Aqui vão os lançamentos mais representativos lançados em 2020 levando em consideração impacto cultural, letra, melodia, movimentação de mercado e minhas modestas preferências pessoais. Devido a um ano crítico impactado criativamente, três ou quatro canções lançadas em 2019 acabaram sendo incluídas na lista (especialmente nas menções finais).
Anitta, MC Zaac e Tyga – Desce Pro Play
Responsável por hits que já marcaram o funk nacional (“Bumbum Granada” com Jerry Smith em 2016), “Vai Embrazando” (2017) e “Vai Malandra” (2018), o músico MC Zaac foi definitivamente o hitmaker masculino de 2020 no Brasil. Além de divulgar a melódica “Toma” com Luisa Sonza (trazendo toques do pop gringo de Ariana Grande) e de lançar o clipe mais criativo da quarentena junto com Ivete Sangalo (“Não Pode Parar”), foi mais uma vez com Anitta que o músico paulista emplacou o hit pop em português do ano com uma letra simples cujo a melodia rememorou as melhores produções de Timbaland nos anos 2000.
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Com clipe premiado internacionalmente, o hitmaker Rodrigo Gorky (da Brabo Music), que é a mente criativa por trás de Bonde do Rolê e Pabllo Vittar, até comemorou quando o próprio Timbaland elogiou a faixa durante uma live nas redes sociais. Do ponto de vista de mercado, aposto que Desce Pro Play” foi aquele hit em português caprichado (e mais do que necessário), para que Anitta mantivesse sua marca top of market no país e pudesse alçar seus voos internacionais cantados na estranha língua do “espanglês”. Como dizia o velho escritor russo: se queres ser universal, começa por sua aldeia.
The Weeknd – In Your Eyes
O astro canadense The Weeknd precisava provar que sua atual fase da carreira não ficaria presa aos tantos e tantos recordes batidos pela tão romântica Blinding Lights. Para isso, preparou um arranjo oitentista produzido pelo mago do pop Max Martin e apostou que um otimista solo de saxofone e um clipe “de perder a cabeça” poderiam fazer a faixa explodir. Apesar de não ter alcançado mesmo sucesso do hit citado acima, “In Your Eyes” caiu nas graças de críticos influentes com uma letra que aborda o remorso por uma traição e com um clipe cáustico que chegou a ser comparado aos melhores filmes de terror da década de 80.
Assim como Blinding Lights (que até ganhou um caprichado remix oficial em funk carioca) e o disco After Hours, a faixa infelizmente foi completamente ignorada no Grammy, fazendo com que o nome de The Weeknd figurasse como o maior injustiçado da premiação dos últimos tempos. De franco favorito, o canadense que na verdade se chama Abel Makkonen Tesfaye acabou sendo completamente ignorado na premiação. Agora cá entre nós: o músico até já tem três Grammys nas mãos para chamar de seus. Sendo assim, aposto que ele vai ser um dos maiores nomes do Grammy 2021 com a façanha de não ter tido uma única indicação. Ninguém resiste a uma estrela injustiçada, em boa fase da carreira e com 3 ou 4 hits na bagagem. Há males…
Priscilla Alcantara e Whindersson – Girassol
2020 foi o ano onde Priscilla Alcantara se tornou um nome necessário no showbiz brasileiro. E não levo em consideração nem tanto sua técnica vocal impecável, mas sim o que sua figura significa num momento tão polarizado. A jovem cantora de letras sobre redenção e louvores, conseguiu unir as mais diferentes tribos em torno de um hit agridoce sobre depressão e morte escrito por ninguém menos que Whindersson Nunes. Até no popular BBB20, a faixa acabou sendo assunto, mostrando o gospel de maneira franca e direta para milhões e milhões de brasileiros.
