Após deixar a Rede Globo, Walter Casagrande concedeu uma entrevista para o UOL, e explicou alguns dos motivos que o levou a deixar a emissora, depois de 25 anos de serviços prestados. Na quarta-feira (6), quando foi anunciada a sua saída, ele havia dito que era um “alívio para os dois lados”.
Citando a influência das redes sociais no trabalho que a Globo queria apresentar, o ex-jogador de futebol fez queixas sobre o formato em que as coisas são feitas hoje em dia. “As coisas mudam, as emissoras ficam pautadas no que acontecem nas redes sociais. [Elas] estão muito preocupadas com seguidores, e isso não faz parte do meu perfil, gosto de me posicionar sobre as polêmicas envolvendo o esporte, racismo, homofobia, estupro. Esses assuntos se perderam para assuntos banais”, refletiu.
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Casão, como era conhecido pelos telespectadores do canal, ainda falou que não é apenas na Globo que isso acontece, e que sente falta de um maior posicionamento de atletas. “Não só a Globo, o mundo se perdeu. Comecei a dar minhas visões, mas não tinha mais eco lá dentro, o eco era fora só. Externamente se falava muito. No final, criou um afastamento. As pessoas não são obrigadas a se posicionar, mas isso é uma coisa minha. Me senti deslocado, isolado”, contou Casagrande.
Casagrande fala contra Bolsonaro no “Encontro”
Semanas antes de deixar a Globo, Walter Casagrande detonou o governo do presidente Jair Bolsonaro, no programa Encontro, quando ainda era apresentado por Fátima Bernardes. Quando foi convidado a falar sobre a morte do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira na Amazônia, ele não se segurou e desabafou sobre os crimes. “Nós temos um governo covarde, mentiroso, perverso e muito cruel. A crueldade está tendo aval. As pessoas não estão mais com medo de serem cruéis. Elas não têm medo de ofender, de serem racistas, homofóbicas, preconceituosas. Está tudo assinado, e com aval. E isso tudo machuca a gente”.
Ainda durante a atração, ele fez um discurso forte sobre o momento em que o Brasil atravessa, e que se sente em um filme de horror. “O povo brasileiro não é assim. Somos alegres, amigos, acolhemos todas as pessoas. Quando tem Carnaval, final de ano, vem muito turista para cá. São todos acolhidos. Assusta esse momento. Não é nossa cara. Eu acho que é muito importante não ficar calado, sentado no camarote, assistindo a um filme de terror. Nós estamos participando [dessa história], somos figurantes, temos que falar que não estamos gostando. Dizer: eu quero mudar para filme de romance, de amor”, discursou sob aplausos da plateia.