“Quando começaram a me chamar de rei, eu ficava muito sem graça”, revela Roberto Carlos

Publicado em 02/02/2018
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Roberto Carlos foi aplaudido e aclamado por todos os jornalistas que estiveram presentes na coletiva organizada pelo rei para a divulgação na 14º edição do seu projeto Emoções em Alto Mar, nesta quinta-feira, 01 de fevereiro. Descontraído, o cantor falou sobre a sensação que o mar lhe provoca, revelou como se sente em relação à chegada da idade, e disse e avisou que seu álbum de músicas inéditas será lançado em breve. Confira o bate papo completo:

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São 14 edições. O que vocês fazem de diferente para deixar cada ano mais emocionante esse seu encontro com os seus fãs?

“Na verdade, essa emoção é diferente por si só, porque temos feito tudo de uma forma muito emocional, lidamos com emoção nesse navio e nem buscamos fazer algo diferente a cada ano, mas tenho certeza que a cada vez que entramos aqui a emoção é maior.”

Navegar faz parte da sua vida há algum tempo. O contato com o mar abastece você e alimenta sua alma?

Navegar é muito bom. Me considero um homem do mar, porque sempre gostei de estar no mar, ter barco, e o mar me inspira, me dá muita paz. Muita gente pergunta se já escrevi canções no mar, e eu digo que nunca, porque lá, não quero pensar em nada, e desfrutar daquilo na maior calma. O mar me faz muito bem.”

Você acha possível um homem amar duas mulheres ao mesmo tempo?

“Uma vez eu conversei com um psicólogo muito importante e ele falou que é possível sim, não só amar duas ao mesmo tempo, como amar muito mais que duas. Ele me respondeu isso, mas eu respondo para você que eu acredito que sim. Essa pergunta não deveria ser para mim, e sim para o Mr. Catra (risos). Ele é um mestre nisso.”

Você sempre entendeu muito bem o coração das mulheres. Como você enxerga esses movimentos femininos atuais? E a respeito do que a Catherine Denueve falou, você acha que é mais difícil tocar o coração de uma mulher hoje?

“Eu acho que o cara que entende de mulher sabe como chegar de muitas formas, sem ofendê-la, chocá-la, sem agredi-la, de forma que seja agradável à ela. A gente não pode agredir uma mulher de jeito nenhum.”

Hoje, o público pode encontrar toda a sua discografia nos meios digitais. Como você vê sua música se perpetuando entre a nova geração, principalmente no público das plataformas de streaming de música?

“Vejo com muita alegria, porque os jovens têm realmente aceitado minha música. Muitos gostam dela, outros ouvem simplesmente, mas principalmente ver artistas jovens gravando minhas músicas, é um sintoma muito bom. Eu entendo dessa forma: Se artistas jovens gravam minhas músicas, é porque querem agradar ao público jovem, que também vai gostar.”

O que você pensa dessas músicas de hoje deixando a desejar e botando a mulher num lugar que ela não merece? O que podemos fazer para melhorar essa música popular atual?

“É muito difícil dizer o que podemos fazer para melhorar isso ou aquilo. Eu tento fazer meu trabalho da melhor forma que posso. Vejo muitos compositores fazerem o mesmo, mas todo setor da música tem coisas boas e coisas não tão boas, seja na MPB, bolero, ou música sertaneja. O que posso contribuir é fazer a minha música como fiz sempre, tentando fazê-la sempre melhor, e me repetindo, tratando a mulher da melhor forma.”

Ser chamado de rei, de certa forma, te chateia ou te envaidece?

“Quando começaram a me chamar de rei, eu ficava muito sem graça e sem saber como agir, ficava com medo de responder e as pessoas pensarem que eu estava me achando mesmo um rei, mas ao não responder, tinha medo de pensarem que eu era metido e não valorizava o carinho das pessoas. No princípio foi muito difícil, mas fui me acostumando. Se hoje me gritam ‘Rei’, eu digo: ‘Opa’. Eu não me considero rei, me considero um cara comum, que canta e gosta de fazer isso.”

As pessoas falam muito sobre sua música, mas quem você escuta quando vai pra casa?

“Ouço tudo, porque quero estar atualizado com o que está acontecendo no mundo musical. Quando estou no carro, ouço muita coisa, em casa não ouço muito. Quando estou em casa, fico vendo televisão. Tenho preferências, meu mestre por exemplo é Frank Sinatra. Elvis Presley é também meu grande ídolo.”

Sobre o seu álbum em espanhol, quando ele sai? Você sendo tão perfeccionista, hoje acredita que é mais difícil lançar um álbum com músicas inéditas?