Priscilla, vale lembrar, já cantou e contou que adoraria lançar um feat com Pabllo Vittar (já tendo elogiado o dance gospel Rajadão) além de viver defendendo as causas LGBTs em suas entrevistas. Além disso, seu hit virou meme nas redes sociais e ganhou uma delicada versão R&B junto dum coral num caprichado clipe em plano-sequência. “Girassol”, aliás, bateu alguns recordes também, se tornando a música de temática religiosa mais bem-sucedida de algumas plataformas de streaming no Brasil. Num momento com tanta divisão no país, que mais músicas que possam juntar diferentes pessoas sejam capazes de vir por aí.
Emicida e Gilberto Gil – É tudo pra ontem
A vida na quarentena e o egoísmo humano ganharam uma canção pra chamarem de suas em 2020. E com o bônus do letrista mais bem quisto dos últimos tempos: o rapper Emicida. Além do impactante e necessário documentário Amar Elo situado num show no Teatro Municipal em SP, o músico paulista volta a ocupar o espaço palaciano paulista agora para contar e cantar que “vitória é uma fresta de Sol” e que 2020 “é um ano todo só de sexta feira treze“. Tudo isto, somado ao contador de histórias Gilberto Gil narrando uma anedota sobre a criação divina e natureza humana. A canção e letra mais do que certas para o momento de reflexão necessária.
Jonas Brothers – What a Man Gotta Do
A tarefa era quase um trabalho pra Hércules. Quase dez anos após baterem em retirada, os irmãos do Jonas Brothers voltaram a se reunir apostando no single “Sucker” que alcançou o topo do Hot 100 da Billboard se tornando a música mais bem sucedida do trio. Como conseguir fazer algum barulho e competir consigo mesmo após alcançar o auge nas paradas? Apostando na memória afetiva e escolhendo um rock-pop pegajoso para “balançar os sapatos” (como definiu a Billboard). Apostando nessa pegada, os irmãos ainda resolveram resgatar alguns dos maiores clássicos do cinema dos anos 80 reverenciando filmes como “Grease”, “Negócio Arriscado” e “Digam o que Quiserem”. O vídeo dirigido pelo badalado diretor Joseph Kahn (dos clássicos clipes de “Toxic” e “All I Want For Christmas Is You”) traz ainda as esposas dos três cantores dançando junto com eles além de vários bailarinos.
Um importante fator para o sucesso em repercussão da música pode ter sido a assinatura de grife do músico Ryan Tedder, um dos hitmakers mais queridinhos da indústria, que já até recebeu o apelido de “quarto Jonas” devido à sua química com o trio de irmãos. Meu palpite é que a expertise do bem-sucedido produtor com melodias rock-pop como as produzidas para sua banda OneRepublic, pra Kelly Clarkson e também para as bandas 5 Seconds of Summer e Maroon 5, acabaram fazendo com que What a Man Gotta Do se tornasse um marco da nostalgia num complicado ano onde passamos tanto a olhar pra trás, Num gênero que anda tão pouco comentado como o rock’n roll, o hit foi definitivamente um dos resgates mais interessantes de 2020.
Tove Lo & MC Zaac – Are u gonna tell her
Lançada em 2019, foi somente no início deste ano, que a estrela sueca Tove Lo divulgou o clipe da faixa “Are u gonna tell her”, seu “funk escandinavo” com MC Zaac, o funkeiro tipo exportação número 1. Com uma letra manjada mas, maliciosa que aborda a vergonha e o tesão que uma traição proporciona, a artista europeia e o músico brasileiro mostraram o “melhor casamento melódico” até o momento entre os sintetizadores do dancepop gringo e a percussão do funk nacional. Nenhum outro funk cantado em inglês conseguiu unir de maneira tão orgânica os dois gêneros dançantes.
Vale lembrar que a Suécia é o berço criativo da música pop no mundo sendo responsável por nomes como Abba, Max Martin e Roxette. Dica de que o funk carioca ainda pode experimentar grandes momentos em sua internacionalização. Dirigido pelo duo da Alaska Filmes, muito antes da confusão com Anitta, o clipe da faixa mostra todo potencial dos brasileiros fazendo bonito e competindo criativamente com diversos outros filões globais como o reggaetown e o hip-hop. Um belo funk pra gringo ver. Ou melhor: ouvir.
