O DJ Rennan da Penha declarou “no Brasil, negro morto é só estatística”, ao falar sobre George Floyd e João Pedro, assassinados por policiais brancos. Na última semana Floyd foi morto asfixiado, a morte revoltou milhares de pessoas pelo mundo e principalmente nos EUA onde está acontecendo diversos protestos.
Em entrevista ao Estadão, o DJ falou de sua experiência na infância, ao presenciar diversas cenas de violência policial na infância e lamentou o fato das pessoas não reagirem às mortes de crianças como João Pedro e Agatha Félix, ambas assassinadas por policiais no Rio de Janeiro.
Carregando...
Não foi possível carregar anúncio
VEJA TAMBÉM: Katy Perry diz que filha mostrou dedo do meio em ultrassom: “Essa é a minha garota”
“É triste porque eu cresci vendo isso. Assistindo a tiroteios… Já vi bala acertar minha escola. Acontecia o tiroteio e eu achava normal. O nosso País não muda. Várias pessoas sofrem com isso diariamente e não acontece nada? Aqui, um negro morto pela polícia é só estatística. Aconteceu com o João Pedro, aconteceu com a menina Agatha.”
Ele continuou: “Uma criança não substitui a outra, entendeu? As pessoas estão deixando de lado o que realmente tá acontecendo nas comunidades. No caso dos Estados Unidos, eu prefiro nem ficar vendo porque me faz muito mal. A vida de um negro é tão insignificante a ponto do cara dizer que não estava respirando e o policial continuar colocando todo peso no pescoço dele?”.
Rennan já foi preso duas vezes ao longo da carreira, em 2016 e 2019, sob a acusação de “associação ao tráfico de drogas e produção de músicas com apologia ao uso”. Hoje, ele agradece ao apoio dos artistas que o defenderam nas redes sociais e deram visibilidade para o caso.
“Fiquei feliz pelas pessoas que me apoiaram e eu nem sabia que me conheciam. Até queria aproveitar e agradecer a Leandra Leal, a Paula Lavigne, o Emicida. O posicionamento desses artistas me ajudou muito. Nos sete meses que eu fiquei lá também soube dar valor ao meu trabalho, minha família.”
O criador do Baile da Gaiola, também falou sobre a covid-19 nas comunidades. Para o artista, a situação mostra mais uma vez a desigualdade social, onde geralmente pessoas da favela que não conseguem ficar parados em casa e precisam sair para trabalhar.
“Eu ainda tenho família lá. Está diferente, não tem mais o fluxo que costumava ter, está todo mundo de máscara, mas muita gente ainda tem que continuar saindo pra trabalhar, fazer suas coisas. Pô, eu acho que esse isolamento social não é pra todo mundo, entendeu? Não tem como as pessoas deixarem de ter contato com outras porque às vezes elas não têm opção, realmente precisam”.
Rennan da Penha se prepara para o lançamento de seu primeiro DVD da carreira, que se chamará Segue o Baile, e será lançado no dia 12 de junho.