Eduardo Costa se arrepende de revelar voto: “Sofri ameaças, não sou de direita, nem de esquerda”

Publicado em 05/03/2021
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Com mais de 25 anos de carreira, Eduardo Costa embala muitos sucessos nas rádios e aplicativos de streaming. Seu sucesso é estrondoso, seu charme entre as mulheres é enorme e ele sabe como cativar bem o carinho dos fãs. Volta e meia ele se envolvia em polêmicas, discursos controversos, mas dentro do coração de um homem cigano bate um coração que tem amor ao próximo e à natureza.

Ao Observatório de Música, o artista revela detalhes de seu mais novo trabalho, Pantanal, e afirma que se arrepende de decisões do passado como apoio ao presidente Jair Bolsonaro: “Aquele Eduardo Costa das polêmicas não existe! Infelizmente, eu entrei em um lado obscuro que não deveria ter entrado, que foi política! Não sou de esquerda, nem de direita. Equilíbrio é tudo e a gente tem que aceitar as pessoas como elas são, com sua escolha religiosa ou orientação sexual!”.

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Confira!

“DVD Pantanal”: Qual é a importância dele para a sua carreira e também para a região?

O “DVD Pantanal” aconteceu da mesma forma que o DVD “#40Tena”. Eu passei esse período de confinamento produzindo música em casa, gravando! Foi um jeito que achei de alegrar as pessoas e a mim também, mas chegou uma certa hora que eu falei: ‘eu preciso sair um pouco de casa”. Eu estava há mais de 8 meses sem sair! Aí eu acordei um dia e pensei: “Quero gravar música sertaneja no Pantanal. Não quero isso aqui, em uma fazenda em Minas Gerais, não quero ir pra Goiás, eu quero gravar isso no Mato Grosso do Sul, em uma chalana dentro do rio Paraguai! E quero que se chame ‘Pantanal’”. E aí sai de casa, e toda a equipe que estava gravando o #40Tena” comigo, aí pegamos o avião, que pousou em Corumbá, e entramos em uma chalana, eu e a equipe que iria filmar. Subimos o rio Paraguai, e as músicas foram surgindo lá, todo o repertório surgiu enquanto subíamos o rio. Hoje, o meu intuito é resgatar a música caipira, a música sertaneja. A música caipira tem se perdido em meio a essa nova música universitária, e aí eu falei: “Não é só uma questão financeira, da venda, de ser bonito, mas é uma questão de resgate! Sabe? É uma questão de trazer a música caipira e sertaneja para os dias de hoje. Graças a Deus eu já fiz isso em outras épocas quando eu gravei o “Cabaré” com o Leonardo, foi um projeto pensado há mais de 10 anos. Era um projeto meu, que eu tive o prazer de cantar e tocar com o Leonardo e, naquela época, foi um grande resgate, aliás, naquela época não, tem pouco tempo, nós estamos há 5 anos do primeiro “Cabaré”, tiveram dois, né? Então aconteceu lá e agora aconteceu aqui de uma outra forma, foi maravilhoso gravar. Eu gravei 15 músicas, mas ainda tem muita música que eu quero gravar, era para gravarmos 25, mas perdemos um dia porque o barco acabou encalhando. Mas eu ainda quero gravar sim outras músicas e trazer a música caipira pra essa moçada e pro povo ouvir, porque a música caipira o povo ama, e com uma nova roupagem, é um novo jeito de cantar. Tenho certeza que todo mundo vai amar! Eu fiz a primeira e segunda voz, fiz todos os arranjos, toquei todos os instrumentos (baixo, bateria, violão e viola) e produzi. Tive a oportunidade de fazer tudo isso, junto comigo levei o sanfoneiro paraguaio Vicente Castilho e tivemos a oportunidade de criar ali, no rio Paraguai, no berço da música caipira. Tivemos a oportunidade de cantar no Pantanal.

Como surgiu o convite para lançar uma parceria com a dupla Angelo & Angel, que integrou o The Voice? O que o público pode esperar desse trabalho?

Então, eu conheci Angelo & Ângel através de um amigo, aliás, mais do que um amigo, um companheiro maravilhoso que é o pastor Marquinhos, dono do estúdio MR, onde eu gravo. Os meninos são muito bacanas! Cantam super bem, foi uma experiência muito boa. Espero que eles atinjam o objetivo deles, tô torcendo pra que isso aconteça, porque eles são muito gente boa.

