(POR GABRIEL VAQUER)
Quando se foi confirmado o retorno de Sandy & Júnior para uma série de shows comemorativos pelos 30 anos da dupla, uma histeria maluca se criou. E com essa histeria, veio a expectativa gigante pelo que seria apresentado pelos irmãos. O fato é que, a julgar pelo show de Salvador, visto neste sábado (13) pelo Observatório de Música, teremos tranquilamente os maiores shows do ano.
Numa apresentação de mais de duas horas, Sandy & Júnior visitam todas as fases da carreira: o momento de cantores infantis, a transição para a pré-adolescência, a maturação musical no início da década de 2000 e o ar cult que começaram a ter com o disco de 2006, antes do Acústico MTV derradeiro que fez a dupla entrar em hiato por 12 anos.
Mais que um show, a apresentação da turnê Nossa História é uma experiência a épocas em que todos ali presentes (ou a maioria deles) eram adolescentes. Antes da apresentação, o DJ capricha no repertório do fim dos anos 90 e início dos anos 2000: não sai de Britney Spears, Backstreet Boys, Spice Girls e Christina Aguilera.
Entre algumas músicas, vídeos de momentos da carreira são exibidos. E durante as músicas, é possível ver nos telões Sandy & Júnior cantarolando as canções junto com o púbico com um visual pop moderno ao fundo, que lembra os antigos cenários de chroma-key da extinta MTV Brasil.
Quando se inicia, a apresentação é um carrossel de emoções. O início e o fim dos atos apostam em músicas mais emotivas, como Estranho Jeito de Amar, Quanto Você Passa (Tutu Turu), Desperdiçou e Não Dá Pra Não Pensar. O recheio é com músicas mais animadas. Nesse momento, temos dois destaques: o primeiro é um medley com várias canções clássicas da “era infantil” da dupla, com direito a coreografia e tudo.
O segundo é a interpretação de Enrosca e A Gente Dá Certo. Além das coreografias completas e apresentação perfeitas, chama a atenção o poder de Júnior Lima. Para boa parte dos fãs, Júnior foi sempre uma espécie de “ovelha negra”. O brilho e o talento vocal de Sandy sempre ofuscaram um pouco o poder que o irmão tinha como cantor, dançarino e principalmente instrumentista.
Entre essas músicas que citei acima, Júnior colocou um solo de bateria no setlist. Mas é mais que um solo: é um dos maiores solos já vistos numa apresentação no Brasil. Intenso e com participação do público, o solo lembrou o final do filme Whiplash: Em Busca da Perfeição. A sensação do público ao fim é a mesma.
Mesmo com uma Sandy muito bem, interagindo e emocionada, a grande atração do show é Júnior. Além de estar visivelmente emocionado, Júnior está entregue como nunca. Até mesmo Sandy parece estar impressionada com o que Júnior mostra no palco.
Este ano de 2019 teremos, por exemplo, o Rock in Rio. Mas por tudo que foi planejado e apresentado, dificilmente a turnê Nossa História da dupla não será o show mais lembrado de 2019. Além de pegar fundo na nostalgia, a dupla está mais afiada do que nunca. É um pecado que, logo após essa “pausa no encerramento”, como disse Sandy, os dois voltem para o que faziam antes. A música agradeceria a continuidade da dupla.
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