
Etóile, A Dança Das Estrelas: humor inteligente e drama. Novo seriado dos criadores de Gilmore Girls e Maravilhosa Sra. Maisel chega ao público brasileiro nesta quinta-feira, 24 de abril, na Prime Video. O Observatório dos Famosos conversou com os diretores e o elenco em Los Angeles. O étoile do título significa estrela em francês.
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O seriado traz uma combinação deliciosa de humor inteligente e drama. Os personagens têm personalidades fortes que batem de frente e, ao mesmo tempo, são muito engraçados.O seriado retrata a competição intense para vencer no universa da dança que na maioria das vezes não vemos no cinema e na televisão.
Muito bem-humorados, constantemente fazendo piadas um com o outro, o casal Amy Sherman-Palladino e Daniel Palladino, criador do seriado, conversou em Los Angeles com os jornalistas que votam no Globo de Ouro, o prêmio dos melhores da televisão e do cinema nos Estados Unidos. O Observatório dos Famosos participou do bate-papo. Os principais nomes do elenco também participaram do bate-papo. Entre eles, as atrizes francesas Lou de Laâge e Charlotte Gainsbourg e o canadense Luke Kirby e o americano Gideon Glick.

Os criadores
O seriado é uma criação do casal Amy Sherman-Palladino e Daniel Palladino. Os dois trabalham juntos como roteiristas e produtores. O currículo da dupla é uma coleção de produções de enorme sucesso entre o público e a crítica na tv americana.Uma das produções mais conhecidas é a série “Gilmore Girls”. Amy foi a criadora e produtora executiva do seriado, já o marido trabalhou como produtor e roteirista. Outra série de enorme sucesso de púbico criada pelo casal é “Maravilhosa Sra. Maisel”.
O casal Palladino têm uma longa história de celebração da dança em seu trabalho. “Gilmore Girls, Um Ano Para Recordar” incluiu uma professora de balé excêntrica, “Bunheads” explorou uma escola de dança em uma pequena cidade, e “Maravilhosa Sra. Maisel” apresentou números musicais chamativos. Mas “Étoile, A Dança das Estrelas”, leva as coisas um passo adiante. A série de oito episódios, já renovada para a segunda temporada, desde o início é sobre duas companhias de balé de elite—uma na cidade de Nova York, outra em Paris—que trocam suas principais estrelas e coreógrafo na tentativa de revitalizar as vendas de ingressos em declínio e salvar suas instituições. O tom do seriado é meio louco mas acontece, de uma forma engraçada e peculiar típica do casal de diretores.
Inspiração
A série procura mostrar o mundo do balé sem os clichés exagerados, como os bailarinos sofrendo de anorexia ou bulimia, procurando desesperadamente perder peso para não perder o emprego,como estamos acostumados a ver em muitos filmes e programas de televisão.
Amy e Daniel explicaram como tiveram a idéia para o novo seriado.
AMY: Bem, eu deveria ser dançarina. Minha mãe está horrorizada com a terrível reviravolta que minha carreira tomou.
AMY: Treinei muitos, muitos anos em sapatilhas de ponta até conseguir meu primeiro emprego como roteirista em Roseanne. Então, sempre senti que é um mundo que eu amo. As pessoas são muito estranhas, dançarinos, de uma maneira incrível. O mundo é muito, tipo, todo o seu mundo está dentro de quatro paredes. Você está constantemente de collant. Você está se jogando sobre as pessoas, e as pessoas estão te agarrando na virilha o tempo todo. Você só tem que aceitar, e é apenas muito, tipo.
DANIEL: É como estar casado comigo.
AMY: É muito parecido. É por isso que eu te amo.
DANIEL: Sim.
AMY: Oh meu Deus. Huh.
AMY: Então, tivemos um programa curto chamado Bunheads muitos anos atrás, quando eu era mais jovem. E foi apenas um pequeno gostinho de como era escrever nesse mundo da dança, e isso estava na minha cabeça há muito tempo. E finalmente decidimos, e conseguimos estar em Paris metade do tempo.
