Para muitos estudiosos os jesuítas o utilizaram para catequizar os indígenas, que tinham especial predileção pela música. A viola também era empregada em festas religiosas populares, como procissões, Folia de Rei, festas do padroeiro, rezas do rosário, etc. Daí surgiu o modo anasalado de cantar, onde a letra tem mais importância que a melodia e o canto mais parece um lamento. As modas de viola eram um costume do Brasil rural, quando as tropas que conduziam o gado paravam nas fazendas. Sempre havia alguém que dedilhava o instrumento, assim como existia aquele que contava “causos” em torno de uma fogueira. Com o passar o tempo, o modelo de música sertaneja encontrada no oeste paulista, norte do Paraná, Minas Gerais, Goiás foi se cristalizando. A dupla caipira cantava uma melodia simples, sem ornamentos, onde existia a voz principal e a segunda voz entoando uma terça abaixo, acompanhada da viola e, posteriormente, do violão. O estilo Sertanejo foi ficando cada vez mais popular e agradando aos povos que moravam por estas áreas na época, até mesmo saindo delas.
Os pioneiros desse estilo musical são:
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Inezita Barroso
Inezita Barroso tinha paixão pelo estilo sertanejo desde criança, com apenas sete anos de idade já tocava viola e violão. Vinda de uma família rica, a cantora se tornou um dos nomes mais reverenciados da música sertaneja de raiz, aliás, ela é a artista mais antiga do estilo caipira. Na sua extensa lista de sucessos não poderíamos deixar de fora a engraçada “Marvada Pinga”. Outro grande sucesso é a moda “Barbaridade”
Tião Carreiro e Pardinho
Essa dupla é reconhecida por muitos como a maior dupla do sertanejo raiz de todos os tempos. Tião tem o status de “Pelé dos violeiros” por seu domínio impecável do instrumento. A dupla teve início em 1954, quando Tião conheceu o então Zé Mineiro, que viria a se chamar Pardinho, no circo Rapa Rapa.
Uma das canções mais marcantes da carreira da dupla é “Rei do Gado” que recebeu uma interpretação icônica. Os dois ainda têm em seu histórico de sucessos músicas como “Rio de Lágrimas” e “Pagode em Brasília”.
Milionário e José Rico
Com esse nome, a dupla só podia dar certo, não é mesmo? Os dois cantores de sertanejo tinham o desejo de formar uma dupla, contudo, não tinham encontrado o parceiro ideal, isso até que se conheceram no fim dos anos 1960. Logo, as “gargantas de ouro do Brasil” – como ficaram conhecidos – resolveram cantar juntos.
Romeu mudou seu nome para Milionário para combinar com o apelido José Rico do parceiro, José Alves. O maior sucesso, dentre a lista extensa de canções premiadas, é a canção “Estrada da Vida”, que se tornou um filme em que os cantores interpretaram a si mesmos. A produção foi distribuída para muitos países e chamou a atenção da China de tal forma que o governo convidou a dupla para se apresentar por lá em 1985.
Tonico e Tinoco
Uma das duplas de música sertaneja raiz de maior expressividade nacional, vendeu mais de 150 milhões de discos e realizou mais de 40 mil apresentações por todo o Brasil. No decorrer da carreira, Tonico e Tinoco gravaram mais de mil canções e lançaram mais de 60 discos.
Os artistas entraram para a lista de maiores recordistas de venda de discos do mundo. Os irmãos aprenderam a amar a música assistindo aos avós Izabel e Olegário cantar para os moradores da colônia em que moravam. Uma das canções mais lembradas da dupla é “Tristeza do Jeca”.
Trio Parada Dura
O sucesso desse trio de cantores sertanejos é incontestável, desde 1973 que as canções com letras marcantes deles embalam os amantes da música sertaneja raiz. O trio era formado originalmente por Creone, Xonadão e Barrerito, contudo, um acidente de avião em 1982 fez com que o último saísse do grupo, pois ficou paralítico, dando lugar ao seu irmão Parrerito.
Dentre os grandes sucessos do trio estão canções como “As Andorinhas” e “Telefone Mudo”. No decorrer da sua carreira, os artistas foram agraciados com discos de ouro, platina e diamante. Artistas que até hoje são referência da música sertaneja.
