O cantor sertanejo Bruno, da conhecida dupla com Marrone, enfrenta potenciais repercussões legais devido a um comentário transfóbico feito à repórter trans Lisa Gomes, da RedeTV!. A Aliança Nacional LGBTI+ e a Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (Abrafh) estão avaliando a possibilidade de ingressar com uma ação civil pública contra o cantor.
O incidente ocorreu durante um evento na semana passada em São Paulo, onde Bruno questionou a jornalista: “Você tem pau?” Após a grande repercussão do caso na mídia, o cantor pediu desculpas publicamente.
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As entidades, representadas pela advogada Amanda Souto Baliza, entendem que houve dano moral coletivo e estão analisando medidas a serem adotadas. “Nós estamos fazendo uma análise interna sobre as medidas que podemos adotar, mas o mais provável é uma ação civil pública, porque esse tipo de ofensa é muito usada contra a coletividade de pessoas trans”, diz Amanda.
Ela explica que, caso o cantor seja condenado, a indenização não será direcionada à vítima, mas a fundos destinados a combater tal tipo de violência. Segundo Amanda, o propósito de tal ação é enviar uma mensagem clara à sociedade de que este tipo de preconceito e piada não pode ser mais tolerado.
A Aliança e a Abrafh têm histórico em ações similares, incluindo a condenação, em primeira instância, do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet a pagar R$ 5 milhões por comentários racistas e homofóbicos dirigidos a Lewis Hamilton em uma entrevista no YouTube.
A repórter Lisa Gomes também manifestou o desejo de acionar judicialmente o cantor sertanejo. Sobre isso, Amanda afirma: “Quando há uma vítima direta, é importante que ela tenha essa autonomia do que ela quer fazer. A gente tem que entender primeiro o que a vítima vai decidir, e depois tomamos uma decisão enquanto entidade”.
Bruno pediu desculpas por meio de um vídeo no Instagram, chamando seu ato de “infantil e inconsequente”. Apesar das desculpas, Lisa compartilhou que a conversa com Bruno foi “tensa” e que, apesar de ele dizer que se arrependeu, ela não acreditou muito.
Lisa aproveitou a oportunidade para falar sobre o incidente e o impacto que teve em sua comunidade. Em seu Instagram, ela refletiu: “Retratação é reconhecer que não foi legal e que machucou uma comunidade que busca por respeito. Hoje sirvo de representatividade para tantas mulheres trans que querem trabalhar e exercer suas funções”.
O incidente aconteceu nos bastidores de um show da dupla na última sexta-feira (12), em uma casa de shows em São Paulo. A repórter do programa TV Fama foi surpreendida pela pergunta indiscreta de Bruno. Lisa, chocada com a pergunta, respondeu com um incrédulo “Como assim?”. Bruno, em seguida, apontou para as partes íntimas da repórter e repetiu: “Pau, pau”. Lisa, visivelmente aborrecida, continuou com seu trabalho.
Essa situação serve como um lembrete preocupante de que, apesar de avanços significativos na aceitação e reconhecimento dos direitos das pessoas trans, ainda há muito a ser feito. Casos como esse reforçam a importância da luta constante contra o preconceito e a discriminação de todos os tipos.
As entidades LGBTQIA+ continuam trabalhando incansavelmente para promover a igualdade e o respeito, enquanto utilizam o sistema jurídico para responsabilizar aqueles que contribuem para a perpetuação do ódio e da intolerância. A equipe jurídica das entidades analisa agora o valor que poderá ser pedido na ação pública contra Bruno, caso decida-se por essa via.
O cantor Bruno, por sua vez, está agora diante da realidade de suas palavras e da repercussão de seus atos, que reverberam muito além da pessoa diretamente afetada. A situação pede um aprendizado genuíno e uma atitude que vá além de meras desculpas, para que tais comportamentos não se repitam no futuro.
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