DANIEL: Também, mas nos bastidores, havia alguns documentários de um homem chamado, um grande cineasta chamado Frederick Wiseman. Ele fez alguns documentários sobre dança, um deles se chama Ballet.
AMY: E ele fez um sobre a Ópera de Paris.
DANIEL: É um mundo muito competitivo. E a maioria das pessoas não sabe disso.
DANIEL: Eles acham que é uma coisa leve e fofa nos bastidores, mas nos bastidores, é como os bastidores do NFL, você sabe, de uma liga de futebol americano ou de uma liga de futebol. É um mundo difícil, com margens pequenas. É implacável. Você tem que cortar dançarinos. Você tem que esmagar sonhos. Então, queríamos mostrar os bastidores também.
AMY: Queríamos cortar dançarinos e esmagar sonhos.
DANIEL: Nós adoramos esmagar sonhos mais do que qualquer coisa. Então, sim, o mundo é todo fofo na frente, implacável atrás, e achamos que isso era um ótimo cenário.

Uma mulher jovem e forte
A atriz Lou de Laâge já foi indicada duas vezes ao Oscar francês, o Cèsar, pelos trabalhos nos filmes Jappeloup e Respire.Ela interpreta a bailarina Cheyenne. A personagem tem personalidade forte, vontade propria e se recusa a aceitar os padrões da sociedade e da indústria da dança. A atriz contou como foi o trabalho de criar a personagem.
LOU: Não (me inspirei em ninguém). Com a Amy, a diretora, na realidade da TV — porque às vezes você tem que pegar um pouco da personalidade dos diretores, porque eles se colocam, de certa forma, no personagem. Mas, não, eu não inventei ninguém. Mas foi escrita, você sabe.
O roteiro era muito, muito claro. Então, foi fácil vê-la quando eu li o roteiro.
Arrogância x autoconfiança
LOU: P’ra mim ela é o equilíbrio perfeito entre – não perfeito, mas infância e responsabilidade.
Ela tem uma criança dentro dela. Uma criança muito forte e muito teimosa.
Porque eu acho que não é apenas crença em mim mesma. É acreditar em algo maior do que eu. Ela acredita na arte. Ela acredita na dança. Então, não se trata apenas dela. Trata-se, sim, da dança.

Outro personagem de personalidade forte que insiste em seguir seu próprio caminho é o coreógrafo Tobias. Ele é interpretado pelo ator Gideon Glick.Ele também é um dos escritores e editors do seriado. Aliás, ele foi inicialmente contratado como escritor sem saber que os diretores estavam escrevendo o personagem para que fosse interpretado por ele.Foi durante o trabalho que ele ficou sabendo da verdadeira intenção dos criadores do seriado.
GIDEON: É, bem, é engraçado. Eu não sabia que estavam escrevendo isso para mim. Eu tinha uma sensação.
Mas estávamos cerca de um mês na sala de roteiristas, porque eu era um roteirista primeiro. E toda vez que falavam sobre o personagem, eles continuavam apontando para mim. Mas eu não sabia que era eu. E todo mundo ficava olhando ao redor e pensava: “Que estranho!” Mas então, quando me ofereceram, foi uma bela síntese. Então, de certa forma, nós meio que criamos isso juntos. Eu me sinto realmente sortudo por isso.
Deficiência x superação
GIDEON: Você sabe, eu nasci com uma orelha. Minha orelha direita é completamente falsa. É feita de uma costela minha. E também sou deficiente auditivo do lado esquerdo. Então, eu diria que isso tem sido, de uma forma estranha, uma bênção. Obviamente, eu tenho meus próprios problemas que surgem com isso, sim.
Mas eu tive que abraçar o fato de que sou diferente desde uma idade muito, muito, muito precoce. Eu também me assumi (como gay) quando tinha 12 anos. Então, naquele momento, estava meio que na vanguarda. Quero dizer, as pessoas se assumem o tempo todo agora. Mas naquela época, isso era muito único. E eu acho que aprendi muito cedo que o que te torna único é seu poder especial. E eu acho que com Tobias, você sabe, ele pensa de forma muito diferente de todo mundo. E ele é muito contundente e meio direto sobre isso.