Zé Mulato & Cassiano
Os irmãos que se tornaram conhecidos como Zé Mulato & Cassiano nasceram em Passabém, Minas Gerais e se mudaram para Brasília em 1969 em busca do sonho de se tornarem cantores sertanejos. Gravaram o primeiro álbum somente em 1978, no entanto, se mantiveram persistindo. Em 1998, a dupla ganhou o importante Prêmio Sharp na categoria Melhor Dupla Regional por seu trabalho em “Meu Céu”.
Irmãs Galvão
As irmãs Mary e Marilene Galvão demonstravam grande talento e interesse pela música sertaneja raiz desde pequenas. Os pais incentivavam as filhas, que começaram a se apresentar cedo, a dupla foi formada em 1947.
Além de cantar, Mary é sanfoneira e Marilene é violeira, além de tocar violão. Para se ter uma ideia, as duas têm mais de 300 músicas gravadas, tendo alcançado sucesso com muitas delas. O grande sucesso da sua carreira foi “Beijinho Doce”. Outra música de grande expressão é “O Que Tem a Rosa”.
Sérgio Reis
Quando Sérgio Reis despontou para o sucesso, junto com os artistas da Jovem Guarda na década de 1960, podia ser difícil imaginar sua trajetória de sucesso pelo caminho da música sertaneja raiz. Contudo, em 1967, com a canção “Coração de Papel”, o cantor começou a demonstrar que tinha uma inclinação para esse estilo. No ano de 1972, ele lançou o primeiro disco de música sertaneja, em que estava a canção “Menino da Gaita”.
Em seguida, Sérgio Reis emplacou outros sucessos, como “Menino da Porteira”, “Pinga ni mim”, “Adeus Mariana”, entre outras canções. Além de cantor, Sérgio demonstrou excelente desenvoltura como ator em novelas que retratavam a vida sertaneja, como “Pantanal” e “A História de Ana Raio e Zé Trovão”, ambas da rede Manchete, e “O Rei do Gado”, da Rede Globo.
Almir Sater
Um artista diferenciado que agrega experimentalismo ao seu exímio domínio da viola caipira. Gravou seu primeiro álbum, intitulado “Estradeiro”, em 1981 e, ao lado de Sérgio Reis, atuou em novelas clássicas como “Pantanal” e “O Rei do Gado”.
Uma das canções mais marcantes e consideradas atemporais de Sater é “Tocando em Frente”, uma composição que nasceu despretensiosamente e até hoje faz parte da trilha sonora até de quem não gosta de sertanejo.
Saiba tudo sobre a origem do Sertanejo Raiz
Você já se perguntou como surgiu a música sertaneja? até ela se tornar o que é hoje em dia, o estilo passou por diversas mudanças. O sertanejo, em si, tem sua origem nas modas de viola, quando as pessoas se reuniam em roda para contar histórias – os chamados “causos” – comer e beber. A viola é um instrumento de cordas que chegou à América Portuguesa com os primeiros colonizadores. Os jesuítas o utilizaram para catequizar os indígenas, que tinham especial predileção pela música. A viola também era empregada em festas religiosas populares, como procissões, Folia de Rei, festas do padroeiro, rezas do rosário, etc. Daí surgiu o modo anasalado de cantar, onde a letra tem mais importância que a melodia e o canto mais parece um lamento. As modas de viola eram um costume do Brasil rural, quando as tropas que conduziam o gado paravam nas fazendas. Sempre havia alguém que dedilhava o instrumento, assim como existia aquele que contava “causos” em torno de uma fogueira. Com o passar o tempo, o modelo de música sertaneja encontrada no oeste paulista, norte do Paraná, Minas Gerais, Goiás foi se cristalizando. A dupla caipira cantava uma melodia simples, sem ornamentos, onde existia a voz principal e a segunda voz entoando uma terça abaixo, acompanhada da viola e, posteriormente, do violão.
A diferença entre Sertanejo Raiz e Sertanejo Universitário
Para muitos estudiosos o sertanejo raiz pertence a algo maior. A música sertaneja é a música do sertão brasileiro, de todo sertão brasileiro. Deste modo, cada região vai desenvolver seu próprio estilo. No Centro-Oeste verificamos que a música sertaneja sofre influência de danças como o siriri ou o catira (ou cateretê). Já no Nordeste, elementos da cultura árabe, o baião e o “xaxado” darão a cor para a melodia e os ritmos sertanejos.
