenvolvimento do artista, então também temos outros workshops e cursos livres acontecendo em colaboração com outros profissionais da área.
Quais são as técnicas de interpretação que você ensina no Espaço Co.Lab? Como elas contribuem para o desenvolvimento dos atores?
No CoLab eu ensino as técnicas que mudaram a minha vida como ator. Eu não sou o tipo de professor que “jura de pé junto” por nenhuma técnica específica, pelo contrário, eu busco dar ferramentas para que os atores descubram quais delas os ajudam e quais delas os transformam. Eu ensino o famoso Método, de Lee Strasberg, desmistificando um pouco o que as pessoas no Brasil pensam ser “O Método”. Ensino também Stella Adler, Uta Hagen, Meisner, Chekov e Kimball. Eu gosto de misturar as técnicas, pois diversas vezes acho mais efetivo combiná-las. O que eu ensino é que os atores têm que adquirir o conhecimento e domínio das técnicas para que eles mesmo possam ter a sensibilidade de escolher qual exercício, ou qual técnica, os servirá melhor para cada cena e personagem que eles estiverem trabalhando. Dessa forma, o ator e atriz se torna independente, e pode fazer suas escolhas sem precisar se apoiar em um coach ou preparador de atores. Vejo que muitos atores no Brasil dependem disso, e muitas vezes chegam no set ou no ensaio esperando que o diretor lhe dê as ferramentas para construir o personagem.
Como foi receber indicações de Destaque Ator no Prêmio Destaque Imprensa Digital e de Melhor Ator no Prêmio Bibi Ferreira? O que essas indicações representam para você?
Fiquei extremamente honrado e lisonjeado. Voltar ao Brasil encarando esse grande desafio e ser reconhecido por estes Prêmios importantíssimos é a cereja do bolo, ainda mais por ser indicado ao lado de artistas que admiro tanto há tanto tempo. Acho que nenhum trabalho que fiz nos meus 21 anos de carreira teve tanto reconhecimento da classe artística, do público, e da imprensa. E ter todas essas áreas reconhecendo nosso trabalho é realmente algo que nunca imaginei. Sou eternamente grato por tudo que tem me acontecido atualmente.
Quais são os seus planos futuros no universo artístico? Há algum projeto específico que você gostaria de realizar nos palcos ou no audiovisual?
Eu tenho o sonho de ser apresentador, de ter um programa. Então trabalho para que um dia isso aconteça, já tenho algumas ideias e projetos pessoais relacionados a isso. Eu amo trabalhar no SBT e torço muito para que meu vínculo se prolongue por muito tempo. Tenho planos de continuar trabalhando com audiovisual também. Tenho dois projetos de séries que estou finalizando para poder apresentar para possíveis compradores. Um dos que mais acredito é o projeto de série de terror adolescente que criei ao lado de Emílio Boechat. O outro, é um projeto que engloba futebol, mas não posso dar muitos detalhes hehe Já no teatro, tem uma peça escrita por Bruno Cavalcanti chamada “Paixão”, na qual me apaixonei à primeira “lida”. Espero que em 2024 este projeto se concretize.
Por fim, como você equilibra sua agenda entre as gravações da novela, os ensaios do musical e as aulas no Espaço Co.Lab? Como conciliar todas essas atividades?
É uma loucura, mas tem dado muito certo. E eu amo essa correria. Quando não estou gravando, estou dando aula. O cronograma de gravação sempre é divulgado na semana anterior, então eu divulgo as aulas que são agendadas semana a semana. Não tenho turma fixa, e sim flexível, o que acabou sendo até uma ótima alternativa para todos, já que a vida do artista em geral não segue muito uma rotina definida. Já o musical está basicamente ensaiado, e eu lembro de tudo. Basta dois ou três ensaios que estamos afiados novamente hehe.
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