Nesta quinta-feira (14), o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, mais conhecido como CONAR, julgou a representação ética que tinha aberto contra ações publicitárias feitas nos shows online “Live Gusttavo Lima – Buteco em Casa” e “Buteco Bohemia em Casa”, do sertanejo Gusttavo Lima. Por unanimidade dos conselheiros presentes à sessão virtual, o cantor foi somente “advertido” pelo Conar.
No meio de abril o processo foi aberto, após “dezenas de denúncias de consumidores”, que acreditavam que as ações publicitárias feitas pela Ambev durante os shows precisariam de “cuidados recomendados pelo Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária para a publicidade de bebidas alcoólicas”.
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Logo após, o Conselho foi acusado na web de ter denunciado o cantor por motivações políticas ou para defender emissoras de televisão, que estariam caindo audiência com as apresentações. Em defesa, o Conar afirmou que “atua exclusivamente em nome de anunciantes, agências e veículos de comunicação no exame do conteúdo de publicidade de todos os tipos, inclusive aquelas envolvendo influenciadores digitais”.
A Ambev, afirmou ter enviado um guia com orientações, para que os artistas não tenham problema com publicidade nas lives. “Estamos reforçando as regras dado esse novo contexto de entretenimento virtual e estamos mais do que nunca comprometidos com o consumo responsável de nossos produtos”, pontuou a empresa.
O “puxão de orelha” parece ter dado efeito. A marca da Ambev, Brahma, esteve presente na live do projeto “Amigos”, realizada no dia 20 de abril, com os cantores Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano e Leonardo. Em dado momento, Zezé di Camargo, ao falar da cerveja, disse que “a produção não deixou ele beber ali”. “Puseram a Brahma aqui, mas não deram o abridor”, disparou.
No último domingo (10), foi a vez do sambista Zeca Pagodinho surpreender o púbico ao trocar a bebida alcoólica por água em sua transmissão. O cantor brincou com a situação e explicou aos fãs que estava seguindo à risca as recomendações do Conselho. “Toda hora penso que tem um copo [de cerveja] aqui. Meto a mão e é água. Que sofrimento. Primeira vez que passo por isso”, disse.
O cantor Felipe Araújo foi mais agressivo durante sua live no dia 25 de abril. Enquanto segurava um copo de cerveja, o sertanejo falou contra o órgão. “Ô, Conar, vai tomar no… Eu vou tomar uma, tô nem aí pra vocês”, disse, mesmo sua live não tendo patrocínio de nenhuma marca de cerveja.
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O Conar segue regras do Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, elaborada pelas próprias empresas anunciantes e grupos de mídia. O Código diz em seus artigos, por exemplo, que a “publicidade não deverá induzir, de qualquer forma, ao consumo exagerado ou irresponsável” de álcool e que o “Código encoraja a realização de campanhas publicitárias e iniciativas destinadas a reforçar a moderação no consumo” de bebidas alcoólicas.
Os artistas não poderiam aparecer consumindo bebidas alcoólicas e todas as transmissões patrocinadas por cervejas, por exemplo, deveriam conter uma das frases de restrição, como “beba com moderação”, “evite o consumo excessivo de álcool” ou “não exagere no consumo”, segundo as regras do código.
O Conar não pode multar marcas e pessoas envolvidas em suas ações. As decisões tomadas pelo Conselho de Ética são apenas orientações, que podem ou não ser acatadas. O órgão abriu mais de 300 processos éticos, 70% deles motivados por denúncias de consumidores em 2019.