A dupla Zé Mulato e Cassiano é uma das mais antigas em atividade no Brasil A música caipira retrata o Brasil rural através do canto e do acompanhamento da viola. Mais tarde, seriam incorporados o violão e a sanfona. Foi Cornélio Pires, compositor e empresário de Tietê (SP), que apostou pelo sucesso comercial deste gênero musical. Por sua iniciativa, em 1929, foi realizada a primeira gravação do tema “Jorginho do Sertão”, de sua autoria, registrada pela dupla Mariano & Caçula. Com o advento do rádio, o som caipira se expandiu pelo Brasil e chegou até à cidade grande, especialmente no Rio de Janeiro. Igualmente, à medida que o país se industrializava e o êxodo rural ocorria, a música caipira se espalhou por todo território brasileiro. É preciso lembrar que o termo “caipira” era visto como algo negativo nos anos 20 e 30 e por conta disso, hoje substituímos pelo termo “raiz”. Com as ideias de industrialização, o caipira representava o ambiente rural que a República queria superar. Desta forma, o modo de falar e os costumes do caipira foram criticados na imprensa e na literatura através de personagens como o Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, por exemplo.
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A transição entre os estilos
Chitãozinho e Chororó misturaram a linguagem da música pop com a música caipira para escapar do preconceito, a música caipira foi denominada música sertaneja e agregou novos instrumentos e temas ao seu repertório. Nos anos 70, duplas como Milionário & José Rico incorporaram o jeito de cantar e instrumentação oriunda da música “ranchera mexicana”. Por sua parte, nos anos 80, foram acrescentados os sintetizadores, as viradas de bateria, e melodias pop. Podemos citar Leandro & Leonardo, Zezé di Camargo & Luciano, Roberta Miranda, João Paulo & Daniel, entre muitos outros, como representantes desta vertente. A música sertaneja, desta época, foi usada em trilhas sonoras de novelas e começou a aparecer no horário nobre da televisão.
O início do Sertanejo Universitário se concretizou quando artistas como Michel Teló conseguiram levar o sertanejo para todo o mundo e todas as idades. O sertanejo universitário seria a música sertaneja adaptada ao século XXI e herdeiro direto das mudanças produzidas neste gênero nos anos 80. Por sua vez, o sertanejo universitário dispensa as duplas e pode ser cantada apenas por uma pessoa. Incluiu as batidas e a estética do country americano, bem como temáticas românticas e urbanas. Destacam-se também o surgimento de duplas e bandas femininas. Outra característica importante é que o sertanejo universitário é feito com o propósito exclusivo de fazer as pessoas dançarem. Por sua parte, música caipira guarda as duas vertentes: dançar e escutar a letra. Desta maneira, para diferenciar o sertanejo do sertanejo universitário, utiliza-se o termo “música sertaneja de raiz” para designar o gênero praticado até o final do século XX.
Com o surgimento do sertanejo universitário houve necessidade de diferenciá-lo daquela música praticada no começo do século XX. Por isso, de maneira geral, denomina-se as canções compostas naquela época de “sertanejo de raiz”.
Os dez “modões” mais populares do Sertanejo Raiz:
- Pagode em Brasília – Teddy Vieira e Lourival dos Santos
- Estrada da Vida – José Rico
- Jorginho do Sertão – Cornélio Pires
- Menino da Porteira – Teddy Vieira
- Chico Mineiro, Tonico – Francisco Ribeiro
- Tristeza do Jeca – Angelino de Oliveira
- Luar do Sertão – Luiz Gonzaga
- Chitãozinho e Xororó – Serrinha
- Romaria – Renato Teixeira
- Telefone Mudo – Trio Parada Dura
A canção de Sertanejo Raiz que obteve mais sucesso na época em que foi lançada e até hoje continua sendo bastante comentada é “Tristeza do Jeca”, de Angelino de Oliveira. Entretanto, a canção sertaneja caipira mais conhecida e cantada por todas as imagens se dá pela volta da transição do “modão” para o que se ouve hoje. No caso, a música seria “Evidências”, de Chitãozinho e Xororó.