“O homem que há dentro de mim aparece mais do que a mulher”, afirma Ana Carolina

Publicado em 19/12/2016
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Lançando pelo Brasil o livro Ruído Branco, coletânea de textos, poesias, letras de músicas, fotos e quadros, Ana Carolina falou à revista Quem que alguns assuntos abordados na obra são questões que ela não conseguiu tratar nem em terapia.

“O texto ‘O Silêncio’, por exemplo, foi escrito para o meu pai, que morreu quando eu tinha só dois meses de vida. Ele era casado com outra mulher, teve um caso com a minha mãe. Minha mãe se apaixonou perdidamente por esse homem, teve oportunidade de contar tudo, mas, por amor, ficou quieta. Ali, eu conto um pouco da dificuldade de uma garota de oito anos que não tinha o que responder quando perguntavam sobre o pai”, revelou a cantora.

Questionada se a situação lhe trouxe traumas, a estrela confirmou. “A maneira como minha mãe abordou a questão, quando eu ainda era criança, me fez perceber que era algo muito sério e vi que meu silêncio era muito importante. Eu não tinha recursos emocionais para lidar com aquilo. Então, eu me escondia, mentia, era uma espécie de terror. Quando me perguntavam sobre o meu pai, cada hora eu respondia uma coisa: que ele tinha morrido ou que tinha se separado da minha mãe. Porque a gente, quando criança, não quer decepcionar pai e mãe. Então, minha infância e adolescência foram em silêncio”, lamentou.

Com relação ao fato de dizer no início do livro que o homem que existe dentro dela se apaixonou pela mulher que ela é, a famosa explicou: “O homem que há dentro de mim aparece mais do que a mulher. Não tive pai, não o conheci. Então, é como se eu quisesse ser meu pai. Sempre fui muito curiosa sobre o que contavam dele. Tenho um homem que se aproxima desse fantasma da minha infância que se chama Antônio Melgaço. Essa parte masculina que eu tenho é muito importante, é meu lado mais calmo, mais racional. Tenho uma maneira de pensar e uma praticidade masculinas que me acarretam inclusive problemas dentro de relacionamentos com mulheres. Não sei explicar direito. É complicado. Em contraponto, eu tenho uma mulher histérica dentro de mim que é exatamente como eu sou no palco”, concluiu Carolina.

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