Depois de mover um processo por danos morais, após ser alvo de um ataque de cunho sexual por um perfil falso da web, no ano de 2015, a escritora, atriz e também roteirista da TV Globo Fernanda Young recebeu, dois anos depois, uma resposta da Justiça. As informações são de Kalleo Coura, do site JOTA.
Após ser chamada em 2015 pelo perfil fake de “vadia lésbica” e outros termos, agora o juiz Christopher Alexander Roisin, da 11ª Vara Cível de São Paulo, concordou que a intenção do administrador pernambucano Hugo Leonardo de Oliveira Correa, de 37 anos, era a de “insultar a autora”. O administrador foi condenado a pagar multa de R$ 5 mil.
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O juiz explicou o valor baixo da multa: “O fato da autora ter artisticamente posado nua, de modo que sua reputação é mais elástica, inclusive porque se sujeitou a publicar fotografia fazendo sinal obsceno, publicou fotografia exibindo os seios e não se limitou a defender-se, afirmando que terceiros seriam ‘burros’”.
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O magistrado continuou dizendo que uma mulher com tantos predicados como Fernanda Young “afirma possuir” também “deveria demonstrar, porque formadora de opinião, uma [sic] pouco mais de respeito. Há valores morais que devem governar a sociedade e que, no mais das vezes, nos dias que correm, são ignorados em prestígio a uma pretensa relatividade aplicada às ciências sociais, geradora do caos atual”.
Fernanda Young se disse “extremamente ofendida” e comentou: “Eu, que sou escritora, fico me indagando o que significa uma reputação elástica. Com um linguajar que parece adequado, ele colocou em questão valores que eu não admito que ninguém coloque”. E completou: “Tenho uma vida familiar discreta, sou casada há 24 anos, tenho quatro filhos. Essa ‘reputação elástica’ não pode ser resultado de uma análise de assédio virtual ou verbal”.
O advogado Vinícius Tini Garcia, que defende Fernanda, também falou sobre a decisão do juiz: “A gente vai recorrer. Fiquei um pouco chocado, um pouco assustado com a decisão. Sabemos que o machismo está presente, que ainda temos uma parcela da sociedade muito conservadora, mas assusta um juiz opinar na sentença com uma conotação machista, um discurso misógino e normativo”.
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Procurado pelo site JOTA para comentar sobre o caso, o magistrado Christopher agradeceu, mas afirmou que a Lei Orgânica da Magistratura o impede de fazer manifestações sobre processos que estão em curso.