Cinema Brasileiro

Wildes Sampaio retorna à direção cinematográfica após uma década em Fernando de Noronha com “Pescadores”

Cineasta renomado inicia gravações de seu primeiro longa-metragem exaltando a riqueza de histórias da ilha paradisíaca

Publicado em 26/07/2023
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Cineasta brasileiro Wildes Sampaio retorna à indústria cinematográfica após uma década sabática em Fernando de Noronha. Conhecido por suas produções de curtas-metragens e animações, que acumulam mais de cem participações em festivais, Sampaio anuncia seu aguardado retorno com o início das gravações de seu primeiro longa-metragem, intitulado “Pescadores”.

Envolto em entusiasmo, Sampaio destaca o privilégio de produzir filmes no local que escolheu para viver, um arquipélago que é um dos destinos mais desejados pelos brasileiros. Desde a infância, o talento do cineasta para o audiovisual era notório, dirigindo seu primeiro projeto aos 12 anos e lucrando com a direção de filmes no Sertão de Pernambuco aos 13. Agora, com vasta experiência e reconhecimento em seu currículo, ele promete encantar o público novamente ao exibir a riqueza cultural e natural de Fernando de Noronha como pano de fundo das emocionantes histórias de vida dos pescadores da ilha.

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Para Sampaio, a volta à direção cinematográfica em seu refúgio de Noronha representa um enriquecedor momento em sua carreira e uma oportunidade de compartilhar as histórias reais e especiais de pessoas que tornam o lugar tão singular. Com “Pescadores”, o cineasta pretende marcar mais uma vez seu nome no cenário cinematográfico brasileiro, mostrando a paixão e dedicação que permeiam suas produções.

Conte um pouquinho sobre você… Sua história, bem como começou sua paixão pelo mundo do cinema?

Eu fui criado em Salgueiro, no Sertão Central de Pernambuco. Quando eu tinha uns 6 anos, fui passar férias no Recife e lá eu entrei no cinema pela primeira vez. Eu não sabia que estava entrando em um cinema. O filme já tinha começado e eu tomei um grande susto quando eu vi um tiranossauro-rex vindo em minha direção. Era a estreia de Jurassic Park. O susto intenso deu lugar ao encantamento quando cortou a cena e percebi que “era só um filme”. Poucos dias depois, assisti a uma entrevista com Steven Spielberg no Fantástico contando como ele fez o Parque dos Dinossauros. Ali eu já tinha certeza do que eu queria fazer quando crescer. Eu só não sabia que eu não ia ter que esperar crescer muito pra dar vida aos meus próprios mundos e com 12 anos eu comecei a roteirizar e dirigir filmes, ainda no colégio. Aos 13 eu criei um estúdio com quatro cenários na garagem de casa. Aos 14 a cidade inteira só falava na estreia do meu primeiro filme que reuniu 40 atores e aos 15 eu já dirigia o meu próprio festival com apoio da TV Globo local, prefeituras e grandes empresas da região. Essa época as filas dobrando o quarteirão pra estreia dos meus curtas vendiam 2 mil ingressos por noite para ver meu trabalho e esse público triplicou. Nos anos seguintes eram 4 a 6 mil pessoas por noite. Logo o surgimento de um cineasta mirim, menino prodígio, em pleno sertão central ganhou os noticiários.

Ao longo de sua carreira, você se destacou na produção de curtas-metragens e animações, participando de diversos festivais. Como você acha que essa experiência anterior influencia seu trabalho no longa-metragem “Pescadores”?

Todo trabalho criativo é fruto de experimentos anteriores. Nossa mente se expande a medida em que a exercitamos e assimilamos novas ideias, logo cada trabalho novo é fruto do acúmulo de experiências, estudos e vivências anteriores. Ter feito muitos curtas desde muito jovem, me traz mais segurança pra contar uma história em que a trama é amarrada como uma rede de pesca que conecta várias histórias em torno do tema central.

Quais são as histórias e personagens especiais que você planeja retratar no filme “Pescadores” e de que eles refletem a riqueza cultural e natural de Fernando de Noronha?