“Foi a Sony que mandou você me cobrar isso? (Risos). Eu termino um disco e nunca estou satisfeito, porque sempre gostaria de trabalhar nele um pouco mais, e aprendi essa frase com o Sting, que sempre diz isso. Esse ano pretendo fazer um álbum de inéditas, não por preocupação, haja visto que as músicas que tenho lançado avulsas fizeram muito sucesso, como ‘Esse Cara Sou Eu’, ‘Sereia’, enfim, não acho que a pressa é inimiga da perfeição. Acho que a pressa é amiga dos defeitos. Fazer coisas com pressa é aceitar os defeitos como aconteceram. Eu realmente passo muito tempo num disco. Ouço e penso: ‘Está faltando algo, isso não está afinado, traz o músico de novo para o estúdio e vamos ajeitar essa parte’. Quando está pronto, eu digo: ‘Não, ainda não está’. Analisamos um pouco mais, e aí depois disso, eu entrego. Vou lançar o disco em espanhol que já está pronto, a capa entreguei anteontem, e depois farei este álbum de inéditas, e estou entusiasmado com ele.”

Eu entrevistei a Rosamaria Murtinho, e ela disse que não gosta que digam que ela está na melhor idade. E, você com quase 40 anos, como lida com a idade?

“Ah, você é o cara (risos). Eu lido bem. Não tenho medo da velhice, eu tenho pânico, horror, um medo filho da…. Fazer o quê? Temos que fazer tudo para não envelhecer tanto quanto a idade, e ter sempre uma aparência um pouquinho mais jovem que a idade que a gente tem. É uma coisa que pelo menos consola (risos). Temos que conviver com essas fases, infância, adolescência, maturidade, e velhice, e ainda bem que a minha ainda falta muito tempo. Estou bem, estou conseguindo fazer as coisas direitinho.”

Qual é o segredo para tantas gerações se reunirem em torno de você?

“Não sei se há um segredo, eu costumo fazer o que faço da melhor forma e acho que quando fazemos direitinho, agradamos quase todo mundo, já que agradar todo mundo é muito difícil.”

Você é um noveleiro assumido, e preciso saber o que você está achando da saga da Clara, a vingativa?

“É… A gente tem que encarar a história como é contada e representada. Sei que a novela segue um rumo que às vezes é modificado, afinal, é uma obra aberta. Temos que entender que a Clara foi realmente muito maltratada, e respeitar qualquer sentimento que ela tenha. Na vida real, teríamos que respeitar essa pessoa, imagine ficar 10 anos em um manicômio, a pessoa sai dali com muita raiva. Tem hora que pensamos: ‘Ah, mas ela não precisava chegar a tanto’, mas ao mesmo tempo, temos que lembrar que chegaram muito mais com ela.”

Se uma fã batesse na sua cabine e pedisse uma noite com muitas emoções, qual seria o sabor do sorvete que ela teria que levar?

“Caramba! Minha geladeira está cheia de sorvete, ela não precisaria levar sorvete não. Essa é uma situação delicada, que nunca me aconteceu. Se acontecer, eu te conto.”

Em 2009, você lançou o ‘Elas Cantam Roberto’, em comemoração aos 50 anos de carreira. Em 2019, serão 60 anos. Tem algum projeto para os homens, como um titulo de ‘Eles Cantam Roberto’?

“‘Eles Cantam Roberto’, não, porque eu não iria permitir esse título (risos). ‘Eles interpretam Roberto’, seria melhor, mas não existe esse projeto. Eu nem sabia que esses 60 anos estavam chegando, mas podemos fazer algo sim. “

Você daria uma rosa para um homem em seu show?

“Eu não tenho nenhum preconceito em dar uma rosa a um amigo ou admirador. Não sei como seria, mas não me imagino fazendo um show só para homens, porque é uma situação completamente diferente. Fazer um show só para mulheres, é se sentir no paraíso.”

A música do Carnaval provavelmente será ‘Que Tiro Foi Esse’, da Jojo Todynho. O que você acha?

“Eu ainda não escutei, talvez seja uma falha minha. Eu vou ouvir, e respondo numa próxima.”

Eu ouvi falar sobre um filme sobre sua vida. Quem será o ator a lhe interpretar no cinema?

“Eu sempre tenho pedido aos diretores que escolham um cara que melhore ainda mais minha aparência, até pensei no Brad Pitt, mas ele tem olhos azuis, o que complicou um pouco (risos). Ainda não foi escolhido o ator que fará o meu papel, acho que o Breno é muito cuidadoso, e com certeza vai escolher muito bem.”

Esse filme vai ser lançado ainda esse ano?

“Acho que não. Deve ser lançado no primeiro semestre do ano que vem.”

Quais são os seus segredos de beleza para se manter tão bem aos 76 anos?

“Procuro ter uma alimentação saudável. Evito carboidratos para não engordar. Faço musculação. O sorvete é muito importante, mas atualmente sorvete diet pata não abusar do açúcar. Não sou radical não. Tomo meu vinho, um whiskynho. Tudo na dose certa.”

Você dividiria um palco com o Pablo Vittar?

“Por que não? No meu especial escolhemos artistas que estão ali fazendo sucesso. Mas também escolho quem combina comigo para fazer um número. Gostei muito do número que fiz com Tiago Iorc nesse último especial. Se acharmos que com Pablo vai fazer um bom número, não vejo problema nenhum. Não tenho preconceito.”

Você se emociona com o carinho dos fãs?

“Eu me emociono e as vezes até choro.”

Você já recebe nudes?

“Recebo. Aliás, continuo recebendo e continuo guardando (risos).”

*Entrevista feita pelo jornalista André Romano

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