Na noite de ontem (25), São Paulo presenciou mais um episódio alarmante que evidencia a falta de segurança nas ruas da cidade. Durante o show da banda Natiruts, que acontecia no Allianz Parque, um arrastão foi registrado no Viaduto Antártica, pegando motoristas e pedestres de surpresa.
Relatos das vítimas contam que o congestionamento causado pelo evento no estádio criou o ambiente perfeito para a ação criminosa. Um dos momentos mais assustadores foi descrito pela assessora de imprensa, Roberta Nuñez que voltava de um evento de carros antigos em São Roque. Segundo ela, que só em 2024 já foi assaltada 3 vezes, enquanto o trânsito permanecia completamente parado sobre o viaduto, um indivíduo armado estourou o vidro do passageiro com brutalidade, acertando-lhe uma porrada no rosto antes de apontar a arma para sua cabeça e roubar o celular.
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Enquanto isso, a reação da polícia foi insuficiente para conter a violência. Testemunhas relataram que viaturas da polícia passaram lentamente pelo local, sem intervir, enquanto os criminosos continuavam a quebrar vidros e roubar pertences das vítimas presas no engarrafamento.
“Segundo o nosso presidente da república, roubar um celular é uma coisa trivial, uma ‘coisa pequena’. Essa visão revela muito sobre a falta de segurança que estamos enfrentando. Quero destacar essa perspectiva para mostrar como as autoridades estão tratando a criminalidade como algo menor”, comenta Roberta.
Roberta afirma que diversas tentativas foram feitas para entrar em contato com a polícia a fim de obter assistência no caso. A vítima estava acompanhando os criminosos por GPS e forneceu continuamente todos os endereços e informações de localização à polícia. No entanto, mesmo com essas informações precisas, a resposta da polícia foi que, sem um mandato judicial específico, não era possível realizar uma abordagem ou intervenção. A ausência de um documento oficial do juiz limitava as ações possíveis, apesar da localização exata do celular, que indicava onde os criminosos estavam.
A situação é ainda mais frustrante considerando a tecnologia disponível, que permite rastrear a localização do celular mesmo quando ele está desligado. No entanto, sem o respaldo legal necessário, como uma intimação judicial, a polícia não pôde agir efetivamente. Apesar das várias tentativas da vítima e do fornecimento contínuo de informações, a falta de uma legislação que permita abordagens imediatas comprometeu a segurança e a eficácia das ações tomadas para resolver o problema.
Os dados da Secretaria de Segurança Pública (SSP) corroboram a sensação de insegurança que a população paulistana vem experimentando. No primeiro semestre de 2024, a Zona Leste liderou o número de roubos com 15.846 casos, seguida de perto pela Zona Sul, com 15.766. A Zona Oeste, onde ocorreu o arrastão, contabilizou 11.052 roubos no mesmo período, enquanto o Centro e a Zona Norte registraram 9.570 e 6.368 casos, respectivamente.
Especificamente em junho de 2024, a Zona Sul foi a mais afetada, com 2.484 registros de roubos, seguida pela Zona Leste com 2.398. A Zona Oeste, palco do arrastão de ontem, teve 1.730 casos, destacando-se como a terceira mais afetada.
Esses números mostram que a violência em São Paulo não está restrita a áreas periféricas ou horários de pouco movimento. Eventos em áreas centrais e até mesmo próximo a grandes eventos, como o show de ontem, estão se tornando alvos frequentes de criminosos, colocando em risco a vida e a segurança de milhares de pessoas.
“Os ministros do STF decidiram que o furto de celular só será considerado crime se o valor do aparelho for de R$ 500 ou inferior. No entanto, R$ 500 não é uma quantia insignificante para o trabalhador brasileiro, que muitas vezes vê essa quantia como um valor significativo em seu orçamento. Independentemente do valor do bem furtado e da situação do sistema prisional, é crucial que aqueles que cometem furto sejam responsabilizados e enfrentem as consequências de seus atos. A prática de furto deve ser punida com rigor, para garantir justiça e segurança para todos, refletindo a necessidade de uma abordagem mais eficaz e equilibrada em relação à criminalidade”, complementa a jornalista.
A população paulistana clama por uma resposta mais eficaz das autoridades para garantir que episódios como o do Viaduto Antártica não se tornem comuns na maior cidade do país. A presença policial ostensiva e a ação rápida e decisiva são fundamentais para impedir que mais cidadãos sejam vítimas de violência e que São Paulo recupere a sensação de segurança que, cada vez mais, parece escapar de suas ruas.