Alguma canção faz você voltar no passado e relembrar da sua infância, momentos simples que fazem parte da vida? Como café com a família, vida no campo?

Tem várias músicas que me remetem a isso, porque eu sou de Belo Horizonte, mas fui criado em uma cidadezinha que se chama Abre Campo, que fica no interior de Minas, aliás, nem era uma cidade, era um município, que se chamava Córrego do Tear, e fui criado lá. Sou de uma família cigana e meus pais ouviam música caipira desde sempre naqueles rádios de pilha. Então eu fui criado ouvindo Zé Bettio, que tocava na rádio Capital, Rádio Aparecida, tive a oportunidade de ouvir todas as músicas. Eu não virei cantor, eu nasci cantor, e desde que eu me entendo por gente eu gosto de música sertaneja, música caipira. Então eu posso dizer pra vocês que sou um cara privilegiado! Todas as músicas que eu canto me remetem a alguma coisa! Mas eu acho que nesse trabalho, o “Pantanal”, tem algumas músicas que me lembram muito meu pai, por exemplo. “A Vaca Foi Pro Brejo”, ele ouvia muito a música “A Mão do Tempo”, e a música que eu mais gosto, assim em termos de letra, a “Saudade É Uma Estrada Longa”, é uma música que eu gosto muito, que é do Almir Sater e Renato Teixeira, eu acho. A música “Cuitelinho” é uma música que me traz boas lembranças. Cara, ali é muito difícil escolher uma específica! “Chega de Sujeira” é uma música que às vezes meu pai estava selando um cavalo ou na parte da manhã ele ouvia muito. Canto todo esse “DVD Pantanal” assim, todas as músicas que eu gravei me remetem muito a algo, mas ainda tem muita música que eu quero gravar! Mas o “DVD Pantanal” inteiro é o que mais me lembra de coisas boas lá da minha terra, dos meus pais. Posso falar pra você que aquele repertório ali eu escolhi porque todas as músicas lembram meus pais e a minha infância!

Quais artistas internacionais você mais admira e te influenciam?

Sou muito eclético, escuto jazz, blues, bossa nova, instrumental, rock, country, e principalmente a música flamenca, a música cigana faz parte do meu DNA, então, música flamenca cigana são as músicas que eu amo. Mas, por exemplo, eu gosto de Michael Bolton, Luis Miguel, Julio Iglesias, é tanto artista bom! Elton John…São muitos, na hora de falar assim até fica difícil! Eu gosto de músicas românticas, Gipsy Kings, amo ouvir uma banda que se chama Banda Camila, outra que eu animo é Banca Reik, Jesse & Joy. São muitos, mas eu amo, amo, amo Michael Bolton e Richard Marx. E no meu estilo, quando eu vou tocar como violonista, guitarrista, por exemplo, eu gosto de Eric Johnson, John Satriani, gosto muito, muito de Alan Jackson, gosto de Lara Fabian, Celine Dion, Laura Pausini, Frank Sinatra. Um violonista que eu adoro é o Paco de Lucia e Vicente Amigo, são alguns que eu lembrei agora, mas tem muitos outros, posso te garantir! Ah, o Elvis Presley, claro! O principal! Amo Elvis!

Sonha em conhecer algum país ou uma cultura que esteja ligada ao country?

Eu amo country, amo, amo, amo! Eu já fui pros EUA várias vezes, inclusive tenho casa lá há muitos anos! Tem uns 10 anos já! Próximo a Nova Iorque, mas o lugar que eu mais gosto, eu ainda não conheço, que é a região do Texas! Ali onde está vivo aquele clima country, que é o sertanejo dos EUA! Eu amo aquele clima quente, aquele tipo de ambiente, tipo de lugar! Eu acho que o que é mais legal ali, é quando se envolve por eu ter um sangue cigano, um sangue latino, assim por ter ascendência romena e espanhola. Mas ali perto do Novo México, ali é muito legal porque há essa mistura, as culturas latina e cigana se misturam e eu acho que esse lugar é muito minha cara! Gosto desse estilo, demais da conta!

