ANDRÉ JÚNIOR
Filipe RET lançou neste ano o disco “Audaz” que o garantiu a faceta de interligar o rap e o funk com maestria. O mesmo lançamento finalizou uma trilogia de álbuns do artista – Vivaz (2012) e Revel (2015).
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Sucesso entre a crítica e público, RET acaba de ser anunciado para o Festival Lollapalooza num show conjunto com Haikaiss, Ludmilla, Kevin O Chris e outros nomes. Em entrevista, Felipe nos passou a real sobre a confusão com Anitta devido ao tweet sobre o DJ Rennan da Penha e muito mais. Confira:
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– Recentemente você criticou a cultura de massa no Twitter ao escrever na rede social: “Elite lucrando com o 150BPM e Rennan da Penha preso” e automaticamente a maioria entendeu como uma alfinetada à Anitta que é agora garota propaganda da SKOL BEATS 150 BPM. Você acredita que a marca de cerveja ou a mesma deva se pronunciar sobre a prisão do músico ?
FILIPE RET : Foi uma crítica ao sistema. A alegação do promotor que prendeu o Rennan é ridícula. O Estado é incapaz de controlar a favela e quando um favelado consegue um jeito de vencer é preso por associação ao único poder vigente em sua comunidade. Tiraram um mega talento dos palcos e colocaram dentro da cadeia com argumentos risíveis. O “150 bpm” reviveu o funk que é a maior potência cultural do nosso país e isto se deve em boa parte ao Rennan. Quanto a Anitta, ela não é a elite que critiquei. Gosto dela e ela sabe disso. Ela pode e deve ganhar a grana dela? Com certeza. Faltou sensibilidade do projeto pelo contexto que vivemos hoje? Com certeza.
– A união entre o funk e o rap sempre fez parte do seu discurso, e aí, hoje, você acredita que alcançou este feito ?
FILIPE RET : Eu previa essa união há mais de 10 anos. Sem dúvida meu trabalho ajudou nesse processo.
– O funk hoje invadiu casas de show, a rádio e a elite. O que falta para o rap alcançar tal feito ? Aliás, você crê que a causa possui este interesse ?
FILIPE RET: Rap e funk são músicas do povo feitas pelo povo. Dependem de menos estrutura e de mais verdade. O rap é mais americanizado e reflexivo, o funk é mais brasileiro e dançante. É natural que o funk seja mais popular. Mas são lados da mesma moeda.
– Ainda existe no Brasil uma divisão dentro do rap que escala “o habitat dos manos” e “quem faz rap pra rádio”? E de que forma você se enxerga dentro do mercado?
FILIPE RET: Eu posso fazer os dois porque sou os dois e sou respeitado por isso.
– O seu nome antecede o adjetivo “ídolo dos morros”, o seu som é de fato feito para a comunidade? De que forma esse elo entre você e a favela aconteceu, uma vez que nunca fora um habitante de uma comunidade carioca ?
FILIPE RET : Eu nasci no pé do morro Santo Amaro, no Catete. Na última casa duma vila grudada na favela. Cresci ouvindo o baile, fogos, tiros e batuques do centro espírita que ficava do lado da minha casa. Meus amigos todos eram dali. A música que eu ouvia era funk. Os shows que eu ia eram os bailes. Sou fruto dessa cultura. Tive uma educação diferenciada porque minha mãe era uma professora rígida. Estudei em escola boa sendo bolsista.
– Você é apontado como um dos nomes da nova era do rap nacional, o que esta nova geração tem de diferente dos percursores do som?
FILIPE RET : Acesso a internet.
– Você acaba de ser anunciado como um dor performers do Lollapalooza ao lado de WC no Beat, Ludmilla, Kevin o Chris, Haikaiss, PK e Felp 22. Como aconteceu essa união? De quem veio a ideia e o que é que todos vocês possuem em comum ou acredita que a individualidade seja o X desta questão ?
FILIPE RET : Um amigo muito generoso me ligou perguntando se eu toparia e imediatamente aceitei. Como falei, rap e funk são lados da merma moeda.
– O que você já pode nos contar sobre a sua performance no Lollapalooza em abril, já existe algo desenhado pro show ? Esta união será algo como o Funk Orquestra do Rock in Rio?
FILIPE RET : Fazer festival é sempre incrível, ainda mais um Lollapalooza. Ainda não defini o show.