Dua Lipa – Don’t Start Now
Com o sucesso histérico de “New Rules” em 2017, Dua Lipa conviveu por um tempinho, com a possibilidade de ser considerada uma artista “one hit wonder”. O sucesso comercial e em repercussão do 2º álbum em estúdio, provou porém, que a britânica do nome artístico esquisito ainda tem alguns ases na manga. Nem que para isto ela resgate a ideia duma era pop para chamar de sua.
O burburinho em torno das diferentes versões do Club Future Nostalgia foi tão grande que muita gente comparou o impacto que Dua Lipa (juntamente com o Chromatica de Lady Gaga), teve na reinvenção do conceito de eras das cantoras pop (que parecia ter sido deixado de lado já há alguns tempos). O sucesso irrefreável do primeiro single desta fase de Dua Lipa, só comprova que a artista britânica, por mais que fique vocalmente aquém de algumas das suas contemporâneas europeias (como Adele, Florence, Jessie J, Emeli Sandé ou Amy Winehouse) ainda representa que ela é um dos maiores players revelação da indústria atual.
Importante destacar que por aqui no Brasil, “Don’t Start Now” ganhou contornos ainda mais imersivos quando diante da pandemia e do apagão do entretenimento, um dos momentos mais interessantes da TV aberta foi uma dança do hit (meio que improvisada) feita por uma patricinha no principal reality show do país. Ali, de quebra, muita gente pôde descobrir que os “tamborzinhos, tamborzinhos” coreografados por Manu Gavassi são oriundos dum instrumento chamado bizarramente de “cowbell” e cujo a sonoridade foi inspirada pelo objeto utilizado pela banda Two Door Cinema Club no clássico indie “What You Know”.
Joel Corry e MNEK – Head & Heart
Uma figura que perpassa pelo tão atual tema de representatividade e que começa a experimentar um ótimo momento na carreira é a do britânico MNEK. Com a carreira consolidada como compositor, o músico europeu que na verdade tem o complicado nome de Uzoechi Osisioma Emenike emplacou no topo das paradas britânicas um dos maiores hits dançantes do ano resgatando toda classe da house music com a impecável faixa retrô Head & Heart.
O músico vale lembrar já produziu e compôs para medalhões da música pop mundial como Madonna, Little Mix, Beyoncé e Selena Gomez além de ter participado do último álbum solo de Adam Lambert, atual vocalista do Queen. Com um timbre que soa como um “Stevie Wonder cantando dance music“, vale a pena conferir também as faixas Colour (com Hailee Steinfeld) e Never Forget You (com Zara Larsson), ambas canções com habilidosas performances vocais que pouquíssimos vocalistas conseguem alcançar na atual indústria.
Henrique & Juliano – Liberdade Provisória
Com um jargão jurídico que dificilmente daria em algo, Henrique e Juliano resolveram apostar no filão de músicas inspiradas no “juridiquês” e conquistaram o título de faixa mais tocada no ano. Fora do eixo MG-GO do sertanejo atual, essa dupla tocantinense vive mais reclusa do que os seus colegas de profissão e raramente falam sobre a vida pessoal. A discrição, pelo jeito, tem dado mais do que certo.
Um importante detalhe e que muda toda a maneira de se encarar a faixa é que “Liberdade Provisória” foi lançada após a complicada saída de Henrique e Juliano da Som Livre e conquistou a façanha de ser o hit mais tocado do ano. Como dizer não à rede Globo e conseguir o maior sucesso de 2020? Pelo tanto alcançado, a faixa acabou se tornando um verdadeiro case de marketing pra ficar guardado no cancioneiro atual e que tem grandes chances de virar referência para os ex-contratados da platinada Gusttavo Lima e Luan Santana. Sim! Por mais irônico que isto soe, é possível encontrar liberdade criativa fora da Som Livre.
