O garoto Pedro, de 7 anos, filho do indigenista Bruno Pereira, assassinado em junho de 2022, juntamente com o jornalista britânico Dom Phillips, no Vale do Javari, no Amazonas, foi diagnosticado com neuroblastoma no ano passado e trava uma dura batalha contra o câncer. A oncopediatra Mariana Dórea (CRM-BA 23.959 e RQE 26.148) explica que a doença é um dos principais tumores sólidos da infância, que se desenvolve a partir de células nervosas imaturas do sistema nervoso simpático. A médica comenta que, geralmente, origina-se nas glândulas suprarrenais (ficam acima dos rins), mas também pode surgir em outras áreas do corpo onde existem esses tecidos nervosos, como, por exemplo, no tórax e coluna.
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Segundo a especialista, o local mais comum de desenvolvimento do neuroblastoma é a região suprarrenal, o sintoma mais visto é o aumento do volume abdominal associado à dor — normalmente essa lesão ultrapassa a linha média. “Dependendo da metástase, o paciente pode ter dores ósseas, anemia e alguns podem apresentar o sinal de guaxinim (hematomas nas olheiras). O paciente tende a ficar mais irritado e a perda de peso chama atenção”, alerta.
As maneiras de diagnosticar a doença, conforme a oncopediatra, incluem:
- Inicialmente, exame clínico;
- Exames de imagem que dirão a localização do tumor;
- Exames laboratoriais e urinários (coleta de catecolaminas urinárias — ácido homovanílico e ácido vanilmandelico);
- Se há suspeita de infiltração de medula, a biópsia de medula óssea será feita e vai apontar o diagnóstico da lesão.
Estágios da doença
Como esclarece a médica, é utilizada uma métrica internacional, chamada de Sistema Internacional de Estadiamento de Neuroblastoma (INSS), que estabelece seis estágios da doença. São elas:
Estágio 1: tumor localizado, completamente removido por cirurgia. Sem metástase.
Estágio 2A: tumor localizado, não completamente removido, mas sem envolvimento dos linfonodos.
Estágio 2B: tumor localizado, com comprometimento de linfonodos próximos, mas sem metástase distante.
Estágio 3: tumor inoperável que atravessa a linha média do corpo ou acomete linfonodos regionais dos dois lados.
Estágio 4: doença metastática, com disseminação para ossos, medula óssea, fígado ou outras partes do corpo. “A grande maioria dos nossos pacientes estão no estágio 4”, afirma.
Estágio 4S (em bebês menores de um ano): tumor localizado com metástase limitada ao fígado, pele ou medula óssea, mas com alto potencial de regressão espontânea.
Betadinutuximabe
O Betadinutuximabe, cujo nome comercial é Qarziba, passará a ser ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em até 180 dias. O medicamento é usado para tratar o neuroblastoma. Mariana destaca que a notícia é maravilhosa, visto que existe mais uma chance de tratamento para um tumor tão agressivo. “O Betadinutuximabe será usado em casos de neuroblastoma de alto risco, que já passaram por tratamento convencional. Tem o intuito de reduzir o risco de recidiva. Porém, ele também está sendo usado nos casos de recidiva da doença”, finaliza.