A castração química é um desenvolvimento que inibe a produção ou a circulação de testosterona no organismo. Quando feita antes da adolescência, é capaz de atardar a puberdade e poupar as transformações pelas quais o organismo de um garoto passa neste período. Os fãs do astro do pop Michael Jackson ficaram chocados quando souberam sobre uma possível castração química feita no cantor.
O site norte-americano The Blast divulgou um vídeo, onde mostra o médico Conrad Murray acusando Joe Jackson, pai do Michael, de castrar quimicamente o filho.
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A castração teria sido feita na infância do artista, conforme disse o médico, foi realizado por meio de injeções de hormônio, para retardar a puberdade e manter a voz fina e aguda de Michael.
Conrad Murray é o médico que foi condenado e cumpriu dois anos de prisão por matar Michael Jackson. Ele foi condenado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) depois de receitar uma dose letal do anestésico propofol no cantor.
Murray também afirma na gravação que Joe foi “um dos piores pais de todos os tempos” e que espera que ele esteja “encontrando redenção no inferno”. Joe Jackson morreu no dia 27 de junho de 2018, de câncer, aos 89 anos.
Sobre a castração
Segundo o
urologista Ubirajara Ferreira, chefe do Departamento de Cirurgia da Unicamp, castração
química é uma tentativa de deixar o indivíduo sem função testicular, mas sem
fazer uma cirurgia, portanto, sem remover o testículo.
Para que isso aconteça, são inseridas drogas capazes de inibir a produção ou a circulação de testosterona no organismo. A testosterona é o principal hormônio masculino produzido nos testículos. Ela controla o desenvolvimento das características sexuais e reprodutivas do homem.
Portanto, a testosterona é a responsável pelo desejo sexual, pela capacidade de ereção e até pelo desenvolvimento do corpo.
Ferreira explica que os garotos iniciam a produção de testosterona na adolescência, por isso essa é uma fase de mudanças no corpo. “O adolescente passa por um período de transformações. Os músculos começam a se desenvolver, a voz engrossa, a barba começa a crescer, são mudanças típicas da idade”.
Quando a castração química é feita antes dos 14 ou 15 anos, as drogas utilizadas cancelam as funções da testosterona e, por isso, essas mudanças não acontecem, passam a acontecer apenas quando as drogas deixam de ser administradas.
Uma criança que está no processo de castração química não vai engrossar a voz, criar barba, ter ereções, libido ou se transformar em um adolescente. “Por outro lado, vai crescer muito, vai ser uma criança muito alta porque o que faz com que o organismo pare de crescer também é a testosterona”, pontua o médico.
Ubirajara Ferreira explica que, a longo prazo, a falta do hormônio no organismo pode trazer efeitos colaterais, como fragilidade óssea e cansaço e fraqueza muscular.
A castração
cirúrgica no passado já foi uma prática utilizada para que cantores
continuassem com a voz fina após a puberdade.
Os registros
mais antigos datam dos anos 400, no Império Bizantino, quando os corais
costumavam ter homens castrados para as vozes mais agudas.
A prática foi retomada nos séculos 17 e 18, nas companhias de ópera na Itália. Na época, crianças pobres, órfãs ou abandonadas eram castradas para se transformarem em cantores capazes de interpretar papéis femininos. O ato foi proibido em 1870.