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Semana do Grammy Latino, Emidoinã o filme contado pela visão de seu codiretor Luciano Lagares

Emidoinã - Alma de Fogo

Publicado em 17/11/2021
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Em 2020, o multiartista André Abujamra criou Emidoinã – Alma de Fogo, como sequência de seu projeto de lançamento de quatro álbuns, onde cada um dialoga com um elemento da natureza (Água, Fogo, Ar e Terra), iniciado com Omindá – a união das almas do mundo pelas águas (2018) – também disponível em versão audiovisual. Inicialmente pensado como um álbum  indicado ao Grammy Latino 2021como Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa , transformou-se num projeto audiovisual, em parceria com o estúdio Openthedoor e codireção de Luciano Lagares e André Abujamra, que pode ser assistido nas plataformas Apple TVNowLookeGoogle Play e Vivo Play – aqui, o trailer.

O processo teve início em setembro de 2019, quando a Openthedoor estava produzindo um curta-metragem em live action de ficção científica e precisava de uma boa trilha sonora. Aí entra André Abujamra, que foi levado à Openthedoor por seu produtor, Aguinaldo Rocca, chamado para produzir a trilha. Ao ver o filme, Abujamra topou a empreitada, propondo uma troca: a Openthedoor produziria uma animação para fazer parte do show de Emidoinã

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“No primeiro momento, eu ouvia a música e acabava confuso. É muito sadio e produtivo ter um norte no processo criativo, mas a música me guiava pra diferentes lados ao mesmo tempo”, diz Lagares. Para inspirá-lo, Abujamra o convidou para ver o show de Omindá. “Depois do show, eu corri pra onde o Abu estava e disse, cara, agora eu compreendi”.

André Abujmara finalizou a trilha do filme de Luciano, que entregou a animação de Emidoinã – até então, um clipe de 4 minutos. Então veio a pandemia, o que impossibilitou a turnê, e surgiu a ideia de fazer animação para as outras 8 músicas, que se tornaram 12 ao final do processo.

“No processo, eu ouvia as músicas, fazia um storyboard bem rascunhado, rabiscava umas ideias e mostrava pro Abu. Se alguém ouvisse a gente conversando iria achar que era uma conversa entre alienígenas. As músicas do André já são malucas, no bom sentido. As imagens e cenas não poderiam ser convencionais”, conta o diretor.

Para a primeira música, Matar o que não morre, as imagens criadas eram mais literais. Para as outras faixas, o diretor desafiou sua equipe para que trouxesse novas ideias, em desenho, ilustração, arte, recorte. Os personagens foram criados a partir das características dos artistas convidados: Criolo, Russo Passapusso, BNegão, Chico César, Camila Pitanga, Júlia Lemmertz, Fernanda Takai, Giuliana Maria, Zélia Duncan, Marisa Brito, Virginie, Pedro Luís, os portugueses Maria de Medeiros e António Capelo.  Por fim, Abujamra compôs uma música que seria o fechamento de tudo, que prometia esperança e paz, e convidou Rodrigo Santoro para participar como o profeta. “Foi um dos grandes desafios porque já estávamos no final da entrega e uma demanda com o nome do Santoro mudou tudo. Tivemos que reembarcar na produção de um outro modo, até então com um visual tenso e dramático. E dessa vez tivemos feedback do próprio Santoro. Enfim, deu tudo certo e agora vem o lançamento dessa obra incrível”, conta Lagares.

O filme traduz a visão de André na criação de Emidoinã, que fala de renovação, algo que geralmente acontece após turbulências. “Minha falecida avó (e acho que muitas outras avós) costumavam dizer que ‘depois da tempestade vem a bonança’. Não era uma expressão vaga. E é por isso que tínhamos que falar do tipo de fogo que Emidoinã não é. O fogo que vem da ambição, do descaso, da falta de identificação com a própria terra. O fogo em si é nobre, é um elemento que transforma. Ele surge, se alimenta e se dissipa. Mas ele foi e está sendo utilizado com intenções de dizimar áreas de floresta e regiões virgens. Emidoinã não aborda esse tipo de fogo ateado por interesse. Fala de uma mudança geral, física e de pensamento. A mensagem quer mostrar que nada é imediato e nem definitivo”, afirma Lagares, que conclui: “O período de desenvolvimento da humanidade não terminou, está no meio. Estamos ainda em percurso e muita gente acredita que tudo que existe é para ser usufruído, como se estivesse num supermercado. A consequência do consumo desenfreado, da ambição sem limites e da exploração de tudo que nos rodeia traz consequências. É quando a natureza exige uma transformação. Emidoinã não espera por essa manifestação da natureza de forma passiva. Ele envia Iskandar (André Abujamra) em busca de algo que dê à humanidade uma chance de sobreviver. Uma virtude que resista à transformação, pois o restante será tornado em cinzas. Iskandar enfrenta lava, deuses, demônios, guerras e a solidão para encontrar o amor, considerado por ele ‘aquilo que não morre’.”

Referências e influências

A Openthedoor traz muitas referências de ilustração em seus trabalhos, tanto os autorais quanto os comerciais. Alguns nomes, no entanto, marcaram e definiram o caminho da produtora e de seu CEO e diretor Luciano Lagares: o filme Planeta Fantástico, de 1973, a National Film Board do CanadáAkira e outras várias produções japonesas nas décadas de 1990-2000, Winsor McCay, o estúdio Ghibli, as animações russas da década de 1970, os curtas exibidos no Anima Mundi, a Pixar. Na música, cada um colocava suas músicas favoritas para todos ouvirem. Luciano, particularmente, gosta de música clássica, entre outros estilos  “queria entender mesmo tudo o que acontecia numa orquestra, ou até num trio ou quarteto, pra ter uma música como aquela”, explica. O envolvimento e a curiosidade, tanto na música quanto na animação, certamente foram decisivos para a realização de Emidoinã e também para dar uma linguagem diferente para o projeto: “Não sei se foi a linguagem certa ou errada, mas foi a que sabíamos comunicar e a que pudemos transmitir a mesma emoção que sentimos ao ouvir as músicas do Abu pela primeira vez”.

Um país onde a história é conturbada e algumas vezes violenta não impediu que gerasse pessoas criativas, bem-humoradas, esperançosas, que querem se divertir e trabalhar. Uma população cercada de culturas misturadas – pretos, indígenas, europeus, árabes, orientais – se reflete na música, na comida, no comportamento, na língua. “E o habitat desse povo magnífico é uma terra invejável, com florestas, cerrados, rios, lagos, montanhas, etc. Vou parecer um alucinado falando, mas coloca tudo isso num projeto audacioso para ver o que sai. Os criativos brasileiros concorrem com os outros do restante do mundo, e todos competentes. Nossa melhor parte é ser brasileiro, o que significa estar inserido na cultura do país, e não ser apenas aquele que nasceu no Brasil. O resto se aprende com dedicação”.

Openthedoorprodutora de audiovisual especializada em ilustração e animação e considerada uma das mais importantes no mercado da publicidade, atua também na criação, desenvolvimento e produção de conteúdos originais para filmes de longa-metragem, séries, curtas, branded content, dedicando-se a estabelecer uma poderosa voz para contar histórias relevantes.

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