Brown Skin Girl – Beyoncé
Em 2018, o marido de Beyoncé, o empresário e rapper Jay-Z foi o artista mais indicado ao Grammy com nada menos que 8 nomeações por “4:44”, mas acabou saindo de mãos vazias. A situação, depois, virou um verso do músico no dueto “Apeshit” com sua esposa: “Digam para o Grammy se f** com o 0. Vocês já viram a plateia enlouquecida?”. Voltando a enlouquecer plateias, desta vez no streaming, Beyoncé optou por sair pela tangente, ao ignorar pressões e tendências musicais ao criar um manifesto percussionista sobre a auto-aceitação negra com “Brown Skin Girl”.
O projeto audiovisual extraído de um especial da Disney apresenta um delicado recorte que mostra pretos e pretas ocupando espaços de poder, trocando carícias e usando figurinos imperiais. Trilha sonora do ambicioso projeto “Black is King” (complemente visual do Rei Leão), meu palpite é que a faixa mostrará no futuro o exato ponto da curva de aprendizagem quando assuntos como violência policial e políticas afirmativas começaram a ser rediscutidas. Num ano tão obscuro, Beyoncé entregou um dos feixes de luz mais reluzentes dos tempos atuais.
Maluma & The Weeknd – Hawái Remix
O ano de 2020 serviu para consolidar de vez, The Weeknd como um dos músicos pretos mais importantes do mercado atual. Mesmo de fora do próximo Grammy, o artista que será a principal atração do SuperBowl 2021 começou a mexer seus pauzinhos e a flertar com a latin music, impulsionando nomes para públicos que talvez não consumissem artistas como Maluma ou Rosalía.
O escambo cultural do músico norte-americano resultou aqui, numa jogada de mestre que fez com os vocais suaves e agudos de The Weeknd catapultassem Maluma à sua melhor posição na principal parada dos Estados Unidos. E demonstra inclusive o mais importante: que The Weeknd é definitivamente o player mais provocativo de toda indústria. Para quem curtiu o hit em espanhol, deixo como dica “Qué Chimba” também de Maluma, que é o single latino mais frenético de 2020.
CHAMELEO & Pabllo Vittar – Frequente(Mente)
Num ano onde Gloria Groove provocou artisticamente toda música pop tupiniquim, Pabllo Vittar talvez tenha sido obrigada definitivamente a sair de sua zona de conforto. Após o sucesso entre público e crítica de “Amar Elo”, muita gente se perguntou se a maranhense voltaria a apostar em canções mais suaves que realçassem sua qualidade vocal nas notas mais baixas. E foi justamente numa faixa do tipo que podemos vislumbrar uma Pabllo sem grandes arroubos e estridências (que neste ano até lhe renderam o apelido de “Fraco Adam Lambert”), mais livre criativamente e sem as amarras dos “jargões sexuais” que imperam no cancioneiro pop.
Apostando num cantor LGBT de vocais agudos, com o nome artístico mais esquisito dos últimos tempos (alguém aí já sabe pronunciar corretamente?), Pabllo Vittar entregou um caprichado clipe sci-fi inspirado no filme “A Forma da Água” além do mais importante: uma música de letra afiada em tempos de estrofes tão pobres e simplórias. Fica a dica para os hitmakers e gravadoras que insistem em tantos “sentas” e “rabas”.
BTS – Dynamite
Mais importante do que as habilidosas danças, raps e cantos, entregues pelos rapazes do BTS, é necessário observar o que o sucesso do grupo representa. O último Oscar foi marcado pela onda coreana, com um diretor com produção oriental levando os principais prêmios para casa e sugerindo que o nacionalismo exacerbado dos Estados Unidos poderia ter empobrecido sua arte e até sua história cultural recente.
Voltando à música, curioso notar também como foi justamente com um single que se apropria de tantos signos estadunidenses (como Lebron James, basquete e King Kong) que os norte-americanos acabaram fazendo com que os garotos coreanos se tornassem os primeiros artistas orientais a alcançarem o topo das paradas dos Estados Unidos. Num país de ícones apropriadores (como Elvis Presley e Eminem) e que ainda provoca, tantas apropriações ao redor do mundo, talvez seja o oportuno momento dos Estados Unidos agora de explorarem outras explosões culturais. Para o bem da sua própria narrativa criativa.
Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim – Gloria Groove & Manu Gavassi
Curioso notar como este hit precisou de parceiros criativos bem diferentes entre si para sua construção criativa: uma ex-BBB patricinha, um rapaz que se veste de mulher e um músico de banda emo (Lucas Silveira). Outro fato que chama a atenção é que tanto o hit quanto o clipe de “Deve Ser Horrível Dormir Sem Mim” pareceram ser construídos a partir dum mix entre o sofisticado (Rita Lee, Fleabag, 1984 e Amélie Poulain) com o popular (TikTok, reality show e nudez). E o caldeirão de misturas e referências tão diferentes deu pra lá de certo. Sem é claro, como muito sucesso que se preze, ficar livre de polêmicas: a cantora recebeu muitas críticas por sua contradição feminista ao se render a um boy lixo (Chay Suede) além de levantar uma importante discussão sobre a sexualização das mulheres na mídia no geral.
Com uma letra complicadinha que fez até Anitta supostamente se atrapalhar, o hit foi uma das canções mais criativas de 2020 e de quebra, entregou a melhor posição (#2) tanto para Manu Gavassi quanto Gloria Groove no Spotify Brasil pressionando de certa forma, todo mercado, por uma qualidade melódica e versos menos pobres. Voltando à funkeira de Honório Gurgel, importante destacar que Manu Gavassi tem mais de dez anos de carreira e superou sua colega funkeira em buscas no Google no ano de 2020. Duelo de titãs devidamente vencido por Manu e suas qualidades além da histérica participação no reality show mais popular do país. Marqueteira por marqueteira, Anitta parece ter encontrado uma “rival” à altura. E quem sai ganhando somos nós.
Rain on Me – Lady Gaga e Ariana Grande
Soava como uma realidade distante dos fãs de Lady Gaga que a cantora pudesse finalmente retomar sua gênese dançante após flertes com country, jazz e da fase mais classuda “Star is Born”. Pois bem, além de entregar uma era pop super coerente junto do seu novo álbum “farofa”, Lady Gaga recrutou a jovem vocalista pop mais talentosa (e sofrida) da atual geração para cantar sobre a importância de “dançar em meio a uma chuva de canivetes”.
Para seu retorno às raízes, Lady Gaga convidou também seu parceiro de longa data Bloodpop para uma faixa puxada pra deep house cujo a letra soou como a perfeita metáfora duma perspectiva por tempos melhores. Simples e pegajosa, “Rain On Me” encerra o ano com grandes chances de ser uma das primeiras músicas das quais vamos nos lembrar daqui há alguns anos quando nos recordamos daqueles difíceis tempos na pandemia. Alguém aí tem dúvida que a faixa promete se tornar mais um daqueles raríssimos hits que resistem ao teste do tempo e envelhecem tão bem como vinho?
Menções especiais: Graveto (Marília Mendonça), Paradisn’ (Rina Sawayama), Qué Chimba (Maluma), Blinding Lights (The Weeknd), Sine From Above (Elton John e Lady Gaga), Rajadão (Pabllo Vittar), IZA & Bruno Martini e Timbaland (Bend The Knee), Say So (Doja Cat), James Arthur e Sigala (Lasting Lover), Say Something (Kylie Minogue), A Tua Voz (Gloria Groove), Malia Civetz (Broke Boy), Foi Você, Fui Eu (Elza Soares e Liniker), Rainha da Favela (Ludmilla), Velvet (Adam Lambert), Heart to Break (Kim Petras), This City (Sam Fisher), Cine Odeon (Priscilla Tossan), Wild – Remix (John Legend & MEDUZA), Me Conta da Tua Janela (ANAVITÓRIA), Alive: It Feels Like (Alok), Blueberry Eyes (MAX feat SUGA), Oh Juliana (MC Niack), Braba (Luisa Sonza), Me Gusta – Remix (Anitta, Cardi B e 24kGoldn).