“Ainda Tô Aí” segue no Top 10 nas rádios entre as mais tocadas no país. Ao saber que suas canções são as mais tocadas nas rádios, bate uma emoção? Se recorda do primeiro sucesso que estourou nas rádios? Como foi ouvir pela primeira vez sua música tocando para milhares de pessoas?

A primeira vez que eu ouvi minha música no rádio, eu me lembro que era mais ou menos umas 16h30 e eu estava em um bairro em Contagem/MG, chamado Novo Riacho. Eu me lembro exatamente como aconteceu, a música era “Coração Aberto”, foi meu sucesso. Essa música tocou na rádio Liberdade FM em BH e esse dia foi o dia mais marcante da minha carreira, acho que de tudo que eu já vivi na minha vida, junto com o nascimento da minha filha, foi o momento mais importante e eu sou muito grato aos radialistas, porque a emoção que eu sinto hoje quando eu ouço minha música no rádio é a mesma que eu senti há quase 16 anos atrás.

Quando eu lancei música “Ainda Tô Aí” era uma época muito difícil, estava começando a pandemia no nosso país, foi mais ou menos em março e foi no início, ninguém queria trabalhar essa música e aí eu assumi a responsabilidade sozinho de lançá-la. 15 dias depois já estava disparada em todo Brasil, em alguns países do mundo, na América Latina tocou quase inteira! Tipo, eu fiquei louco! Isso foi em março de 2020, de janeiro a dezembro mais de 1 bilhão de pessoas me viram no YouTube e isso pra mim é incrível! E graças aos radialistas, que trouxeram o público para o YouTube! Eles sempre acreditaram na minha música e na minha carreira, então sou grato, primeiramente a Deus e depois aos radialistas! Mas o frio na barriga de ouvir sua música tocada no rádio, nada substitui. Nem ouvir no YouTube, Instagram, Spotify ou em alguma novela, nada se compara, independente da rádio, local ou nacional!

Desenvolve trabalhos sociais? Pode citar onde?  E o que te motiva a fazer isso?

Tenho uma grande dificuldade em falar sobre os trabalhos que faço, o que eu sempre achei que o que faço tem que ficar sempre pra mim e pra Deus. No mais, também nunca escondi de ninguém, mas não faço e nunca fiz questão de falar porque nunca ajudei ninguém pensando em o que isso poderia me trazer! Mas há muitos anos eu faço shows beneficentes em prol do Hospital do Câncer de Barretos/SP, faço em média 2 a 3 shows e isso gera mais ou menos uns 2 milhões por ano. Em termos de doação, faço trabalho social com o Hospital do Câncer em Belo Horizonte/MG, pelo Marchadores Pela Vida, que é um braço da associação brasileira de cavalos mangalarga marchador. Sou criador de cavalos marchador e, através disso, eu faço esse trabalho junto com a Andréia. Então eu faço esse tipo de trabalho e ajudo algumas instituições de crianças especiais e com canções, fora algumas doações para hospitais do câncer, através de direitos autorais de algumas músicas. Mas, meu grande sonho no futuro é construir um hospital do câncer só para crianças e cuidar dos pais dessas crianças com tratamentos psicológicos, porque os pais sofrem junto, ou até mais que os filhos, entram em depressão e outros problemas, então eu quero cuidar de todos eles, quero abrir esse hospital aqui em Belo Horizonte, e espero conseguir isso nos próximos 10 anos.

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Por que um artista precisa se engajar em causas sociais?

Eu não acho que nenhum artista precise se engajar, eu acho que a causa social tem que partir do coração! A gente tem que sentir, a ajuda tem que passar através da gratidão daquilo que Deus nos dá e ninguém tem que ajudar ninguém pensando em propaganda ou colher frutos através da doação! A doação não precisa ser obrigada, se não, não precisa ser doação! Seja ele artista ou não! Ninguém tem que doar nada pra ninguém por obrigação, e sim fazer isso por gratidão pelo que Deus nos proporciona! Temos que fazer tudo por gratidão! Quem tem o mínimo de amor ao próximo vai ajudar, sem querer nada além de gratidão em troca!

Quais são os filmes e séries que você mais gosta? Já foi “noveleiro”?