Mas ele é um homem brilhante. E quando isso realmente se concretiza, você pode ver a beleza tangível que ele está criando. Então, sim, me sinto muito sortudo. Muito, muito sortudo por retratar isso.
Relação complicada
O ator Luke Kirby é conhecido pela atuação na série Maravilhosa Sra. Maisel. O trabalho recebeu o Emmy, o prêmio dos melhores da tv americana. No seriado, ele interpreta Jack, o diretor de uma companhia de balé americana em dificuldades financeiras.Por causa dos problemas ele é obrigado a fazer um acordo com uma antiga conhecida e rival a frente da companhia de dança de Paris, Genevive, interpretada pela atriz Charlotte Gainsbourg. Durante a entrevista, o ator comentou a relação entre os dois que é o centro da trama.
LUKE: Acho que é justo dizer que é um relacionamento complicado. Jack e Genevieve se conhecem há muito tempo. Ambos são, você sabe, diretores de companhias de balé.
LUKE: E eles compartilham uma afeição por essa arte que eu acho que está profundamente enraizada em ambos. Ambos, eu acho, se sentem conflitantes pela dinâmica entre arte e comércio. Acho que eles, você sabe, têm que caminhar nessa linha tênue, pois arte e comércio podem se tornar uma perspectiva muito cínica. E eu acho que ambos são desafiados por isso de forma consistente. Acho que eles se importam profundamente com suas companhias.
Eu acho que as empresas deles são meio que como famílias para eles. Então, eu meio que penso neles como tendo uma relação de gêmeos. Ambos simplesmente gostam da companhia um do outro de, você sabe, muitas maneiras diferentes, eu acho que poderíamos dizer.
Poderosa
A atriz anglo-francesa Charlotte Gainsbourg é conhecida pelo seu trabalho com o diretor Lars Von Trier em filmes como “Anticristo” e “Melancolia”. Altamenta respeitada e reconhecida na França, ela é filha da atriz e cantora inglesa Jane Birkin e do cantor francês Serge Gainsbourg. Depois de fazer sua estreia musical com seu pai na canção “Lemon Incest” aos 12 anos, ela lançou um álbum com ele aos 15 anos.
No seriado ela vive Genevieve, a diretora da companhia de balé de Paris, um dos centros da intriga na estória.A atriz numa entrevista rara explicou como elaborou a personagem.
CHARLOTTE: Bem, Amy e Dan não queriam que eu tivesse uma origem inglesa porque eu ia ter uma irmã. Na estória, ela tinha um sotaque francês. Então, eu disse: “Ah. Então, meu pai deve ser inglês, então.” E Amy disse: “Não.” [risos] Então, eu não acho que isso importava. Todos os nossos sotaques. Todos os nossos sotaques diferentes. Mas, claro, eu usei minha origem. Eu uso tudo que posso para a personagem.
Sim. Foi divertido para mim passar do francês para o inglês. E eu nunca fiz isso em um filme. Poder fazer não tanto francês, mas bastante. Quero dizer, sim. Meu personagem estando na França, eu falava francês com bastante frequência. E foi divertido.
Engraçada
CHARLOTTE: Não (fiz nenhum improviso). Foi escrito assim. Eu amo a forma como eles escrevem. Nunca fiz uma comédia em inglês antes. Então, eu adoro a maneira como eles usam as palavras e como ela é desajeitada, que realmente fazia parte da escrita deles. É raro ter um personagem que você ama. Sabe, por tanto tempo. Porque não foi uma filmagem de dois meses como estou acostumada. Foi uma filmagem de nove meses. Então, poder amar seu personagem, se divertir, foi realmente muito especial para mim.
ASSISTA o trailer:
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Jânio C.V.Nazareth, Los Angeles