Consagrado entre os maiores bailarinos do mundo, Thiago Soares é um ícone na história da arte. O artista foi Primeiro bailarino do Royal Ballet de Londres, Doutor honorário pela King’s College London, é o atual diretor do Ballet de Monterrey e já se apresentou em mais de 30 países. Agora estreia o “Último Ato”, sua última turnê internacional, que começou em Lisboa, mas chega ao Rio de Janeiro em 25 de maio, no teatro Multiplan, Barra da Tijuca.
Sem cortinas fechadas para a dança. O espetáculo é a vírgula que mostra que os talentos e amor pela arte do bailarino transcendem aos palcos e que agora se dedicará também a novos projetos, e nada de sapatilhas penduradas.
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“É um espetáculo que brinca com a ironia de ser de fato um último ato, uma despedida. Dizem que o bailarino tem sua primeira morte quando deixa de dançar, então é uma brincadeira com a morte. Hoje apenas apago uma luz para acender tantas outras”.
Teatro e dança
Diferente de tudo já feito na carreira do artista, segundo Thiago, “Último Ato” é um espetáculo teatral no qual a linguagem utilizada é a dança. “Normalmente espetáculos de Ballet onde chamo estrelas da dança, acabam tornando-se uma versão similar e mais sucinta das apresentações dos grandes teatros. ‘O Último Ato’ é completamente diferente”.
“Nesse espetáculo temos artistas brasileiros, com origem no samba, na dança urbana, até mesmo no parkour. É uma coletânea de informações de movimento que transcende o clássico, ainda sendo um espetáculo de ballet clássico”, explica o bailarino sobre a apresentação que terá cerca de uma hora e meia e incluirá traços inéditos, como uma coda de afrobeat.
Entre os 5 artistas que compõem o elenco nesse mix cultural, a coreógrafa e bailarina Tairine Barbosa, descoberta por Thiago há alguns anos atrás no carnaval carioca, será par com o artista em diversas cenas, trazendo justamente a sombra da reflexão.
Além disso, inovando em cena, a apresentação tem forte interação com o público. “Dessa vez, o público irá decidir o final”, revela, mas sem spoiler. Além disso, ao longo da apresentação diversas mudanças de perspectiva no cenário inserem ainda mais o espectador na história.
A narrativa
Uma grande ironia. Aos bastidores da arte, ao suposto glamour do Primeiro Bailarino, ao tempo e à cruz do bailarino. Na narrativa, Thiago inicia dando as boas vindas, enquanto coloca o espectador de forma central em diversas perspectivas desse universo.
Entre os destaques, a tão utilizada barra, que torna-se quase um personagem do ato, sendo a cruz, a amiga e a sina do Primeiro Bailarino. O lugar para onde ele sempre volta. “Revisitei o meu passado e busquei referências da minha trajetória para incluir nessa nova linguagem. É um espetáculo que convida o público a uma reflexão, sem dúvidas”.
Uma dança com o sol, um tango com o espírito da pressa em apagar uma estrela para o nascimento de uma nova e o questionamento sobre o peso do tempo e da idade sobre a arte. “Onde um bailarino de 40 anos deveria estar? Existe uma ideia que uma vez que você está nos 40 e deixa de fazer grandes papéis, você morreu. O espetáculo mostra que você pode ir além. Uma desconstrução.”
“Os lugares que já passei, dos viadutos de Madureira até os mais de 30 países através da dança, criaram em mim um liquidificador de arte que eu quero derramar nessa turnê. É uma miscelânea cultural, uma síntese do lixo ao luxo”, afirma Soares.
Além de Lisboa, onde fará apresentação única em 20 de abril no Teatro Tivoli e Rio de Janeiro, em que ficará no Teatro Multiplan do VillageMall de 25 a 28 de maio, o espetáculo também já está confirmado para Curitiba, no dia 2 de Julho.
Saiba mais sobre Thiago Soares
Nascido em São Gonçalo, o interesse de Thiago pela arte surgiu aos 9 anos, quando começou a frequentar a Escola de Circo. Mas o interesse real pela dança surgiu apenas aos 15 anos, em um grupo de Street Dance. Em seguida, começou a estudar no Centro de Dança do Rio, onde teve tanto destaque por suas habilidades e biotipo, que passou a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro aos 17 anos, conquistando sua primeira medalha no Concurso Internacional de Dança de Paris.
No decorrer do tempo, foi medalhista de ouro no Concurso Internacional do Ballet Bolshoi entre 270 candidatos, sendo o único brasileiro até hoje a obter tal feito, segundo estrangeiro a integrar o Ballet Kirov em 100 anos de história, Primeiro Bailarino no Royal Ballet de Londres e Doctor Of Letters pela Kings College de Londres. Desejando alçar novos voos, assumiu a direção do Ballet de Monterrey, onde segue até hoje.
Em 2022 teve seu primeiro curta, “Vermelho Quimera”, exibido em Cannes e diversos dos principais festivais de cinema do mundo. Em 2023, está sendo parte das gravações do filme que contará sua história, ainda sem data de estreia.