Então, eu já fui noveleiro pra caramba. Sempre adoro muita novela! Eu sempre gostei de novelas mais elaboradas! Hein, acho as novelas muito parecidas, mas eu assisti no passado Pedra Sobre Pedra, Renascer e Rei do Gado. A novela que eu mais gostei foi Avenida Brasil! Eu adorei aquela novela! Se for dizer as que são a minha cara, eu escolheria Pantanal e Ana Raio e Zé Trovão! Filmes tem várias que eu gosto, John Wick, que é um dos filmes da moda, adoro Anjos da Noite, está entre meus prediletos! Drácula: A História Nunca Contada, O Protetor, o primeiro filme é muito bom! Gosto muito de Sete Homens e Um Destino, Chama da Vingança, adoro vários filmes de ação e amo filmes de super herói, Logan e todos os da saga X-Men. Thor, Capitão América, Homem formiga, Batman… Adorei o Coringa, é um dos mais tops que eu já vi! A série que eu mais gosto é Black List. Nunca achei nenhuma série que se comparasse ou superasse essa!

Como você cuida da alimentação? Faz exercícios físicos regularmente?

Então, eu sou um bodybuilder, eu sempre gostei de academia, eu sempre treinei. No ano de 2020, confesso que não treinei nenhum dia! Já estamos em fevereiro de 2021 e eu ainda não voltei, pelo fato da pandemia! Mas devo voltar logo mais, um pouco mais contido, mas minha alimentação é normal! Eu amo arroz e feijão, como todo brasileiro, eu amo arroz e feijão!

Ser um artista franco e mais direto já lhe causou algum problema na carreira?

Todos que você pode imaginar! As pessoas me confundiram demais! Muitas pessoas do Brasil não me conhecem, pode ser que algumas pessoas me achem ruim, outras me acham bom, mas aquele Eduardo Costa das polêmicas não existe! Infelizmente, eu entrei em um lado obscuro que não deveria ter entrado, que foi política! Eu tentei ser um cidadão comum e eu esqueci que eu era um artista! Fui um cidadão normal com todas as queixas e críticas ao ver o ver o Brasil, em uma situação difícil. Eu resolvi em algum momento expor meu voto e fazer quase que uma campanha e eu vi ali o que pode acontecer com uma pessoa em termos de xingamento e baixaria que não dá nem pra citar, até ameaças, ameaças à família, fora cancelamento, fora muitas coisas que eu não fiz e falei. As pessoas distorceram tudo, por isso hoje eu não faria, em hipótese nenhuma. Me arrependo totalmente de ter feito isso em algum momento! Pra te falar a verdade, eu não sou um cara tão direto quando pensam, eu sou um cara simples, um cara que vê o lado das pessoas, um cara que entende todo mundo! Eu nunca fui um cara da direita ou da esquerda. Eu sou uma pessoa que nunca tive isso na minha vida, eu não gosto da extrema esquerda e nem da direita extrema! Equilíbrio é tudo e a gente tem que aceitar as pessoas como elas são, com sua escolha religiosa ou orientação sexual! Nós temos que entender, aceitar e oferecer nossa ajuda em questão de companhia para essas pessoas e me arrependo totalmente de ter me envolvido nisso! Eu quero ser um ser humano comum, sei que a opinião do artista é diferente, tem um peso maior e, por isso, não quero mais expor minha opinião sobre isso, porque não vale a pena! Não por que eu tomei pancada, não! Isso eu não ligo mais, eu ligo de parecer algo que eu não sou! Mas eu sou homem se assumir tudo que eu falei! Erros e acertos, daquilo que eu falei! Mas não acho que sou esse cara! Eu quero que as pessoas conheçam o Eduardo Costa pai, amigo, cantor, instrumentista! O Eduardo Costa de Deus! Eu quero mostrar música para as pessoas e quero que me reconheçam como artista! Eu sou um artista que faz arte e que ama e respeita a arte! E principalmente que respeita a cultura! E como cigano, eu já venho respeitando desde meus tataravós, bisavós, avós… Toda minha geração, de 500, de 1.000 anos atrás, tem esse respeito à cultura! E, além de respeitar a minha cultura, eu respeito todas as outras culturas musicais do nosso país e isso que quero que as pessoas conheçam! Quero que as pessoas conheçam esse Eduardo Costa humano, aquele cara que aceita e erra e sempre com o intuito de aceitar e não magoar as pessoas, quero levar alegria pra todos! Porque esse é o Eduardo Costa que eu sou!

Por Leandro Lima

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