Elza Soares foi às redes sociais criticar polêmica foto de Donata Meirelles, diretora da Vogue Brasil. A comunicadora comemorou sua festa de aniversário no Palácio da Aclimação, em Salvador com um clique intrigante. Ela posou no estilo rainha numa poltrona, cercada por modelos negras.
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“Gente, sou negra e celebro com orgulho a minha raça desde quando não era ‘elegante’ ser negro neste país. Quando preto não usava o elevador dos ‘patrões’. Quando pretos motorneiros dos bondes eram substituídos por brancos em festividades. Eventos com a presença de autoridades de pele branca”, iniciou Elza a mensagem.
A cantora seguiu discurso relembrando as lutas que a população negra enfrentou no Brasil. “Jogadores de um clube carioca passavam pó de arroz no rosto para entrarem em campo, já que não ‘pegava bem’ ter a pele escura. Garçons de um famoso hotel carioca não atendiam pretos no restaurante. Éramos invisíveis. Celebro minha raça desde o tempo em que gravadoras não davam coquetel de lançamento para os ‘discos dos pretos’”, lembrou.
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“Celebro minha origem ancestral desde que “música de preto” era definição de estilo musical. Sou bisneta de escrava, neta de escrava forra e minha mãe conhecia na fonte as histórias sobre o flagelo do povo negro. Protesto pelos direitos da minha raça desde que preta não entrava na sala das sinhás. Gente, essas feridas todas eu carreguei na alma e trago as cicatrizes. A maioria do povo negro brasileiro. Feridas que não se curaram e são cutucadas para mantê-las abertas demonstrando que “lugar de preto é nessa Senzala moderna”, disse Soares.
Voz de Elza Soares
Em seguida, a estrela destacou revolta com clique da direta da renomada revista de moda. “Hoje li sobre mais uma “cutucada” na ferida aberta do Brasil Colônia. Não faço juízo de valor sobre quem errou ou se teve intenção de errar. Faço um alerta! Quer ser elegante? Pense no quanto pode machucar o próximo, sua memória. Ao escolher um tema para “enfeitar” um momento feliz da vida. Felicidade às custas do constrangimento do próximo, seja ele de qual raça for, não é felicidade, é dor. O limite é tênue. Elegância é ponderar, por mais inocente que sua ação pareça. A carne mais barata do mercado FOI a carne negra e agora NÃO é mais. Gritaremos isso pra quem não compreendeu ainda. Escravizar, nem de brincadeira! Seguimos na luta!”, exclamou a cantora.
O outro lado
Donata Meirelles se defendeu das acusações de que teria sido preconceituosa. “Comemorei meus 50 anos em Salvador, cidade de meu marido e que tanto amo. Não era uma festa temática. Como era sexta-feira e a festa foi na Bahia, muitos convidados e o receptivo estavam de branco, como reza a tradição. Mas vale também esclarecer: nas fotos publicadas, a cadeira não era uma cadeira de Sinhá, e sim de candomblé, e as roupas não eram de mucama, mas trajes de baiana de festa. Ainda assim, se causamos uma impressão diferente dessa, peço desculpas”, disse.
“Respeito a Bahia, sua cultura e suas tradições, assim como as baianas, que são Patrimônio Imaterial desta terra que também considero minha e que recebem com tanto carinho os visitantes no aeroporto, nas ruas e nas festas. Mas, como dizia Juscelino, com erro não há compromisso e, como diz o samba, perdão foi feito para pedir”, concluiu Donata.
A festa dada pela Donata Meirelles (diretora da Vogue Brasil) é a prova viva que racismo no Brasil não é mimimi. Quanto tempo vai levar até as pessoas entenderem isso? pic.twitter.com/nT4iP0THMV
— b e a ☀ (@fucklausmex) 9 de fevereiro de 2019