Em silêncio sobre Bolsonaro, Ivete Sangalo corre atrás do tempo com rappers e LGBTs

Publicado em 07/10/2020
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Ivete Sangalo é tida no showbiz como um modelo apolítico. Até então, a ser seguido por muitos. Apesar dos recentes acenos críticos ao governo Bolsonaro e à ex-ministra Regina Duarte, a baiana raramente se manifesta sobre alguma polêmica envolvendo questões políticas.

Reservada também na vida pessoal, a cantora que é uma das principais vozes da Bahia no entretenimento nacional, acabou sendo bastante criticada por não ter se manifestado sobre o crescente bolsonarismo dos últimos tempos.

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Verdade é que em raras vezes ao longo das quase três décadas de carreira, Ivete Sangalo chegou a se manifestar pontualmente sobre questões políticas de grande repercussão nacional. Como muito bem lembrado pelo jornalista Daniel César do site NaTelinha, a cantora chegou a participar de um único protesto político ainda em 2008.

Depois das denúncias de corrupção envolvendo o governo do PT, no caso do Mensalão, um grupo de artistas e empresários, liderados por Hebe Camargo e João Dória, divulgou uma campanha chamada Cansei. Membros da elite paulistana e carioca protestaram pelo fim da corrupção no país bradando alguns “Fora Lula” em manifestações.

(FOTO: Reprodução NaTelinha)

Já no ano de 2014, Ivete Sangalo “virou a casaca” passando a defender indiretamente o governo federal petista. A cantora baiana resolveu sair em defesa de Dilma Rousseff, em meio à crise política vivida no começo do segundo mandato da petista, a partir de 2014. Ivete Sangalo defendeu a presidenta, no decorrer dum show, quando percebeu que parte da plateia proferia xingamentos dirigidos à Dilma.

“Aqui não”, disparou Ivete pedindo para o público não ofender Dilma como vinha fazendo em inúmeros eventos, como a Copa do Mundo, realizada no Brasil. Foi um das raríssimos momentos em que Ivete Sangalo saiu em defesa de alguma personalidade política. Num outro conhecido momento, Ivete chegou a parodiar seu próprio repertório ao trocar a palavra “Dalila” por Dilminha, durante um show no ano de 2010, quando Dilma Rousseff era Ministra da Casa Civil.

A cantora inclusive, chegou a receber a política mineira em seu camarim pessoal durante um show, façanha que a baiana recusou recentemente ao até então, aliado de Bolsonaro e governador afastado do Rio do Janeiro.

Se Ivete se manifestou em defesa de Dilma Rousseff, o mesmo não ocorreu quando ela acabou vendo o público execrar o presidente Jair Bolsonaro durante um show. No ano de 2019, quando Bolsonaro começou a ver sua popularidade cair, a plateia dum show da baiana disparou:”Ei, Bolsonaro. Vai tomar no…”, gritava freneticamente o público de Ivete, que foi filmada sorrindo no microfone.

“Que coisa linda”, disse a artista incentivando as pessoas a continuarem com os gritos. Mais recentemente, a cantora mandou uma indireta ao presidente ao protestar contra o armamento: “Pra quê arma minha gente”, disse durante uma live.

https://twitter.com/passionveveta/status/1206382028767318016?ref_src=twsrc%5Etfw%7Ctwcamp%5Etweetembed%7Ctwterm%5E1206382028767318016%7Ctwgr%5Eshare_3&ref_url=https%3A%2F%2Fobservatoriodemusica.uol.com.br%2Fnoticia%2Fpublico-grita-ei-bolsonaro-vai-tomar-no-c-e-ivete-sangalo-responde-coisa-linda

Apesar destas manifestações pontuais e mais sutis ao longo dos quase trinta anos de carreira, fato é que Ivete optou quase sempre pelo caminho mais fácil comercialmente ao se esquivar de questões sociais e críticas nominais. Assusta inclusive, o fato de Anitta ter sido calorosamente cobrada em 2018 pelos públicos LGBT, feminino e mais pobres, para se manifestar a respeito do Ele Não, enquanto Ivete foi pouquíssimo cobrada pelos mesmos públicos após optar pelo silêncio.

Se assim como grande parte da classe artística, Ivete não se posiciona sobre Jair Bolsonaro ou decidiu deixar nas entrelinhas suas raríssimas e sutis críticas ao governo, o mesmo não pode ser dito sobre os recentes parceiros musicais da apolítica cantora.

Ivete pareceu buscar parceiros mais engajados e representativos em seus recentes feats musicais. Em seu último DVD, Ivete Sangalo lançou uma composição criada por Mahmundi, musicista carioca de MPB, que é uma voz relevante entre a comunidade negra e o meio LGBT, acrescentando mais diversidade ao seu “caldeirão musical”. A faixa intitulada “Grão de Areia”, é uma parceria com o sambista Ferrugem feita para o projeto  Live Experience lançado em 2019.

Já neste ano, Ivete Sangalo acelerou de maneira eficiente seu repertório com parceiros politizados incluindo artistas que vivem explorando temáticas como tolerância sexual e social em suas músicas. Só neste ano, Ivete lançou colaborações com dois dos maiores rappers do cenário nacional: Emicida e Gabriel Pensador. As letras? Nada muito engajado, com versos puxados para o romantismo e perseverança. Mas já é alguma coisa.

Outras figuras LGBTs do cenário nacional, os cantores Pabllo Vittar e Jão também foram escolhidos por Ivete Sangalo para recentes parcerias neste ano tão politicado. O feat “Lovezinho” foi lançado no último álbum de Pabllo no primeiro semestre, e era uma colaboração muito pedida pelos fãs das nordestinas. Ainda junto do cantor LGBT Jão, a baiana divulgou a faixa “Me Liga” lançada durante a quarentena.

Apesar de fugir da temática social nas letras destas parcerias, não seria exagero apontar que somente o “toque de Midas” da comercial baiana já confere maior prestígio aos artistas envolvidos, fazendo com que tais intérpretes ressoem junto de plateias fora de suas bolhas. São diálogos com figuras politizadas enquanto Ivete segue se abstendo de críticas nominais e de maior ênfase.

Em 2018, Anitta, intimada por seu público a se manifestar contra Bolsonaro, se posicionou convidando Claudia Leitte, Preta Gil e Ivete a fazerem o mesmo. Dois anos depois, em plena pandemia, Ivete ainda não falou sobre o assunto de maneira contundente. Ou será que falou?

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