O feminicídio, uma forma extrema de violência contra a mulher, é uma realidade assustadora no Brasil. De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), em 2023, o país registrou 1.463 vítimas desse crime brutal, um aumento de 1,6% em relação ao ano anterior, que contabilizou 1.440 casos. Isso equivale a 1,4 mulheres mortas para cada 100 mil, uma estatística que evidencia o quanto essa pandemia de violência atinge a sociedade como um todo. Desde a implementação da Lei 13.104/2015, que tipifica o feminicídio como um crime específico, os números só aumentam, ano após ano, quase que de forma constante.
Foi justamente para não se tornar parte dessa estatística trágica que a Dra. Joanne Anunciação, lutou por sua vida no dia 19 de julho. Naquela data, sua casa foi invadida pelo ex-parceiro, que, inconformado com o término do relacionamento, arquitetou uma série de ameaças e chantagens. O agressor manteve o filho da Dra. Joanne em cárcere privado, com o claro objetivo de atraí-la ao imóvel, onde pretendia pôr fim à sua vida por meio de um incêndio premeditado.
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A invasão só foi possível devido a uma falha na segurança do condomínio onde a Dra. Joanne reside, uma falha que quase custou sua vida. Felizmente, ela conseguiu escapar, mas o episódio evidencia uma realidade brutal: o feminicídio está cada vez mais presente no cotidiano.
A Dra. Joanne acredita que é crucial que todas as vítimas de violência de gênero denunciem seus agressores. Ela destaca que existem vários meios para registrar queixas e que as vítimas devem buscar apoio. Casos envolvendo figuras públicas, como o da apresentadora Ana Hickmann, que recentemente prestou queixa contra o marido por agressão, servem de exemplo e podem encorajar outras mulheres a saírem de situações de violência antes que o pior aconteça.
O Fórum Brasileiro de Segurança Pública também divulgou uma pesquisa em 2023 que trouxe mais dados alarmantes. No primeiro semestre do ano, 1.902 mulheres foram assassinadas no Brasil, um aumento de 2,6% em relação ao mesmo período de 2022. Os casos de estupro também cresceram, com mais de 34 mil registros nos primeiros seis meses deste ano, um aumento de 14,9% em comparação com o ano anterior. Isso significa que, a cada 8 minutos, uma menina ou mulher é vítima desse crime no país.
Dra. Joanne Anunciação quase foi incluída entre essas tristes estatísticas. Sua história é um lembrete sombrio da realidade que muitas mulheres enfrentam diariamente. “Como sociedade, não podemos continuar normalizando a morte de mais de 10 mil mulheres em menos de uma década apenas por serem mulheres. É fundamental que crimes como esses sejam tratados com a gravidade que merecem e que o apoio às vítimas seja fortalecido”, comenta.
“Todo psicopata é socialmente maravilhoso, e é assim que ele vai acabando com vidas, através da violência psicológica, financeira, sexual, e por fim, do feminicídio”, completa a Dra. Joanne, destacando a importância de não se deixar enganar pelas aparências e de sempre manter a vigilância contra esse tipo de violência.