Em uma notícia que está gerando grande revolta no mundo da música sertaneja e nos círculos LGBTQIA+, o cantor sertanejo Bruno, conhecido por sua parceria de longa data com Marrone e várias humilhações ao seu companheiro de dupla, virou alvo de uma investigação do Ministério Público de São Paulo (MPSP) sobre possíveis crimes de transfobia.
O caso em questão se deu quando Bruno, em um momento que revoltou a todos, humilhou a jornalista transsexual Lisa Gomes, RedeTV, durante uma entrevista. Na ocasião, o sertanejo perguntou se ela “tinha um pênis”, em frente a várias testemunhas. Este incidente ocorreu nos bastidores de um evento de música country.
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Agora, segundo o jornal Folha de S. Paulo, o MPSP solicitou à Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) a abertura de um inquérito policial contra o cantor. Esta solicitação vem após denúncias feitas pela Associação dos LGBTQIA+ alegando que Bruno demonstrou comportamento discriminatório contra Lisa Gomes.
A denúncia, protocolada pelo advogado criminalista Angelo Carbone, destaca que os autores deste tipo de crime de ódio apenas pararão de realizá-lo quando receberem sentenças de prisão. Bruno, por sua vez, chegou a contratar um ex-secretário da Justiça de SP para lidar com acusações de transfobia.
“Os efeitos deletérios do crime de ódio por transfobia praticado pelo cantor Bruno reforçam o sistema de discriminação que as mulheres travestis e as mulheres transgêneros sofrem diariamente, excluindo-as socialmente de seu gênero identitário e obstando assim a realizações de seus direitos humanos de felicidade, aceitação e realização social e profissional”, diz o documento.
Vale lembrar que, em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) equiparou as práticas de homofobia e transfobia ao crime de racismo. A decisão, tomada por oito votos a três, torna passível de punição quem ofender ou discriminar indivíduos gays ou transgêneros.
Os culpados podem enfrentar de um a três anos de prisão e, assim como no caso de racismo, o crime é inafiançável e imprescritível. Dessa forma, se a Justiça decidir aplicar a pena de crime de transfobia ao cantor sertanejo após a investigação do inquérito policial, Bruno poderá até ser preso.
Bruno está sendo processado por Lisa Gomes
A repórter do TV Fama, Lisa Gomes, confirmou um processo contra o cantor sertanejo Bruno por transfobia. A firma de advocacia BRG Advogados, representando Gomes, divulgou um comunicado reforçando que “qualquer ação, impregnada de preconceito, mesmo que disfarçada, que desrespeite a dignidade das pessoas, deve ser fortemente reprimida”.
O incidente gerou controvérsia quando Bruno questionou Gomes sobre sua genitália masculina. Mesmo após ela expressar seu espanto, o cantor reiterou a pergunta. De acordo com Gomes, Bruno mais tarde se desculpou por telefone, atribuindo seu comportamento ao consumo excessivo de álcool.
A decisão de Gomes de tomar ações legais serve como um lembrete forte de que a transfobia é inaceitável, independentemente de quem seja o perpetrador. Em suas palavras, “Não sou amiga de transfóbicos e de pessoas que me fazem mal”. Ela continuou a esclarecer que as pessoas trans não são alvo de brincadeiras e que merecem respeito e dignidade.
O comunicado do BRG Advogados garantiu que Lisa Gomes está bem respaldada legalmente e que farão “os melhores esforços na busca do bom Direito, para garantir o necessário respeito à Lisa Gomes e a todas as pessoas também atingidas pela conduta inadequada do cantor”.
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