A vida de um povo ilhado há 500km de sua costa guarda histórias verdadeiramente heróicas, exemplos de vida, visto as limitações geopolíticas que a ilha possui. Durante a pandemia dezenas de pescadores se uniram para garantir peixe de graça para todos os moradores da ilha. Eles enfrentavam os intempéries do mar dia e noite. Muitos eram filhos e netos de um dos maiores pescadores que a ilha já teve, Seu Salviano, que atravessou toda costa brasileira de jangada para cobrar os direitos dos pescadores na posse de Juscelino Kubitscheck, no Rio de Janeiro. Tem também a história de Julio Grande, que mergulhava no peito até 60 metros de profundidade empunhando seu tridente para espantar tubarões que desejavam sua pesca. Os pescadores são grandes sábios do mar, eles entendem as leis da natureza, seu manejo e a importância da preservação.

Wildes Sampaio (Foto: Divulgação)

Como esse período sabático e de novas descobertas em Fernando de Noronha influenciou sua criatividade e perspectiva como cineasta?

Depois de dez anos de um mergulho profundo no que é viver em Fernando de Noronha, não tem como não ser tocado de maneira muito intensa pela força da natureza que existe aqui. A natureza é uma grande escola. Essa consciência acredito que influencia a perspectiva de que há de se ter muita atenção, sensibilidade e cuidado nas histórias que pretendo dar vida no cinema.

Como foi o processo de escolha do arquipélago de Fernando de Noronha como o lugar especial para retomar sua carreira?

Não poderia haver nada mais natural que escolher Noronha pra retomar minha carreira. Aqui é o lugar no mundo que eu mais me sinto em casa. Unir o que eu mais gosto de fazer sem ter que sair de casa é viver um paraíso no próprio paraíso.

O que o arquipélago representa para você como cineasta e como influenciou a narrativa do longa que retrata a história dos pescadores?

Noronha pra mim representa o que a ilha de Jurassic Park representou pro Spielberg. É onde a magia acontece. Desde que vim morar aqui, me sinto as vezes como se estivesse dentro de um filme , um quadro vivo. Aqui a natureza vem até a gente. A riqueza histórica e cultural que Noronha possui precisa ser revelado e eu me coloco a disposição disso e contar a história dos Pescadores de Noronha vai revelar um dos maiores tesouros que faz Noronha ser tão amada por todos que pisam aqui; o fator humano.

Quais foram os desafios e oportunidades que você encontrou ao realizar as gravações do longa em um local tão singular como Fernando de Noronha?

Acho que o principal desafio de se fazer cinema no nosso país é o orçamentário mesmo, ainda mais se tratando de um dos destinos mais caros do Brasil. Por isso iniciamos as gravações com recursos próprios. A parceria com a Amora Filmes, co-produtora do filme também tem sido fundamental pra realização do trabalho. Recentemente tivemos uma reunião muito positiva com a Administração da Ilha, Governo de Pernambuco que acenou parceria para viabilizar a logística do projeto e junto a Eduardo Loyo, Presidente da Empetur, onde o projeto já está em análise. Eu acredito que desafios vão sempre existir e oportunidade a gente cria. Quando unimos pessoas, parceiros e profissionais por um bem comum, a coisa acontece da melhor forma possível. Foi assim em todos os projetos audiovisuais que fui pioneiro na ilha desde 2005.

Como você descreveria a recepção da comunidade local durante as filmagens do longa?

O Noronhense não aguenta mais receber turistas que querem saber onde é o buraco do Neymar, a Piscina da Bruna Marquezine ou a pousada do Bruno Gagliasso. O Noronhense tem tanta coisa linda pra mostrar pro mundo. Tanta vida, tantos valores, tanto exemplo de humanidade e inspiração. Eu me sinto verdadeiramente abraçado quando converso com as pessoas sobre o filme e o que vejo são olhares entusiasmados.

O que você espera transmitir ao público por meio dessa história dos pescadores retratada no longa-metragem?

Amor, empatia, união, senso comunitário, encanto, respeito a natureza, aventura, bravura, perigos, fé, celebração e muita emoção, tudo isso num plano de fundo que extrai a mais pura beleza da ilha vista por terra, pelo mar,  pelo céu e subaquática.

Você tem planos de explorar mais locais especiais ou diferentes regiões em suas futuras produções cinematográficas?

Por enquanto eu estou completamente imerso no presente que está sendo costurar os retalhos dessa linda história aqui na ilha e acredito que Fernando de Noronha ainda tem muito pra nos encantar. Ainda é cedo pra saber pra onde o vento vai soprar o meu futuro e espero que não seja pra tão longe daqui!

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*Com Regina Soares e Affonso Tavares

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