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MPB: Babu e Marcello Melo Jr participam de disco de João Gurgel, filho de Sérgio Ricardo

João Gurgel lança primeiro álbum solo da carreira, “Conversação de Paz”, com releituras de canções do pai, Sérgio Ricardo. “A sua obra questiona várias coisas que continuam fora do lugar”, comenta o multiartista

Publicado em 10/12/2021
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Sérgio Ricardo nos deixou em 2020, aos 88 anos, mas a sua obra musical, que já atravessa seis décadas, segue como uma análise atual sobre o Brasil. Para mantê-la ecoando entre as novas gerações, o seu filho, o multiartista João Gurgel, lança “Conversação de Paz”, primeiro álbum solo da carreira, com canções do pai. A novidade já está disponível em todas as plataformas digitais. O clipe da faixa-título segue disponível no Youtube.

Comecei a pensar no projeto em 2017, quando tocava no Bar Semente, na Lapa, mas foi em 2019, quando fizemos o DVD “Cinema na Música”, que surgiu uma vontade imensa de criar meu próprio álbum para levar a obra do meu pai a um público mais jovem. A minha motivação maior pra isso é poder devolver ao público o que era uma cultura popular. O meu pai influenciou muita gente e quero que continue sendo essa influência, essa figura tão marcante pra nossa cultura. Um gigante – conta.   

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Gravado pelo selo Tuhumusic, o álbum conta com releituras de sete canções emblemáticas do ícone da MPB. “Conversação de Paz” (do clássico LP “Arrebentação”, de 1971, que completa, portanto, 50 anos), “Emília” (1977), “Cacumbú” (1975), “Bate Palma” (2019), “Folha de Papel” (1963), “Bichos da Noite” (parceria com Joaquim Cardoso, de 1967) e “Lá vem Pedra” (1979) ganham novas roupagens com elementos do jazz, do pop, do soul, do funk e do rock, mas sem perder a brasilidade.

A produção musical e audiovisual, direção e arranjo são do próprio João. A produção fonográfica é do alemão Micah El Tuhu (amigo e parceiro de longa data de Sérgio), que também assina a masterização e, com Fellipe Mesquita e Gabriel Tavares, a mixagem. É acompanhado no estúdio pelos vocais da família, com Marina Lutfi, Adriana Lutfi e Luiza Lutfi, além das participações de Babu Santana, Emília Lins, Fellipe Mesquita e Marcello Melo Jr., e da banda formada por Marcos Schainberg (guitarra), Antônio Dalbó (teclado), Giordano Bruno (baixo), Neto Nbeatz (bateria), Jr. Ramos (percussão), Alexandre Caldi, Bororó Felipe, Cristiano Saramago, Diego Zangado, Edson Oliveira, Fernando Jovem, Juan Varela, Kuteer Vollmer, Luiz Felipe Caetano, Rodrigo Galha, Samir Aranha, Thiago Garcia e Victor Lemos.

Herança multifacetada

Músico, cantor, compositor, professor, ator, artista plástico, poeta, entre outros talentos e ofícios, João é um artista multimídia, assim como o pai, que iniciou e participou de diversos movimentos culturais, da Bossa Nova à Canção de Protesto, dos Festivais de Música Brasileira ao Cinema Novo, como músico, compositor, cantor, cineasta e ator. Com 16 anos de carreira profissional e mais de 20 anos de estudos, herdou também a inquietude, a sensibilidade e o tom questionador, enquanto artista e ativista engajado em movimentos políticos e sociais. 

“O meu pai me influenciou desde pequeno com seus exemplos de expressão artística plural e de luta. Ele me ensinou a desenhar, a cantar, a tocar violão, piano, enfim, praticamente tudo o que faço. Até mesmo como ator ele me ajudou muito, em especial, no filme que fizemos, “Bandeira de Retalhos” – revela o artista de 31 anos, que faz parte do grupo Nós do Morro, escola e cia de teatro, na comunidade do Vidigal, onde fez seus primeiros trabalhos nas artes cênicas com apenas 10 anos de idade.

Resistência e solidariedade

Precursor da música de protesto e símbolo de resistência contra a ditadura, Sérgio Ricardo sempre foi uma motivação para que João desse sequência ao seu legado na luta da arte política. Chegaram, inclusive, a se apresentar juntos na Comissão Nacional da Verdade, que investigou violações dos direitos humanos durante a ditadura militar. Atualmente, participa de atos e movimentos, como o coletivo político cultural Politilaje. Diante do momento conturbado vivido no Brasil e no mundo, na sua avaliação, há muito a se refletir com o novo trabalho.

O álbum que estamos lançando é muito político e questiona várias coisas que continuam fora do lugar, desde que o mundo é mundo – analisa. O lançamento de “Conversação de Paz” virá acompanhado por uma programação de lives solidárias com o objetivo de arrecadar verba para montar cestas básicas aos moradores da comunidade do Vidigal.

Para conferir, acesse https://linktr.ee/joaogurgel

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